Caminho de Ensinamentos
Aos 27 anos, Padre Igor completa um ano de sacerdócio e, mesmo jovem, vem conquistando fiéis da comunidade

Caminho de Ensinamentos

Aos 27 anos, Igor Fernando Aparecido Madalosso de Lima prova que, mesmo jovem, é possível passar os ensinamentos religiosos com muito amadurecimento. Ele conta sobre a vida sacerdotal e desafios


Texto: Bruna Romão


Quando criança, ele já dava indícios de que seguiria pela vida religiosa. O suco de uva era o vinho, a bolacha “Maria”, a comunhão.  Assim eram as brincadeiras do jovem que nasceu na cidade de Cravinhos (SP) e mais tarde se tornaria o padre Igor, que completou, em fevereiro , um ano de sacerdócio. O sorriso simpático e a fala convincente e serena destoam de uma pessoa com tão pouca idade, mas que já deixa grandes ensinamentos por onde passa. Aos 27 anos, Igor Fernando Aparecido Madalosso de Lima, atuante na Catedral Metropolitana de São Sebastião, narra que, aos poucos, a vocação foi sendo despertada ao ver os pais sempre frequentando a igreja, assim como sua participação de coroinha e acólito na comunidade. 

Quando disse pela primeira vez aos pais Adivaldo e Eliana que gostaria de ser padre, o susto da família foi grande. Certo dia, no meio de uma discussão com a mãe, ele foi categórico: “tudo bem, sem problema, ano que vem não estarei mais aqui mesmo”. Ela indagou e o jovem respondeu que, em pouco tempo, o seminário seria sua casa. E foi por meio de conversas com padres que o vigário iniciou os encontros vocacionais, deixando evidente que sua vocação era de entrega total a Deus e à sociedade. “O seminário é uma grande casa. O próprio nome diz, é a sementeira, lugar onde vamos amadurecendo mais essa vocação, com a espiritualidade, estudos, ou fazendo as atividades diárias na casa. O seminário é um templo necessário. Ele nos amadurece. Aprendemos com a convivência, com pessoas de vários lugares e perfis e isso nos ajuda a ter um olhar de compreensão com os outros”, enfatiza.

O padre, que até hoje gosta da área da Comunicação Social, já fez alguns vestibulares e quase saiu do seminário para realizar esse sonho, mas, segundo ele, o chamado para servir a Deus foi maior e, em 2011, entrou para o Seminário Maria Imaculada, na cidade de Brodowski, onde permaneceu até 2017. A ordenação ocorreu no dia 18 de fevereiro de 2019. Conviveu com 16 jovens aspirantes ao sacerdócio e, ao final, apenas ele e mais um colega se ordenaram padre.

Religioso eclético
Como jovem, ele desfruta de muitas atividades. Gosta de assistir a TV e estar entre amigos, mas é cuidando de plantas na chácara da família, em Cravinhos, que ele encontra sua grande terapia, o que traz tranquilidade a quem tanto se dedica ao próximo. O fã de crossfit tenta não falhar sequer um dia da semana para praticar o exercício, pois, nas palavras dele, “é necessário cuidar do corpo, pois ele é templo do espírito”. Contudo, foi ao falar de música que o sorriso largo se abriu ainda mais durante a conversa. Define-se como eclético e ouve desde canções sertanejas até funk, conforme observa, aos risos. Certa vez, quando questionado pelo reitor em relação ao seu gosto pelo funk, só respondeu que o estilo está na cabeça das pessoas. “Vejo isso como uma forma de conhecê-las melhor. Às vezes, uso muito das expressões que estão na boca do povo e tento trazer para o evangelho. É importante estarmos atentos a fim de compreender melhor cada um”, lembra o vigário.
“Ser padre e buscar a santidade não nos tira a juventude”, afirma o padre || Foto: Cláudio Artfoto
O padre, que se considera aberto ao diálogo e não impõe restrição para falar sobre temas polêmicos da sociedade, sente que pessoas mais velhas estão depositando a confiança em seu trabalho e aceitando bem um perfil mais jovem dentro da igreja, o que ele mesmo chama de “conversão da mentalidade”. Segundo ele, há momentos em que os fiéis se sentem mais à vontade para discutir certos assuntos, em razão do seu jeito atuar na comunidade. “Quando se trata de vocação, independente de idade, sentimos bem naquilo que fazemos. Isso não tira a juventude de mim. Quem me conhece sabe que, como jovem, não abro mão de muitas coisas. Sempre me preocupei muito com isso. Quero ser um religioso, dedicar-me, com responsabilidade, mas vivendo a minha idade”, frisa Igor, o filho mais velho de três irmãos, que, nessa pouca caminhada sacerdotal e muito amadurecimento, tem ao seu lado o apoio constante dos pais.

Para os jovens de sua geração, que anseiam percorrer pelo caminho do evangelho, ele garante que a trajetória não é simples, mas gratificante, quando se descobre uma vocação. “É realizador, com todos os desafios que temos. Se há um jovem que tem o coração com esse desejo, não deixe que ele morra. Ser padre e buscar a santidade não nos tira a juventude. Cultive a vocação, dê um passo, mesmo se tudo isso ocorrer em uma briga com os pais, mas é preciso tomar a decisão”, conclui Igor. 

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