Concorrência igualitária
Foco, atenção, disciplina e planejamento são as chaves para se destacar, indica especialista

Concorrência igualitária

Candidatos do Concurso Público Nacional Unificado concorrem a vagas para todos os cantos do Brasil contra pessoas de todas as partes do país

O Enem dos Concursos. Assim ficou conhecido o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), criado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e visto como um modelo inovador, já que consiste na realização conjunta de provas para o provimento de cargos públicos efetivos para entidades Federais de forma direta, autárquica e fundacional, por meio de um teste de aplicação simultânea em todos os estados e no Distrito Federal.

 

Entre os objetivos desse tipo de prova, destacam-se a promoção da igualdade de oportunidades de acesso aos cargos públicos efetivos, a padronização dos procedimentos de aplicação das provas, o aprimoramento dos métodos de seleção de servidores públicos e o zelo pelo princípio da impessoalidade na seleção dos candidatos em todas as fases e etapas do certame.

 

O CNPU, que será realizado no dia 5 de maio de 2024, em 220 cidades simultaneamente, é inspirado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que é aplicado em mais de 1.720 municípios ao mesmo tempo. Segundo o Governo Federal, a ideia é democratizar o acesso às vagas públicas a partir da dispersão geográfica na realização do concurso, além de seguir as políticas de acessibilidade e inclusão.

 

VAGAS

 

Uma grande dúvida é como serão escolhidas as vagas que cada candidato irá concorrer. Para isso, já se tem resposta. No momento de inscrição no concurso, os candidatos deverão optar por um dos blocos temáticos das áreas de atuação governamental disponíveis no formulário. Depois desta escolha, os candidatos deverão indicar seu cargo ou carreira por ordem de preferência entre as vagas disponíveis.

 

Assim, o candidato realizará as provas objetivas, que serão comuns a todos os candidatos, e as específicas, objetivas e dissertativas, do bloco temático de sua escolha. Sendo assim, as questões específicas serão definidas pelas comissões organizadoras dos diferentes órgãos e entidades públicas cujos cargos e carreiras compõem um determinado bloco.

 

Porém, é importante ressaltar que o mesmo candidato não poderá se inscrever para mais de um bloco temático, mas dentro de um mesmo bloco será possível se inscrever em quantos cargos ele desejar. "Só recomendamos que analise bem os requisitos de cada cargo e especialidade para melhor fazer a escolha. É importante lembrar que a ordem de preferência indicada no momento da inscrição tem importantes aplicações em sua classificação. Mesmo se aprovada em mais de um cargo, a pessoa será alocada de acordo com sua ordem de preferência", cita o site do Governo Federal.

 

Outro ponto importante ressaltado pelo Executivo é que o candidato esteja atento, na hora da inscrição, às necessidades de titulação específica para alguns cargos. Pois, mesmo se aprovado, o candidato que não apresentar a formação específica do cargo, não poderá tomar posse.

 

PESOS ESPECÍFICOS

Outro questionamento foi com relação aos pesos das notas nas provas específicas, que também já foi explicado pelo Governo Federal em seu site oficial, afirmando que cada uma das provas foi produzida a partir da divisão em cinco eixos temáticos. "Os órgãos responsáveis pelos cargos em disputa realizaram uma distribuição de pesos para cada um dos eixos. Assim, buscou-se respeitar as especificidades, complexidade e natureza de cada um dos cargos em relação à importância de determinados conteúdos presentes nas provas", explica o site oficial. Outro ponto importante para se destacar é que cargos diferentes em um mesmo bloco podem sim ter pesos diferentes.
 

Por fim, existia dúvida sobre os critérios de desclassificação, onde serão eliminados candidatos que obtiverem aproveitamento inferior a 40% da pontuação nas provas objetivas de Conhecimentos Gerais e de Conhecimentos Específicos, ou que zerarem na prova discursiva.
 

O CPNU prevê a formação de um banco de candidatos para cada um dos blocos e terá validade de 12 meses.
 

O Concurso prevê um estabelecimento da sua estrutura de governança sob a coordenação do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos em parceria com órgãos como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e a Advocacia-Geral da União (AGU). Além disso, também contará com a participação de comissões setoriais formadas por representantes de cada órgão ou entidade envolvidos. Sem falar da presença da Controladoria Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU) como observadores externos durante todo o processo, o que garante maior lisura nas provas.
 

