As franquias estão em alta

As franquias estão em alta

O mercado de Ribeirão Preto conta com diversos exemplos de sucesso nessa modalidade de negócio

Não é de hoje que o Brasil é reconhecido pelo seu potencial empreendedor. Diversas pesquisas realizadas na última década comprovam a expansão e o fortalecimento do setor. A franquia, em particular, aparece como uma das modalidades que mais colabora para que o país esteja em uma posição de destaque no ranking mundial. Segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o faturamento alcançado pelas redes em 2003 foi de R$ 29,044 bilhões. Em 2013, passou para R$ 115,582. O número de unidades franqueadas, no mesmo período, foi de 56.564 para 114.409. Ainda de acordo com a entidade, as expectativas para este ano são positivas. O mercado deve crescer de 5,5% a 7%. Já a quantidade de estabelecimentos adeptos desse sistema deve apresentar um aumento de 7,5% a 8,5%.

Para o consultor do Sebrae-SP, Leonardo Molinar, é fácil entender porque tantas pessoas que optam por ter um negócio próprio seguem, naturalmente, esse caminho. A construção de uma marca depende de uma série de fatores e o processo pode demorar longos anos. Em uma franquia, as etapas são um pouco mais rápidas. “A empresa mestre oferece algo já testado, experimentado e consolidado na cabeça dos consumidores, gerando uma importante economia nos gastos com comunicação e marketing. É a oportunidade de se tornar um empreendedor, mas com planejamento de gestão pronto e suporte garantido”, explica Leonardo. Porém, existe um outro lado que deve ser colocado na balança. “A liberdade de ação, o poder de decisão e a criatividade ficam limitados. Há um controle permanente das operações pelo franqueador, o que inclui determinar o preço de venda e restringir o leque de produtos e serviços. O franqueado pode até fazer sugestões, mas é da matriz a prerrogativa da definição”, ressalta o consultor.

Mesmo que haja um convívio próximo, amistoso e civilizado no dia a dia, Leonardo lembra que a relação entre as partes é, essencialmente, jurídica — portanto, formal. Regras, taxas e obrigações de ambos os lados estão especificados em um documento, a Circular de Oferta de Franquia (COF). Tudo embasado na Lei Federal 8955, de 15 de dezembro de 1994. Mas, antes de chegar a esse ponto e entrar de vez no universo franchising, o interessado precisa pesquisar bastante. Além de uma visão mais generalista do mercado, cada marca tem as suas particularidades. “É necessário analisar cuidadosamente cada tópico para que não existam dúvidas ou contratempos no futuro”, sugere. O próprio Sebrae-SP pode ajudar nessa tarefa. O escritório regional de Ribeirão Preto disponibiliza palestras, cursos, oficinas e consultorias sobre o assunto.

A cidade já conta com vários exemplos bem-sucedidos. Um deles é o Divino Fogão. Eliana Spanó foi quem iniciou essa história, há sete anos. “Estava à procura de um investimento seguro para aplicar meu capital. Através de uma indicação, conheci essa rede de restaurantes. Como já tinha experiência na área de alimentação e me identifiquei com a proposta deles, de trabalhar com comidas típicas da fazenda, logo quis me tornar uma franqueada”, comenta Eliana. Do contato inicial com a matriz até a inauguração da unidade, que fica no Novo Shopping, foram oito meses. Tanto a empresária quanto os funcionários passaram por uma fase de treinamento antes de abrir as portas. “A rede preza muito pela qualidade do produto e do atendimento. Por isso, há um acompanhamento permanente. Uma vez por ano, os gerentes e os cozinheiros são convocados para uma atualização em São Paulo, onde sempre aprendemos muito”, revela. Mensalmente, a equipe passa por uma fiscalização operacional e nutricional.

A parceria deu certo e o retorno foi tão expressivo que a franquia conquistou toda a família, literalmente. A sobrinha da empresária, Ariane Spanó Gemha, ao lado do marido, Adriano Gemha, são os proprietários do Divino Fogão do RibeirãoShopping e do Shopping Santa Úrsula. Em 2013, mais um sobrinho entrou para o negócio: Daniel Lapria Spanó se tornou proprietário da unidade no Shopping Iguatemi. “Estamos  bastante satisfeitos com nossa escolha em comum. Valeu a pena acreditar nesse sonho. A franquia é excelente, uma referência nacional. Representá-la na cidade é motivo de orgulho para todos nós”, conclui Eliana.

