Assim traçamos teu perfil

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No aniversário de Ribeirão Preto, a Revide traz um perfil da cidade em 2023; pontos fortes e áreas em que o município pode melhorar

Ribeirão Preto completa na próxima segunda-feira, dia 19 de junho, 167 anos. A data de fundação foi decidida em uma lei municipal, pela Câmara dos Vereadores em 1954, com sanção do prefeito Alfredo Condeixa Filho. Ficou estabelecido, como data de fundação da cidade de Ribeirão Preto, o dia 19 de junho de 1856, que assinala a demarcação da área onde se desenvolveu a cidade. As terras foram doadas por seis grandes fazendeiros locais.

 

O progresso local foi marcado, nas primeiras décadas, pela produção do café, planta que adorna a bandeira municipal e está presente no refrão do hino de Ribeirão Preto. Toda a cadeia produtiva e o capital gerado pelo café impulsionaram outras áreas na cidade, como a transição para o plantio da cana-de-açúcar, além da implantação de faculdades, hospitais e comércio local. A economia sustentada por apenas um produto deu lugar a um mercado sólido, com indústrias, comércio, agronegócio e prestação de serviços. Para celebrar o aniversário da cidade, a Revide traçou o perfil da Ribeirão Preto de 2023; uma metrópole que lidera uma região com 34 municípios, de economia pujante, referência na saúde e educação e capital nacional do agronegócio.

 

Canteiro de obras


Quem transita pelas ruas da cidade já passou – ou precisou desviar – de alguma obra do programa Ribeirão Mobilidade. O grandioso projeto de readequação do trânsito local tem sido uma presença constante na vida do ribeirãopretano nos últimos anos. Apesar de ter começado em 2018, a liberação da verba pelo governo federal teve início muito antes. O pontapé inicial foi o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado em 2007 pelo governo federal. Em 2011, o programa entrou na segunda fase, com a promessa de aprimorar os trâmites em relação à primeira. Pouco tempo depois, em Ribeirão Preto, a ex-prefeita Dárcy Vera deu início às negociações com o governo federal para que o município recebesse investimentos. No dia 6 de março de 2013, antes mesmo do anúncio oficial do Ministério das Cidades, Dárcy garantiu que a cidade receberia R$ 350 milhões provenientes do PAC para obras de mobilidade urbana na cidade. 

 


Em novembro de 2017, já no governo Duarte Nogueira (PSDB), houve um grande acordo com o Banco do Brasil para que o investimento retornasse a Ribeirão Preto. Com a promessa de adotar medidas de austeridade e honrar os pagamentos, Nogueira conseguiu o recurso. Com isso, foi criado o programa “Ribeirão Mobilidade”.  Além do investimento do PAC pelo Banco do Brasil, o governo também tem créditos com o programa de Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) da Caixa Econômica Federal, no montante de R$ 120 milhões. Segundo a Prefeitura, o investimento total se aproxima de R$ 500 milhões, sendo R$ 430 do PAC e do Finisa, e o restante de outras agências de crédito. 

 


A etapa mais recente do programa Ribeirão Mobilidade visa a região do Quadrilátero Central. Com vias que foram projetadas no final do século XIX, o desafio da Prefeitura será melhorar o fluxo do trânsito no local, priorizando o transporte coletivo, sem prejudicar o comércio local. Com 4 km de extensão e previsão de entrega para maio do ano que vem, o corredor de ônibus vai cruzar por várias ruas e avenidas do Centro e custará R$ 20,7 milhões. Segundo Pedro Pegoraro, secretário Municipal de Obras Públicas, são medidas visam melhorar o fluxo de trânsito no local, bem como atender os usuários do transporte público.

