Devoção às pesquisas

Devoção às pesquisas

Paulo Tambasco de Oliveira dedica-se aos estudos de interação das células ósseas com biomateriais

Há 20 anos, Paulo Tambasco de Oliveira se dedica a pesquisas em Odontologia. Cirurgião-dentista formado pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto  da Universidade de São Paulo (FORP-USP), é especialista e mestre pela mesma instituição, além de ter cursado doutorado na USP de São Paulo, concluído em 1997.

Professor da FORP-USP desde 1991, hoje Tambasco chefia, juntamente com Adalberto Luiz Rosa, professor titular de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, o grupo que estuda biomateriais para implantação no tecido ósseo dos maxilares, com possíveis contribuições para a Ortopedia. O Laboratório de Cultura de Células da FORP-USP, criado por Tambasco e Rosa, em 1998, recebe hoje, além dos alunos locais, estudantes de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado do Brasil e de outros países da América Latina.

“As atividades que exercemos nos últimos 10 anos acontecem no contexto do desenvolvimento da pós-graduação da unidade e do financiamento de projetos por agências de fomento à pesquisa, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)”, declara Tambasco. O ponto de partida das pesquisas em Biomateriais e Biologia Óssea aconteceu em 2001, quando o professor viajou para Montreal, no Canadá, para um estágio de pós-doutorado com bolsa da FAPESP, impulsionado pela evolução das especialidades de Periodontia e Cirurgia Buco-Maxilo-Facial na FORP-USP. “No Canadá, surgiram os primeiros trabalhos sobre respostas de células ósseas quando em contato com materiais metálicos nanoestruturados, cujos detalhes da superfície são da ordem de milionésimos de milímetro, impossíveis de se enxergar a olho nu. O pós-doutorado permitiu trazer para o país, na época, alguns métodos pouco explorados em nossos laboratórios”, lembra Tambasco, que começou a pesquisar o assunto na USP de Ribeirão a partir de 2003.

Desde então, um dos grandes desafios, de acordo com o pesquisador, vem sendo o desenvolvimento de projetos financiados, cujos resultados devem ser publicados em periódicos de língua inglesa, reconhecidos internacionalmente. “Felizmente, as agências de fomento vêm apoiando os projetos e os periódicos, publicando nossos estudos”, diz o pesquisador. Os desafios persistem, não só para o desenvolvimento de ideias inovadoras, mas também para a avaliação do impacto que os trabalhos publicados possam ter na literatura da área.

Atualmente, o laboratório pesquisa não somente novos biomateriais, mas também modificações topográficas e químicas daqueles já existentes e permitidos para implantação óssea. “Buscamos compreender melhor, em estudos in vitro e in vivo, como as células ósseas interagem com os biomateriais, avaliando desde os aspectos moleculares até os fenotípicos decorrentes dessa interação, permitindo definir a qualidade do tecido que se forma na região interfacial”, explica Tambasco. Segundo o pesquisador, o tema “biomateriais” é tipicamente multidisciplinar, pois envolve diferentes áreas e a cooperação entre elas. “A qualidade de nossos projetos depende da interação com pesquisadores de materiais, como engenheiros, físicos e químicos, uma vez que nossa competência está centrada nas avaliações biológicas e a deles, no desenvolvimento dos biomateriais, utilizando estratégias inovadoras”, afirma.

No mercado, já existem biomateriais próprios para diferentes aplicações na Odontologia e na Ortopedia. No entanto, Tambasco afirma que os estudos devem continuar. “Independentemente da apresentação de novos biomateriais estar ou não relacionada a estratégias mercadológicas da indústria, o fato é que isso, pelo menos em parte, reflete o investimento de recursos na busca pela otimização de características físicas, químicas e de impacto biológico”, avalia o pesquisador, destacando que os fenômenos que envolvem a resposta biológica à implantação de biomateriais são de alta complexidade. “Se por um lado, eles permitem o uso de diferentes estratégias para otimizar a reparação dos tecidos, por outro podem reduzir a previsibilidade do tratamento”, conclui.

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