PREPARATÓRIO: FOCO, DISCIPLINA E ORGANIZAÇÃO
 

Planejamento. Essa é a palavra-chave para quem quer se destacar em um concurso público, destaca o professor Júlio Pimentel, com renomada atuação na preparação de concurseiros. Com uma data de prova estabelecida, o candidato, segundo ele, deve analisar as matérias que caem e como a banca, pontualmente, pede as questões. “É necessário conhecer bem a banca, fazer vários exercícios dela e de cada matéria exigida. Sendo assim, essa preparação é extremamente importante. Deve ser um planejamento semanal e sempre analisando quantas semanas você tem até a prova”, comenta o professor.
 

Começar com as disciplinas básicas e depois evoluir para as disciplinas específicas também é uma boa estratégia, aponta Pimentel, que incentivou seus alunos a estudarem desta maneira desde outubro de 2023. Já para os que começaram a estudar neste ano, o professor acende um alerta: “se preparar para uma prova em 4 meses exige organização de disciplinas, levando em consideração quantas horas serão dedicadas por dia ao estudo”.

 

Para Pimentel, a estratégia de concurso imposta no CPNU proporciona “uma concorrência mais ampla, de forma que fica mais fácil o concurseiro prestar a prova. Outro ponto interessante é a inscrição ser feita por um canal único, neste caso, o site do Governo Federal. Esta parte da organização se torna interessante", comenta Pimentel, que ainda dá outras dicas, como prestar atenção aos editais (oito, no total), analisar a possibilidade de mudança, a disposição para o trabalho home office e o cargo que é mais agradável para a pessoa. Além disso, ponderar o número de vagas é outro fator que pode ajudar a decidir a qual cargo o candidato concorrerá.

 

"Acredito que todo concurseiro deve prestar o CNU pois é uma grande oportunidade e existe um tempo relativo maior que o de concursos normais. Além disso, você pode concorrer com o Brasil inteiro e para o Brasil inteiro. Fazendo muito exercício e com uma boa preparação é possível chegar lá", finaliza.

 

O CONCURSADO

 

Analista judiciário da Justiça Federal, autor de diversas obras e professor, Leandro Bortoleto conta que sua preparação para prestar concurso público exigiu bastante foco e direcionamento no conteúdo cobrado no edital. "O cargo que ocupo é privativo de bacharel em direito e como fiz a prova pouco mais de um ano após ter me formado, a preparação foi com bastante foco e direcionamento no conteúdo cobrado no edital, fazendo a revisão dos principais pontos, resolvendo questões e, com isso, localizando pontos que necessitavam de maior ênfase", comentou.

 

Enquanto professor de concurseiros, ele acredita que a unificação das provas facilita o acesso à disputa de vagas pelos interessados já que o valor da inscrição é acessível e as provas serão realizadas em diversas cidades, o que facilita o deslocamento, além de ser possível concorrer a vários cargos em uma única oportunidade.

 

Porém, para ele, ainda dificulta, significativamente, para quem concorrerá em cargos de nível superior em razão do conteúdo que consta dos editais. “Na seleção, houve o agrupamento de inúmeros cargos, com as mais diversas atribuições, em sete blocos diferentes e em cada um há a cobrança de conteúdo geral e específico. Entretanto, foram muitas as mudanças em relação ao conteúdo da avaliação e isso afeta diretamente na preparação, principalmente das pessoas que já estavam estudando. Por exemplo, na prova de conhecimentos gerais para esses cargos não há mais cobrança de língua portuguesa, o que ficou restrito aos cargos de nível médio, e é uma disciplina que sempre esteve na rotina de estudos para concursos públicos e é essencial para o bem desempenho da atividade pública e, em sentido contrário, passaram a exigir áreas específicas de conhecimento, como ocorre com a cobrança de vários tópicos de direito financeiro, dentro de finanças públicas”, finalizou Leandro. 

 

A CONCURSEIRA

 

Para a concurseira Mônica Caineli, psicóloga e já servidora pública, estudar sempre teve um gosto de transformação. Ela, que estuda para concursos públicos com afinco desde 2018, conta que neste período aprendeu técnicas e novas habilidades a respeito do modo correto de estudar com apoio de professores e cursos preparatórios.

 

Mônica, que prestará o Concurso Nacional Unificado, tem por expectativa ser uma prova inovadora, uma vez que o Governo Federal tem o objetivo de democratizar o ensino. Além disso, ela acredita que, certamente, será benéfico a todos os concurseiros, já que o CNU possui políticas públicas de ações afirmativas e inclusão social. Além disso, ela frisa que as provas sendo realizadas em 220 cidades facilitará o acesso dos candidatos que possuem pouco recurso financeiro para se deslocar para outras cidades. "Provavelmente haverá um grande número de inscritos e, com isso, as provas devem exigir um nível mais alto de conhecimento", comenta.

 

 


Foto: Freepik

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