 

“Com o crescimento da população e do município, temos um fluxo cada vez maior de usuários e veículos circulando na cidade. O que tornam necessárias obras viárias que tornem o trânsito mais fluido e seguro. Naturalmente, elas trazem consigo mudanças”, explica Pegoraro.  Segundo o Executivo, ficou acertado com as entidades que representam os lojistas e empresários do Centro que as obras vão levar em conta as datas importantes para o comércio, além de outras definições para que não interfiram nas vendas também nos dias comuns. Mesmo nos dias comuns, as obras serão feitas trecho a trecho, de modo que apenas um ponto seja interditado por vez. Apesar disso, comerciantes locais estão apreensivos quanto ao cumprimento do cronograma de entrega e, principalmente, para que a empresa vencedora da licitação não abandone a obra, como já ocorreu em outras situações.

 

Obras entregues

• Viaduto “Profissionais da Saúde”
• Extensão da Av. Coronel Fernando Ferreira Leite
• Duplicação da Av. Antônia Mugnatto Marincek
• Duplicação e prolongamento da Av. Profª Dina Rizzi
• Corredor de ônibus e ciclovia na Avenida do Café
• Adequação viária na rotatória das avenidas Nove de Julho, Portal e Antônio Diederichsen
• Adequação viária no cruzamento das avenidas Presidente Vargas, Antônio Diederichsen e Itatiaia 
• Construção de três pontes na região Central, nas avenidas Francisco Junqueira e Fábio Barreto
• Recuperação de trecho da Estrada do Piripau
• Duplicação da Avenida Adelmo Perdizza
• Implantação do Trecho 1, 2 e 3 do corredor de ônibus Norte-Sul
• Recapeamento de 513 km de ruas e avenidas

 

Retomada da economia


Passado o período de dois anos de dúvidas e incertezas por conta da pandemia de Covid-19, a tão sonhada recuperação da economia finalmente vem ocorrendo e, de um modo geral, as perspectivas são bastante promissoras segundo o economista e professor Edgard Monforte Merlo. “A recuperação da pandemia está ocorrendo. As elevadas taxas de juros e a inflação estão atrasando esse processo. A nossa sorte é termos um setor de Agronegócio que apresenta perspectivas muito boas nesse ano”, explicou. O economista ressalta que os setores econômicos possuem suas especificidades e, por isso, esse movimento de recuperação não acontece de maneira linear. O setor de comércio e serviços, por exemplo, depende muito da geração de renda dos demais. Já a indústria tem demorado mais para se recuperar. “De um modo geral, as perspectivas são de uma recuperação contínua durante todo o ano. Ribeirão Preto tem uma vocação para comércio e prestação de serviços. Como o setor agrícola deve continuar a ter bom desempenho, considerando o interior do Estado, essa vocação de serviços e negócios deve continuar avançando”, explicou o economista.

 


Para Francisco Matturro, vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a agroindústria segue com bons indicadores. “As perspectivas para o segmento são muito boas, uma vez que a integração das lavouras de cana com amendoim e outras leguminosas garante crescimento seguro, com governança e sustentabilidade”, afirmou. Na opinião de Mônika Bergamaschi, presidente de Conselho da Abag/RP, a cidade de Ribeirão Preto ostenta, desde 2004, o título de capital brasileira do Agronegócio, mas, assim como já foi a capital do café, hoje é reconhecida por sua diversidade e excelência em várias áreas. “Ribeirão Preto reflete o ritmo da produção agroindustrial, da inovação, do desenvolvimento científico e tecnológico voltados para o Agro. Afinal, os frutos gerados pelo Agro vão muito além daquilo que se planta e colhe”, enfatizou.

 


A retomada pode ser aferida pelos bons resultados na geração de empregos na cidade. Ribeirão Preto registrou um aumento no número de vagas de empregos formais. Divulgados no dia 31 de maio, os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No acumulado do ano, ou seja, nos primeiros quatro meses de 2023, foram criados 3.390 novos empregos formais. Os dados também são favoráveis quando se observa os 12 últimos meses (de maio/2022 a abril/2023). Neste período, Ribeirão Preto registrou um aumento de 4,5% na geração de empregos em relação ao mesmo período anterior. O setor que mais contratou com carteira assinada foi o de serviços, seguido pelo comércio e a construção civil.

