A importância do cuidado
Saiba mais sobre a prevenção ao câncer de próstata, doença que matou mais de 15 mil homens no Brasil em 2018
Texto: Marina Parada
No mês de novembro começa a campanha de prevenção ao câncer de próstata. O assunto traz consigo um leque de conhecimentos e informações que podem salvar vidas. De exames preventivos a diagnósticos elaborados e modernos, o começo de tudo é a percepção de que algo não vai bem. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, ou seja, em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo mais comum.
A próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. Ela é um órgão pequeno, tem a forma de uma maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto, parte final do intestino grosso. A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. É ali, também, que é produzido o sêmen.
Fatores importantes e que podem aumentar o risco de câncer de próstata são a idade — uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos —, casos na família, como pai e irmãos, hábitos alimentares, estilo de vida de risco e excesso de gordura corporal são fatores decisivos e que necessitam de atenção quando o assunto é saúde.
Luz no fim do túnel
Segundo Tenence Duarte, doutora em Fisiologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e pós-doutora em Neurociência e Genética pela Universidade da Rockefeller, é possível identificar o câncer no início. “Os testes oncogenéticos analisam o DNA do paciente e são capazes de detectar mutações e estimar o risco de desenvolvimento da doença”, explica.
Há exames preventivos e de diagnósticos que podem salvar e prolongar a vida de homens que querem fazer um acompanhamento periódico e de checagem. “Os exames tradicionais para diagnosticar a maioria dos cânceres de próstata são: o exame de toque retal, o antígeno prostático específico (PSA), assim como a biópsia da próstata, que só é indicada após a realização dos dois exames citados anteriormente”, pontua a médica.
Tenence também explica sobre exames imunológicos que usam uma tecnologia avançada e menos agressiva ao paciente que busca o diagnóstico. “Em relação aos exames imunológicos, que baseiam-se nas reações antígeno-anticorpo detectáveis através de reações enzimáticas, há o exame chamado Índice de Saúde da Próstata (PHI), que foi recentemente instituído no Brasil com a intenção de evitar biópsias desnecessárias, muitas vezes realizadas pelos falsos-positivos apresentados pelo exame do PSA. Assim, o teste do PHI oferece maior segurança, pois evita que o paciente utilize uma opção mais invasiva ou agressiva”, conta Tenence Duarte.
Durante a pandemia do novo coronavírus, as novas tecnologias e os modos de fazer medicina têm mostrado força e eficácia, trazendo esperança e felicidade. “Em meio ao caos provocado pelo novo coronavírus, responsável por mais de 300 mil mortes no mundo até agora, a Medicina 4Ps (preditiva, preventiva, proativa e personalizada) mostra sua força e abre possibilidades jamais vistas. O amplo conhecimento sobre sequenciamentos completos de genomas permitiu o rápido sequenciamento do genoma do Covid-19, gerando estudos científicos que poderão desencadear novos medicamentos e vacinas”, conclui a médica.
Avanço Tecnológico
As novas tecnologias trouxeram novos ares, também, às operações cirúrgicas. O robô Da Vinci XI, controlado por um médico especialista, possibilita uma operação sem cortes, não invasiva e que permite o paciente se recuperar mais rápido e não sentir quase ou nenhuma dor. A primeira cirurgia do Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto foi em um paciente com câncer de próstata. “A vantagem dessa tecnologia é a visualização melhor do campo cirúrgico e proporcionando movimentos finos, levando à dissecção mais precisa. O pós-operatório imediato é muito recompensador, em geral os pacientes sentem pouca dor, alimentam-se já no dia da cirurgia, e recebem alta no dia após o procedimento”, explica o professor doutor Rodolfo Borges dos Reis.
As vantagens do procedimento são muitas e as mãos habilidosas de um médico são a essência e o funcionamento do robô. “A cirurgia ainda é feita pelas mãos de um médico, muito importante ressaltar. O robô é simplesmente uma ferramenta, como um bisturi afiado ou uma pinça que se usa para fazer a cirurgia. Importante que, com o auxílio desse instrumento, há menos sangramento e, principalmente , maior precisão não só oncológica, mas também na previsão funcional no que tange à preservação do músculo que segura a urina (esfíncter) e os nervos responsáveis pela ereção peniana (otimização do resultado funcional)”, explica o médico urologista do grupo Hospital São Lucas, Dr. Tiago Borelli Bovo. “Há maior índice de cura com menor necessidade de terapias complementares como a radioterapia, por exemplo”, acrescenta.
Os tipos de tratamento, segundo o Inca, para doença localizada são a cirurgia e a radioterapia. Já para a doença localmente avançada, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal. Para doença metastática (quando o tumor já se espalhou para outras partes do corpo), o tratamento mais indicado é a terapia hormonal. Porém, durante a pandemia do novo coronavírus, a rotina das clínicas mudou. Os pacientes continuaram com seus tratamentos e cuidados, já que eram os mesmos recomendados hoje pelas organizações em relação à Covid-19, mas muitos têm medo de se infectar e por isso pararam de fazer exames e tratamentos. Contudo, protocolos rígidos são seguidos nas clínicas de tratamento para melhor atender os pacientes.
