
A importância da capacitação
Mercada da construção civil vive um bom momento, mas faltam profissionais capacitados e com experiência na área para suprir a alta demanda
O mercado da construção civil de Ribeirão Preto vive um bom momento, tanto em termos de expansão quanto de aprimoramento. O setor se tornou ainda mais ativo com o fortalecimento da economia aliado às facilidades de financiamento habitacional como, por exemplo, o programa Minha Casa Minha Vida. Além disso, incorporou em seus lançamentos propostas e conceitos inovadores, assim como tecnologias construtivas super modernas.
Porém, se por um lado há disponibilidade de recursos e de público, do outro faltam profissionais capacitados e com experiência na área para suprir a alta demanda. Essa realidade preocupa as empresas do ramo, já que a qualidade da mão de obra é um dos fatores determinantes para o sucesso de qualquer projeto. O problema não está restrito ao município. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, 89% das empresas de construção pesada sofrem com a falta de profissionais aptos para desenvolver as funções exigidas.
O engenheiro civil Eduardo Nogueira, que atualmente concilia a função de empresário, à frente da Stéfani Nogueira Incorporação e Construção, e de diretor da regional do SindusCon-SP em Ribeirão Preto, acompanha de perto esse cenário. Atuando há 35 anos no setor, o diretor confirma a necessidade de trabalhadores especializados. “Existe sim uma demanda forte por bons profissionais. O desempenho de alto nível é fundamental para garantir a excelência do produto. A execução perfeita de cada detalhe faz com que o conjunto se sobressaia e esse diferencial posiciona a empresa de forma positiva no mercado. O público está bem informado, sabe o que é bom e exige essa qualidade na hora de comprar”, afirma Eduardo.
Para solucionar a escassez, o SindusCon oferece diversos cursos. Através de importantes parcerias com instituições, como o Senai, e com a Prefeitura de Ribeirão Preto, foi montada uma ampla estrutura para capacitar os trabalhadores. As aulas dispõem de conteúdo bem elaborado, ministrado em aulas teóricas e práticas. A carga horária varia de acordo com o módulo escolhido. Pode ser de 16 horas, no caso de operador de elevador de carga, ou de 650 horas, ou seja, um ano e dois meses, no caso de mestre de obras.
O interesse tem sido grande. Para se ter uma ideia, em 2011, foram formados cerca de 2.100 alunos. Há, ainda, outras opções de formação, como pintor, eletricista, encanador, pedreiro assentador, pedreiro revestidor e montador de ferragens, sendo que todos esses também podem ser realizados no sistema “in company”, ou seja, a construtora formata o curso de acordo com as suas necessidades e as de seus funcionários.
A profissionalização reflete no número de contratações do mercado. A construção civil foi um dos setores que mais cresceu em geração de empregos formais, com carteira assinada, em Ribeirão Preto e região. Segundo uma pesquisa realizada pelo SindusCon abrangendo o município e outras 91 cidades, em setembro de 2011, o número de contratados chegou a 53.430. Só para comparar, em setembro de 2008, esse número era de 39.689. O aumento da empregabilidade já é contínuo há nove meses e, segundo especialistas, deve continuar assim.
O engenheiro destaca que, mesmo depois do conhecimento adquirido, é preciso se reciclar constantemente. “Atuamos em um mercado extremamente dinâmico. A cada momento, novidades são lançadas para refinar as técnicas e os métodos construtivos. Precisamos nos manter sempre atentos para acompanhar essa evolução de perto. Caso contrário, ficamos obsoletos”, explica. Ainda segundo Eduardo, a reciclagem constante se tornou simplesmente essencial e é atrativa tanto para as empresas quanto para os próprios trabalhadores que desenvolvem seu lado pessoal enquanto lapidam o profissional. “São operadores de elevadores de cargas, encarregados, mestres de obras, pedreiros, assentadores de pisos, pintores que, formados, trazem ganhos para as construtoras em termos de qualidade de mão de obra. O conhecimento e a força de vontade são motivos de reconhecimento, valorizando as remunerações e contribuindo para uma melhora significativa na qualidade de vida do colaborador”, finaliza.
Estudos também contam
Não é só o aperfeiçoamento dos métodos e das técnicas que contribuem para o melhor desempenho dos colaboradores. O investimento em educação também é fundamental. O pedreiro Osvaldo Celestino trabalha há 20 anos na área. Quando ingressou, como servente, teve que aprender o ofício aos poucos, na prática do dia a dia e de acordo com as necessidades. Porém, as limitações escolares se tornaram um obstáculo difícil de ser transposto. Por isso, Osvaldo fará, este ano, um curso de elevação escolar. “Tenho certeza de que vai ser muito bom para mim. Ter esse conhecimento geral vai me ajudar a entender melhor os projetos e, assim, vou crescer profissionalmente. Estou animado. Sei que ainda tenho muito o que aprender”, declara Osvaldo.
Texto: Paula Zuliani
Fotos: Carolina Alves, arquivo e divulgação