O ramo da gastronomia é um dos mais procurados pelos empreendedores. Isso porque o público costuma responder bem às novidades desse segmento. À frente do L’Entrecôte de Paris, desde julho de 2014, Mônica Castro pode comprovar essa receptividade. “Os clientes nos visitam frequentemente e tecem elogios ao nosso cardápio, especialmente ao clássico ‘Entrecôte com Fritas’”, afirma Mônica. Segundo ela, o fator determinante para obter êxito nesse universo é investir naquilo que se gosta. “Antes de tomarmos o primeiro passo, minha família e eu estudamos o funcionamento das franquias. Constatamos que seria uma ótima opção, mas teríamos que encontrar uma marca que fosse a nossa cara. Já era fã do L’Entrecôte de Paris, como consumidora, e fiquei ainda mais quando analisei o conceito, a missão e os valores da empresa”, revela a empresária. Para melhorar, Ribeirão Preto apresentava o perfil adequado para receber um restaurante desse porte e ainda não possuía nenhuma unidade.

Depois de se candidatar e passar por todos os critérios de seleção, Mônica conseguiu a aprovação do franqueador para realizar o projeto. O padrão da rede foi seguido rigorosamente, a começar pela estrutura, como a escolha do endereço, a fachada, o mobiliário, o equipamento da cozinha e a decoração. Na fase final, um encarregado veio ao local para verificar o andamento da obra. “Com o prédio liberado, iniciamos os ajustes no atendimento e na excelência dos serviços. Se algo sair errado, pode-se até perder a franquia. Por isso, eles estão sempre por perto, dando ideias, promovendo aprimoramentos e auxiliando o franqueado a atingir seu potencial máximo”, aponta Mônica.

A trajetória de Daniela de Cássia Matias Forli foi semelhante. Adepta de um estilo de vida saudável e de uma alimentação balanceada, ela enxergou nessa preferência pessoal uma possibilidade de alavancar a carreira profissional. “Trabalhei como funcionária no departamento financeiro de algumas empresas, sem nunca deixar de lado o desejo de ter algo meu. Atingi essa meta com uma loja de marca própria, no segmento infantil. Nela, adquiri bastante experiência, mas não houve continuidade. Aproveitei a pausa para fazer um curso de extensão em gestão de varejo, li bastante, busquei informações junto ao Sebrae e à ABF, visitei feiras e percebi que poderia ter boas chances de me consolidar no mercado se aliasse a  afinidade e o conhecimento na área de nutrição e bem-estar à expertise de uma franquia”, recorda. Ao lado do marido, David Forli Inocente, ela encontrou a realização ao escolher o Ponto Natural.

A marca da vizinha Franca tem mais de 20 anos, começou com as franquias há quatro anos e já conta com 40 unidades. Antes de efetivar a negociação, eles ponderaram diversos fatores, como a filosofia da empresa, o capital inicial necessário, os custos mensais, a estimativa de retorno e o comprometimento do franqueador. Desde então, o casal colhe os frutos dessa iniciativa. “Sem dúvida, o grande benefício é ter em mãos um conceito maduro, um layout estipulado e um mix de produtos com credibilidade reconhecida, que supre as expectativas de um público exigente e ávido por inovações. Além disso, franquia é um ativo importante, que pode ser negociado. Inclusive, já tivemos propostas”, ressalta Daniela.

Denis Caramori também acreditou nessa modalidade de negócio ao assinar contrato com a Florense – Móveis High-End. “Sabia da importância de associar meu nome a uma empresa sólida, com credibilidade. A Florense me deixou extremamente seguro nesse sentido. São 61 anos de uma história pautada pela tradição e pela vanguarda, trazendo produtos exclusivos que unem beleza, funcionalidade e tecnologia de ponta”, descreve.  A grife tem soluções de alto padrão sob medida para todos os ambientes da casa e do escritório. Recentemente, inaugurou uma loja conceito em Nova Iorque, consolidando-se entre os ícones mundiais em design. Segundo ele, a participação ativa da fábrica, os treinamentos e o suporte, desde o projeto do ambiente até a instalação dos móveis, também foram fatores determinantes na escolha.

