Cenário promissor

Cenário promissor

Para Fernando Mansano, especialista em e-commerce, margem de crescimento para quem deseja entrar no segmento de vendas on-line ainda é grande e grupos como o Conecta Business tendem a potencializar es

 

Texto: paulo apolinário Fotos: luan porto


Se você acredita que as vendas on-line se resumem apenas a colocar um produto em um aplicativo e aguardar pelo cliente, está enganado. Existem desde plataformas complexas de lojas digitais, que envolvem grande logística e conhecimento técnico, até práticas mais “caseiras”, como a venda por WhatsApp, Facebook ou Instagram. Contudo, fazer negócios pela internet vai muito além da venda em si. Grupos como o Conecta Business criam verdadeiras “associações digitais”, com a vantagem do dinamismo e da flexibilidade das relações digitais. A rede de apoio que grupos como esse proporciona valoriza e fortalece cada vez mais a cadeia produtiva. O professor e especialista em e-commerce Fernando Mansano ressalta que as vendas on-line vêm crescendo de forma vertiginosa, e encontraram na pandemia o cenário ideal para deslanchar. Na Região Metropolitana de Ribeirão Preto, apenas no primeiro trimestre de 2021, o aumento foi de 89%, de acordo com a NeoTrust em parceria com o Comitê de Líderes de E-commerce (ComEcomm). Fernando atua no segmento há cerca de 20 anos, é diretor Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM) e da Associação Brasileira de Agentes Digitais (ABRADi) e fundador do ComEcomm.

 

Como você avalia o crescimento do comércio digital na pandemia? Quando começou a pandemia, principalmente os pequenos negócios tiveram de se adaptar rapidamente e a forma mais rápida foi a venda on-line, com destaque para o WhatsApp. Eu atribuo esse crescimento muito à nossa cultura. O brasileiro já passava muito tempo nesse ambiente e essa foi a forma mais simples e que exigia menos conhecimento técnico encontrado por quem queria fazer negócio — o que é muito diferente de quem tentou implantar uma loja virtual aos ‘45 do segundo tempo’. Esse já é um gargalo para os lojistas mais experientes, imagina para quem tem pouco conhecimento. Por isso, durante a pandemia, principalmente no interior, as pessoas pensaram em saídas criativas, como o WhatsApp e as live commerce — conceito que tem certa inspiração no que foi realizado pelo Ali Baba, na China, e depois importado por algumas empresas brasileiras. Uma live com música, por exemplo, atrai quem está em casa de bobeira e essa pessoa acaba comprando. Ainda mais agora com a possibilidade do Pix e de links de pagamento que facilitam as transações.

 

Quais são as vantagens de grupos de apoio como o Conecta Business? Essa união é muito importante. Ela vai além do que é feito nas associações. Essas iniciativas promovem a troca de experiências, o que é enriquecedor. Além disso, durante a pandemia, vimos muitos empresários jogando a toalha ou chegando próximo disso. Quando esse lojista olha para o lado e vê outro empresário fazendo algo e propondo soluções durante a crise, serve como inspiração. Sem contar o fluxo de negócios que é possível nesses grupos.

 

Para quem pensa em abrir uma loja virtual ou vender pela internet, ainda há margem para crescer nesse segmento? Sempre há espaço. Você pode vender em diversas plataformas: marketplace, live commerce, WhatsApp, loja digital. Costumo dizer que é como uma loja física: sempre há espaço para você abrir mais uma, mas você deverá jogar de acordo com as regras do lugar. No comércio digital, não é diferente. Só não há espaço para quem não busca se especializar ou entender esse segmento. Em Ribeirão Preto, temos um potencial muito grande para quem busca empreender nessa área. Temos toda a estrutura logística favorecida na nossa região, dispomos de uma cadeia de fornecedores e suprimentos, não há necessidade de ir muito longe.

 

Como a simbiose desses novos modelos deve mudar o mercado no pós-pandemia? O comércio digital continuará crescendo, essa é uma tendência mundial. Tendo como referência a China e os Estados Unidos — nossos ‘benchmarks eternos’ —, a China ultrapassou a marca de 50% de participação do mercado no e-commerce, já nos EUA essa participação está em torno de 30%. No Brasil, estamos com 11% em 2021, sendo que era de 5% em 2019. Só no primeiro trimestre de 2021, a participação do varejo de Ribeirão Preto cresceu 89%. Espaço para crescer ainda tem. Com a pandemia, muita gente experimentou o e-commerce pela primeira vez e, atualmente, muita gente calcula quanto dinheiro e tempo irá gastar para se locomover até uma loja, por exemplo, sendo que é possível solicitar o produto daquele mesmo estabelecimento de forma virtual e com maior comodidade e economia.

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