 

Desafios na educação


Um problema que afeta a imagem de Ribeirão Preto parece estar próximo do fim. Das 5.570 cidades brasileiras, apenas três não possuem um Plano Municipal de Educação (PME): Ribeirão Preto, Iaras e Vargem, todas no Estado de São Paulo. Sem o documento aprovado na forma de lei, esses municípios são impossibilitados de receberem determinados repasses do Ministério da Educação (MEC). O PME é o responsável por formular e implementar as políticas públicas de educação pelos próximos 10 anos, de modo articulado e integrado à legislação das esferas estadual e nacional.

 

No dia 6 de junho, a comissão organizadora do Plano Municipal de Educação de Ribeirão Preto entregou para a Secretaria da Educação o documento finalizado do Plano, que foi embasado no texto base de 2015. Em 2019, o PME mais chegou a ser enviado para a Câmara Municipal dos Vereadores de Ribeirão Preto, mas foi negado pelos vereadores e o projeto foi arquivado. O material será encaminhado para avaliação do Conselho Municipal da Educação e posterior análise orçamentária e jurídica da Secretaria Municipal da Fazenda e da Procuradoria Geral do Município, por fim, deverá ser votado na Câmara novamente. 


Outro desafio para a educação local será a implementação do Novo Ensino Médio. Em Ribeirão Preto, o modelo foi implantado nas 75 escolas estaduais, responsáveis pelo Ensino Médio no município. Contudo, o Ministério da Educação (MEC) prorrogou a Consulta Pública para Avaliação e Reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio por mais 30 dias. O anúncio aconteceu no dia 6 de junho.

 

O pedido de prorrogação foi feito por entidades educacionais, com o objetivo de ampliar as formas de participação social no debate sobre o tema. Há um consenso entre os educadores e especialistas ouvidos para esta matéria de que o “Novo Ensino Médio” foi bem implantado nas escolas particulares. Muitas delas, inclusive, já ofereciam modelos parecidos, focando na autonomia do aluno, antes mesmo da obrigatoriedade pela nova lei. 


Todavia, a realidade das escolas públicas é diferente. Professores consultados analisam com apreensão as novas regras. Se por um lado é importante que o aluno tenha autonomia para escolher e adequar o conhecimento acadêmico a sua realidade material, por outro, os educadores argumentam que muitos alunos não têm acesso ao mais elementar da educação, impactando, assim, no momento de decidir sobre quais caminhos tomar no Ensino Médio.

 

Por meio de nota, o coordenador pedagógico da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, Renato Dias, declarou que a nova gestão da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) segue em diálogo com os estudantes e rede escolar, em busca de aprimorar as estratégias em andamento por meio do Novo Ensino Médio; e que terão ajustes na distribuição de carga horária em 2024, com menos itinerários e novas abordagens. Além da manutenção, a Seduc garante que investirá no apoio ao docente, que receberá formação continuada. 

 

Referência na saúde


A importância dada à ciência e à pesquisa em Ribeirão Preto tem gerado ótimos frutos. Um dos tratamentos mais promissores contra o câncer em todo o mundo vem sendo desenvolvido na cidade, alcançando resultados consistentes. Um paciente que lutava contra um linfoma não Hodgkin, há 13 anos, apresentou remissão total da doença um mês após ser submetido ao tratamento com as células CAR-T no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

 

O publicitário Paulo Peregrino, de 61 anos, já havia passado por todas as terapias convencionais, como a quimioterapia e procedimentos cirúrgicos, e estava se preparando para receber cuidados paliativos. A pesquisa foi desenvolvida em uma parceria entre a Universidade de São Paulo (USP), o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto. No momento, o tratamento com células CAR-T apresenta eficácia contra canceres no sangue, como linfomas e leucemia. Contudo, os pesquisadores já estudam como transportar esse tratamento para os tumores sólidos.


