Ao alcance de todos
Escritor expõe livros na Praça Sete de Setembro e aproxima população da literatura
Se “tudo está ao alcance das mãos do homem”, como escreveu Fiódor Dostoiévski, com a literatura não é diferente. Em Ribeirão Preto, o escritor Perce Polegatto contribui incansavelmente para tornar isso realidade. Há aproximadamente um ano, ele expõe seus romances todos os sábados e domingos na Praça Sete de Setembro, aproximando a população de seus versos e da leitura. A ideia começou com a participação de Polegatto em feiras de livros de Ribeirão e região. “Pensei em uma maneira de continuar essa atividade, independente dos calendários desses eventos. É uma espécie de extensão do que faço nas feiras: um ponto em que posso expor e vender meus livros. Claro que não é a mesma coisa, o público das feiras é mais específico. De qualquer forma, tanto na praça como nas feiras, interagimos com pessoas bem diversificadas”, explica o autor, que é natural de Ribeirão Preto e escolheu a praça por ser um ponto com bastante fluxo de pessoas.
Nos bancos da praça, ele expõe suas obras como um artista que expõe seus desenhos ou alguém que toca um instrumento e expõe sua música. “Algumas pessoas se surpreendem, porque não é comum ver alguém expondo livros num banco de praça. Quem se aproxima para conhecer acaba se envolvendo com a conversa e com a temática de alguns livros. A princípio, uns pensam que se trata de propaganda de alguma religião, outros perguntam se são livros espíritas. E quando esclareço que é só literatura parece que ficam mais confusos ainda. É uma experiência bem interessante”, conta. Por conta desse contato e de sua trajetória como escritor, Polegatto percebe que muita gente ainda quer livros de verdade. “Os mesmos textos que compõem meus livros estão disponíveis em meu site (www.percepolegatto.com.br), e eu passo meu cartão com o nome do site. Mas, já aconteceu de alguns retornarem, uma ou duas semanas depois, dizendo que leram algo lá, na tela, e agora querem levar o livro, com o conto ou os contos que conheceram pela internet.”
Para ele o futuro da literatura é a convergência. Isto é, que os livros impressos continuarão convivendo com os objetos digitais. “Mas, sem dúvida, a digitalização dos textos facilita muito o acesso à leitura, eu mesmo me aproveito muito disso”, conta.
JORNADA NA LITERATURA
Polegatto conta que, desde menino, gostava de ler. “Mas não pensava em escrever. Aos 19 anos, comecei um diário íntimo que foi a base de meu primeiro romance, ‘Os últimos dias de agosto’. Trabalhei nele até os 27 anos. Em média, levo de quatro a cinco anos escrevendo um único romance”, diz. Ao mesmo tempo, ele começou a escrever alguns contos, que se tornaram seu primeiro livro publicado, “A canção de pedra”. “Tinha também alguns poemas de adolescente, coisas de coração partido, que, para o bem da humanidade, não existem mais. Nem os poemas nem o coração partido”, conta o romancista que começou na poesia, mas descobriu maior afinidade com a prosa. É autor de cinco romances, cinco volumes de contos e um de poesia. É membro da Casa do Poeta e já figurou entre os melhores em premiações em Portugal e na Sala São Paulo.
Formado em Letras, tem especialização em Estudos Literários, lecionou em três instituições universitárias e em diversas escolas de ensino médio, onde ministrou aulas de Gramática, Literatura, Adaptações literárias e Adaptações históricas para o cinema, Produção de textos e Semiótica. Polegatto também destaca a importância de Ribeirão Preto nessa jornada. “Ribeirão Preto é a minha cidade, onde nasci e onde vivo, e vivo também minhas memórias: tudo que aconteceu de importante em minha vida aconteceu aqui”, diz.
Fã de romances e contos, ele diz que é difícil escolher apenas um autor ou autora preferido, pois admira muitos. Mas, o livro favorito, “Crime e castigo”, de Dostoiévski. “Talvez o maior escritor do mundo”, diz. E para conhecer a prosa de Polegatto, além do site o autor expõe seus romances todos os sábados e domingos nos bancos da Praça Sete de Setembro, das 8h30 até 11h30 –exceto com chuva. Afinal, como ele escreve na obra “Os últimos dias de agosto”, “por toda parte, as coisas continuam acontecendo pela única vez.”