Aretha Franklin

Disco reúne clássicos da canção americana, na voz de Aretha Franklin

Costuma-se dizer que Aretha Franklin poderia cantar lendo uma bula de remédio que aquilo se tornaria uma melodia fantástica para os ouvidos; que tal, então, pegar gravações históricas do seu repertório, no qual ela interpreta clássicos das canções americanas compostas por mestres como Billy Strayhorn, Cole Porter, Irving Berlin, os irmãos Gershwin, Oscar Hammerstein, Johnny Mercer, Jerome Kern e Hank Williams e reunir num cd? “The Great American Songbook” faz isso, trazendo 18 dessas pérolas gravadas por Aretha nos anos 60; de arranjos rústicos a big bands e orquestra de cordas, o disco também traz uma lembrança de como eram sofisticados certos arranjos e como uma voz pode ser emoldurada de tantas formas.

Aretha nasceu na simbólica Memphis, nos anos 40, mas cedo foi para Detroit com os pais. De cantora de igreja, foi parar na mão do produtor John Hammond, que descobriu e gravou nomes como Bessie Smith e Billie Holiday, entre tantos outros. No começo dos anos 60, na gravadora Columbia, período das gravações contidas neste disco, ela era um fenômeno adolescente capaz de interpretar os maiores nomes da música americana e cantar ao lado dos maiores nomes do jazz. Em 1967, sua carreira deu uma grande virada ao mudar para o selo Atlantic, que tinha uma pegada mais moderna, revelando a “soul music” em sua essência e com a produção primorosa de Jerry Wexler. Com uma identificação total com o novo selo, Aretha se tornou a mais brilhante encarnação da soul music de todos os tempos; canções como “Respect”, “Dr. Feelgood”, “Chain of Fools” e “Do Right Woman—Do Right Man” tornaram-se hinos.

Com uma carreira sólida, Aretha enfrentou os modismos dos anos 70 com sua carreira e reputação inabaladas. Nos anos 80, pela terceira vez, foi solicitada por visionário da indústria do disco, Clive Davis, à gravadora Arista. Davis, como era seu costume, trouxe a diva para um rol de produtores mais modernos e a colocou em contato com artistas de outras gerações e estilos, tudo sem descaracterizá-la. Em 1987, foi a primeira mulher a entrar para o “Rock and Roll Hall of Fame”; com os mais diversos prêmios, ela é bem definida por outro gênio, Ray Charles: “Existem cantoras e existe Aretha Franklin; as outras são boas, mas ela é a melhor”.

Em épocas que programas de calouros, com os mais diversos nomes, infestam a mídia, este disco pode ser uma aula contra os maneirismos adquiridos ao longo da história da musica pop, pelos candidatos a estrelas, que tentam imitar as imitações, esquecendo os verdadeiros mestres.

Fonte: Blog do Maia

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