Ao todo, 14 pacientes já foram tratados com a nova técnica e cerca de 70% apresentaram remissão total logo no primeiro mês. Essa prática é adotada quando não há nenhuma outra abordagem possível para o tratamento do paciente. “A resposta inicial da maioria dos pacientes tem sido impressionante. São pacientes que não tinham mais perspectiva de cura”, avalia Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC) e do Núcleo de Terapia Celular Avançada do Hemocentro de Ribeirão Preto.  Segundo o coordenador, no futuro, quando a capacidade de produção atingir um patamar elevado, Ribeirão Preto conseguirá atender pacientes de todo o Brasil e, inclusive, de outros lugares do mundo.

 

“É um enorme avanço científico e Ribeirão Preto está na fronteira disso. Essas pesquisas podem gerar uma nova indústria no país, que envolve a produção de equipamentos e reagentes, podendo alavancar o desenvolvimento social e econômico da cidade”, acrescenta. Toda essa produção está concentrada no Núcleo de Terapia Avançada (Nutera), inaugurado em 2022, no campus da USP. O laboratório é uma iniciativa do Instituto Butantan, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e do Hemocentro de Ribeirão Preto, com o apoio do governo do Estado de São Paulo.

 

 

Palco da cultura


Além de ser conhecida como referência em negócios, Ribeirão Preto também é destaque em cultura. O município é palco de diversos festivais e eventos que movimentam os ribeirãopretanos e impulsionam o turismo da cidade Após a pandemia da Covid-19, a cidade voltou a promover eventos, inclusive ganhou novos, como o Trap Festival, que em março deste ano chegou à segunda edição.

 

Além dele, em 2023, o Ribeirão Rodeo Music reuniu em sua 17ª edição mais de 160 mil pessoas nos quatro dias de programação noturna e, também, no Festival da Cultura Sertaneja. Já o Festival João Rock, que completou 20 anos este ano, reuniu 70 mil pessoas em um único dia de evento. Desde o final da pandemia o município também foi sede de shows internacionais, como o das bandas Kiss, Iron Maiden, Guns n Roses, Deep Purple e Scoripions.  Outro evento marcante no município é a Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, que chega à 22ª edição. Neste ano, a feira será realizada entre os dias espera superar 12 e 20 de agosto, e espera superar o público de 193 mil pessoas registrado em 2022. 

 

Demografia
População estimada: 720.116
Área: 650,9 km²
Grau de urbanização (população): 99,7%
Área urbanizada: 149,4 km²
Homens: 48,1%
Mulheres: 51,9%
IDH: 0.800 (alto)

População por grupo de idade
de 0 a 14 anos: 16,9%
de 15 a 29 anos: 20%
de 30 a 59 anos: 45,6%
60 e mais: 17,5%
 

Frota de veículos
Ribeirão Preto tem a 5ª maior frota de automóveis do Estado, apesar de ser a 7ª mais populosa.
Carros: 308.643
Motocicletas: 115.479
Total de veículos: 570.688

 

Economia
População ocupada: 38,2 %  
PIB per capita: R$ 51.506 anual

 

Produção agropecuária
Cana-de-açúcar: 90,1%
Amendoim (em casca): 3,9%
Milho (grão): 1,9%
Soja (grão): 1,3%
Outros: 2,8%

 

Saúde
Estabelecimentos de saúde privados: 2.575
Estabelecimentos de saúde públicos: 108 (91 municipais e 17 estaduais)
Médico por mil habitantes: 6,04
Enfermeiros por mil habitantes: 2,23

 

Educação
Número de estabelecimentos de ensino fundamental: 187 escolas  
Estudantes (fundamental): 75.876
Número de estabelecimentos de ensino médio: 82 escolas
Estudantes (médio): 22.934

 

Fonte: IBGE e SEADE

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