Com a unidade em funcionamento desde 2006, o empresário afirma que o retorno positivo no decorrer desse tempo é a maior prova de que a decisão foi acertada. “É uma relação de absoluta confiança, com total transparência em todas as atividades. Temos uma parceria idônea, que tem como finalidade a plena satisfação do cliente, honrando tudo o que for ajustado com ele e até superando suas expectativas. Ambas as partes, franqueador e franqueado, precisam estar completamente comprometidos com essa causa para que o sucesso seja garantido. Sei que tenho em mãos um bem precioso, que pretendo que passe de geração em geração”, finaliza Denis.

O outro lado da moeda

Além de abrigar importantes franquias, nacionais e internacionais, Ribeirão Preto também é a casa de algumas empresas que estão do outro lado dessa moeda. São marcas com um conceito original que nasceram aqui e, pelo bom resultado alcançado, chamaram a atenção de outros empreendedores. É o caso do Mousse Cake. O proprietário, Osvaldo Amaral, sempre quis ter um negócio próprio. Em 1986, montou uma firma de etiquetagem em Campinas, em parceria com um parente. Após dois anos, quando a sociedade se desfez, voltou para Ribeirão Preto pronto para recomeçar. Ele não sabia ao certo em qual segmento apostaria suas fichas e encontrou a solução mais perto do que imaginava. “Fui convidado para uma festa e presenteei a aniversariante com um bolo feito pela minha mãe. Não sobrou nem um pedaço para a manhã seguinte”, recorda. Dessa situação, surgiu a ideia de levar o talento da família para o grande público.

Com o apoio financeiro do pai, Osvaldo transformou a garagem de casa em uma cozinha para a fabricação de salgados e sobremesas, criando a doceria Kindin. O tempo passou, a empresa tomou proporções maiores, uma loja no estilo cafeteria foi inaugurada e, para acompanhar essa evolução, um novo nome se fez necessário. O Mousse Cake abriu as portas em 2005 e logo apareceram interessados em reproduzir essa fórmula. Por isso, apenas três anos depois, o sistema de franquias foi disponibilizado. Atualmente, há uma unidade própria e 12 franquias, em Ribeirão Preto, Campinas, São José do Rio Preto, Uberaba e Uberlândia. Em breve, Goiânia também receberá uma loja do grupo. “Mesmo com o projeto cuidadosamente estudado e estruturado, converter a marca em franquia foi um processo complexo. Tivemos que nos adaptar em diversos sentidos. A recompensa é ver que aquela iniciativa simples conquistou tanta gente”, declara o empresário.

Fundada em 2002, a grife de acessórios femininos Bia Moraes dá sinais de que vai seguir pela mesma linha. O progresso tem acontecido gradativamente. Inicialmente, as peças produzidas eram vendidas apenas no varejo. Em seguida, o alcance foi ampliado para o atacado, com as lojas da cidade adquirindo e revendendo as coleções idealizadas pela designer Bia Moraes. Através da participação em feiras do setor e da inauguração do comércio eletrônico, em 2013, a marca se espalhou rapidamente por todo o país. Os avanços visíveis atraíram o interesse de investidores. Foram tantos contatos que a empresária sentiu que era hora de organizar um plano de expansão ainda mais ambicioso. A empresa foi submetida a uma série de testes, aplicados por consultorias especializadas, para saber se o modelo de negócio se encaixava no sistema de franquias. A resposta foi afirmativa.

Por enquanto, esse resultado permite que a Bia Moraes trabalhe como marca licenciada. “É um período de verificação e validação, em que podemos promover aprimoramentos, tanto na fábrica quanto na distribuição e na logística das nossas entregas. Assim que essa etapa estiver concluída, partiremos para as questões jurídicas e para os ajustes com os fornecedores. Com tudo certo, a empresa estará apta a fazer o cadastramento na ABF, mas, para se tornar uma franquia, é preciso ganhar a aprovação da entidade”, descreve Bia. Isabelle Pretti aceitou o desafio de integrar o projeto, assumindo a gestão da primeira loja licenciada, no RibeirãoShopping. “Estamos cuidando de cada detalhe e nos empenhando ao máximo para alcançar nossos objetivos e fazer da Bia Moraes uma grande rede. Temos certeza de que isso acontecerá em breve”, adiantam as empresárias.


Compartilhar: