
Doenças que vencem o tempo
Enfermidades comuns na infância de pessoas que hoje estão na meia idade ou na terceira idade continuam vitimando brasileiros
De alguns anos para cá, doenças muito comuns na infância de pessoas que hoje estão na meia idade ou na terceira idade estão voltando com força à cena brasileira, apesar de se tratarem de enfermidades que já podem ser prevenidas por meio de vacinas, há tempos.
De 2014 para cá, a difteria (ou crupe) apresentou sete casos em Pernambuco. A doença que mais vem fazendo vítimas em 2017 é a febre amarela. Em fevereiro foram registrados, em Minas Gerais, 83 óbitos, o maior número de mortes decorrentes da doença dos últimos 37 anos — foram notificados 1.027 casos e confirmados 234, sendo que outros 736 ainda estavam sendo analisados. Periodicamente acontecem picos da doença no Brasil, como ocorreu em 1993 (83 casos), em 1999 (76 casos), em 2008 (46 casos) e 2009 (47 casos). Em 2016, houve sete registros e cinco mortes no país.
A Caxumba também ganhou destaque em Minas Gerais, este ano, quando foram registrados 419 casos da doença, sendo que 232 foram notificados somente na região sul. Em Pernambuco, a situação em 2016 foi ainda mais grave, quando 76 surtos foram registrados, envolvendo 836 casos, predominantemente, em adultos e jovens. Em Salvador, até outubro do ano passado, foram registrados 540 casos da doença, em16 surtos, sendo que, em 2015, foram registrados somente 22 casos — um número 24 vezes menor. Em Campinas, também houve um aumento significativo: os casos de caxumba subiram 10 vezes, em 2016, em relação ao ano anterior.
A meningite é outra doença que voltou à cena em São José do Rio Preto, onde foram computados 80 casos em 2016. No Distrito Federal, ainda em novembro do mesmo ano, o número de casos da doença superou em 75% os dados de 2015: 14 pessoas tiveram a doença e seis acabaram morrendo. Também em 2016, o Amazonas registrou 30 casos de meningite — de 2014 até o ano passado, 276 casos foram registrados no estado, chegando ao óbito em 10% dos casos.
Em abril do ano passado, o impetigo, que não ocorre na forma de surto, tomou grande proporção, atingindo vários municípios do sul catarinense: em Umaruí, ocorreram 80 casos; em Palhoça, mais sete; em São José, 15 crianças apresentaram sintomas; em Taió, foram confirmados 150 casos da doença. Para especialistas, tais ocorrências convergiram para surtos não de impetigo, mas de catapora (ou varicela) atípica com infecção secundária das lesões, a chamada de impetiginização.
A questão é: se todas essas doenças podem ser prevenidas por meio de vacinas, por que, de tempos em tempos, voltam, em forma de surtos ou não, trazendo riscos à população? A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento da Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto, Luzia Márcia Romanholi Passos, afirma que é preciso considerar quais faixas etárias são cobertas pelo programa de vacinação, já que muitas vacinas estão disponíveis no calendário nacional apenas para alguns grupos, apesar de poderem ser aplicadas em pessoas de outras idades. Quem determina os critérios segundo os quais as vacinas serão disponibilizadas é o Ministério da Saúde que, geralmente, prioriza as parcelas da população que apresentam maior risco de contágio ou de apresentarem as doenças nas formas mais graves. O impacto que as doenças poderão ter, caso se transformem em epidemias, também é levado em conta. “Pode acontecer de a doença ocorrer nos grupos que não foram vacinados, ou seja, dispomos da vacina contra meningite, na rede, para algumas faixas da população e a doença pode ocorrer, por exemplo, em adultos, que não têm cobertura, segundo a norma do Ministério da Saúde”, explica a Luzia.
Essas são apenas algumas das razões para o retorno das doenças. Mesmo com as vacinas disponíveis, muitos indivíduos dos grupos privilegiados não comparecem para receber a dose. Um exemplo é a vacina contra febre amarela: todos têm indicação de recebê-la, salvo aqueles para os quais, por condições especiais, a vacina é contraindicada. “Ainda estamos com 91% de cobertura — cerca de 60 mil pessoas não foram vacinadas. Se excluirmos aqueles que têm contraindicação, veremos que há muitos, ainda, para vacinarmos”, observa a especialista.
Outro fator que pode determinar o retorno dessas enfermidades são as várias etimologias das doenças, que podem se apresentar em muitos tipos, nem todos com vacinas disponíveis na rede pública. “É preciso saber qual é o tipo da doença, em qual faixa etária ela se apresenta, se temos a vacina para aquele tipo específico, entre outras informações. Também há o comportamento epidemiológico das doenças, que possuem períodos de maior circulação viral, determinados por vários fatores”, ressalta Luzia, pontuando que se em tais períodos houver um grande número de pessoas susceptíveis, poderá haver a ocorrência de surtos.
Em Ribeirão Preto, isso aconteceu com a varicela, a caxumba e alguns casos de meningite por várias etiologias, algumas sem vacina disponível na rede pública — todos os casos dentro da sazonalidade das doenças. Houve apenas um caso de febre amarela em pessoa que não havia sido vacinada. De nenhuma dessas doenças foram registrados surtos recentes. “Para mantermos essas doenças sob controle, temos que manter altas coberturas vacinais, além de observar e colocar em prática outras medidas de prevenção, dependendo das formas de transmissão. Que bom seria se tivéssemos vacinas disponíveis para todas as faixas etárias”, comenta a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento da Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto.
Conforme Sílvia Fonseca, infectologista (CRM: 47.981), uma das maneiras mais eficazes de controle de infecções é o uso de vacinas. “A varíola, doença terrível que matou milhões de pessoas por muitos séculos, e deixou cicatrizes permanentes em outras tantas, foi erradicada usando uma estratégia de vacinar, praticamente, todas as pessoas num mesmo período”, conta a médica. Sílvia explica que os micro-organismos continuam a existir na natureza e cada uma das infecções que eles causam podem ocorrer isoladamente ou em surtos nas populações, dependendo da imunização do grupo populacional. Acrescenta que, para cada uma das doenças, existem explicações para estrarem surgindo com mais força do que no passado, sendo que, em quase todos os casos, estão relacionadas a uma perda da imunidade à infecção: ou porque a vacina tem um efeito menor que o esperado ou porque a pessoa não foi vacinada.
Segundo a infectologista, caxumba, meningite meningocócica ou por pneumococo, varicela e difteria podem acometer adultos, principalmente aqueles que não foram vacinados na infância. A escarlatina é mais frequentemente encontrada em crianças em idade escolar, até 18 anos, mas também pode ocorrer em adultos. A varicela tem uma peculiaridade: é muito mais grave em adultos do que em crianças, incluindo gestantes, que podem ter a forma grave e/ou transmitir para o bebê, causando complicações sérias.
Sílvia destaca que não tem notícias de casos de febre amarela urbana, difteria, meningite, escarlatina e varicela — apenas episódios esporádicos de caxumba. Conforme a infectologista, isso ocorre devido ao trabalho do Serviço de Vigilância Epidemiológica de Ribeirão Preto, com suas frequentes atualizações estatísticas.
Com exceção da febre amarela, que não é transmitida de pessoa para pessoa, e da escarlatina, para a qual não existe vacina, a vacinação é a melhor proteção em todos os demais casos. “De uma maneira geral, o hábito de higienizar as mãos, com água e sabonete ou com álcool gel antes de comer, depois de ir ao banheiro, antes e depois de contato com pessoas doentes protege da maioria das infecções”, explica a especialista. Segundo a médica, todas essas doenças devem ser levadas a sério, já que são infecções que podem se agravar e levar ao óbito. A prevenção pode ser muito mais eficaz se as autoridades sanitárias implantarem a vacinação universal para todas as infecções em questão.
A infectologista Karen Mirna Loro Morejón (CRM 102.251) também acredita que o retorno dessas doenças, algumas vezes, está relacionado à baixa cobertura vacinal. “Manter a carteira de vacinação atualizada é a maneira mais eficaz para garantir controle sobre tais doenças. Em relação à escarlatina, o mais importante é o diagnóstico e o tratamento precoce, além de evitar o contato com a pessoa doente”, observa a médica. Segundo a especialista, todos são igualmente suscetíveis a infecções como difteria, febre amarela, caxumba, meningite, varicela e escarlatina. Porém, os que possuem condições de imunossupressão podem adoecer com maior facilidade.
Para a médica, o caso da poliomielite ilustra que é possível dar uma resposta positiva a essas doenças quando se prioriza a prevenção por meio de vacinas. “A pólio afeta, sobretudo, menores de cinco anos, sendo que uma a cada 200 infecções ocasiona paralisia irreversível, geralmente nas pernas, e em 5% a 10% desses casos as pessoas podem morrer devido à paralisia dos músculos respiratórios. Com um esforço conjunto, conseguimos reduzir a ocorrência da doença em mais de 99% dos casos em todo o mundo: de 350 mil ocorrência em 1988 para 75 notificados em 2015”, relata a especialista, mostrando que a resposta pode estar em um sistema eficaz de vigilância e de imunização.
O Programa Nacional de Imunizações realiza inúmeras campanhas de vacinação. No entanto, conforme a médica, para que sejam efetivas, é necessário que as pessoas se dirijam às unidades de saúde e se vacinem. Muitas vezes, a pessoa, por inúmeros fatores, acaba não atendendo a esse chamado: alguns porque não dão a devida importância, outros, ainda, por não estarem convencidos do real benefício das vacinas e outros, por terem receio de eventuais reações adversas. “É muito importante que as pessoas saibam que existem evidências concretas e robustas sobre os benefícios da vacinação”, conclui Karen.
Conheça as doenças e as formas de prevenção
Difteria
Causa:
Corynebacterium diphtheriae, pode ser transmitida pelas secreções nasais de doentes e de portadores assintomáticos. O contágio também pode ocorrer por meio de objetos contaminados por tais secreções.
Prevenção:
Vacinação e evitar contato com pessoas contaminadas. A transmissão pode aumentar nos meses frios e em ambientes fechados devido à aglomeração.
Meningite
Causa:
Pode ser causada por vírus ou bactérias.
Prevenção:
As meningites causadas pelos meningocos A, C,W e Y podem ser prevenidas com a vacinação. Recomenda-se evitar aglomerações, o contato com o doente e com os objetos de uso pessoal, manter o ambiente arejado e lavar as mãos. No Brasil, é recomendada a vacinação contra haemophilus influenzae tipo B, meningococo e pneumococo — os maiores causadores da doença em crianças.
Febre amarela
Causa:
Flavivirus, é transmitida pela picada de mosquitos infectados, sem possibilidade de transmissão de pessoa para pessoa.
Prevenção:
Além da vacinação e da eliminação dos criadouros dos mosquitos, o uso de repelentes é uma boa forma de diminuir os riscos de infecção.
Escarlatina
Causa:
Streptococcus ß hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes) e, eventualmente do grupo C, D e G. Transmissão por meio de gotículas de saliva ou secreções nasofaríngeas de pacientes com faringoamigdalite estreptocóccica aguda.
Prevenção:
Evitar contato direto com o enfermo. Aglomerações em ambientes fechados podem facilitar o contágio, principalmente, nos meses frios e após ou concomitantemente a quadros de varicela e feridas cirúrgicas infectadas, podendo levar a ocorrência de surtos. A prevenção é feita pelo reconhecimento dos casos. A partir disso, o rápido tratamento com antibióticos cessa a transmissibilidade após 24 horas do início do tratamento. Uma das complicações mais temidas é a febre reumática, daí a importância do diagnóstico precoce. Não há vacina para a doença.
Poliomelite
Causa:
Poliovírus, que vive no intestino. Com predominância em crianças com menos de quatro anos, pode ocorrer em adultos. Cerca de 1% dos infectados pode desenvolver a forma paralítica da doença, com sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, a morte. Pode ser transmitida de uma pessoa a outra — contágio através da boca, em contato com material contaminado com fezes, portanto, inadequadas condições sanitárias e de higiene são facilitadoras. O contágio pode ocorrer pela contaminação da água e de alimentos por fezes e pela forma oral-oral, por meio de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar.
Prevenção:
A vacinação é a melhor forma de prevenção, assim como manter boas condições de higiene pessoal e do ambiente.
Varicela (ou catapora)
Causa:
Varicella Zoster. A transmissão ocorre pelo contato direto ou através de secreções respiratórias e, às vezes, pelo contato com as lesões de pele. Objetos contaminados por secreções de vesículas ou de mucosas dos pacientes também ocorrem.
Prevenção:
Evitar contato com o enfermo, não tocar nas lesões sem luva e ventilar bem o ambiente. Enquanto houver vesícula, há risco de infecção. Como a infecção é muito contagiosa, se houver pessoas susceptíveis, haverá casos da doença, principalmente, no final do inverno e no começo da primavera.
Caxumba
Causa:
Paramyxovirus, é transmitida pelo contato com gotículas de saliva de pessoas infectadas, de forma direta ou indireta (através de objetos contaminados por secreções de nariz, boca ou garganta do doente).
Prevenção:
A indicação é de vacinar as pessoas que tiveram contato com o enfermo. A vacina deve ser administrada aos 12 meses de idade. Estados Unidos, Reino Unido e Bélgica têm diagnosticado surtos de caxumba em escolas com altas coberturas vacinais, possivelmente devido à adaptação do vírus, coberturas heterogêneas e falhas vacinais primárias ou secundárias. Atualmente, recomenda-se a vacinação em adultos não vacinados na infância.
As epidemias brasileiras
Em um plano de aula, publicado pela revista Carta Capital, Moacyr Scliar faz uma retrospectiva histórica das epidemias no Brasil. Essa história começou com a chegada dos portugueses ao país: além de sua avidez pelas riquezas, trouxeram micróbios para os quais os índios não tinham imunidade. Em 1563 aconteceu a 1ª epidemia de varíola e, pouco depois, a introdução de outras doenças do Velho Mundo: malária, febre amarela, tuberculose e peste bubônica, em um ambiente com precárias condições de atendimento médico, higiene e de saneamento. Os físicos (médicos da época) eram poucos e as curas ficavam a cargo de curandeiros. A assistência hospitalar era feita pelas Santas Casas, estabelecimentos beneficentes, sem recursos terapêuticos. Era comum o uso de sanguessugas para eliminar o sangue “envenenado” ou o excesso dele.
Em 1850, ocorreu uma grande epidemia de febre amarela. Surgiu, então, a Junta Central de Saúde Pública, precursora do Ministério da Saúde e chegou ao país o conceito “medicina tropical”, inspirado no colonialismo europeu na África e nas Américas. A susceptibilidade dos europeus à febre amarela culminou com o surgimento da Escola Tropicalista Baiana, em Salvador.
Com o crescimento do país, doenças infecciosas como a febre amarela, a peste, a varíola, a tuberculose se tornaram frequentes na capital — Rio de Janeiro. Episódios como o do Lombardia, navio da marinha italiana, que chegou ao Brasil com 340 tripulantes e voltou com apenas sete em decorrência da febre amarela, começaram a inviabilizar a exportação brasileira, sobretudo de café. O governo Rodrigues Alves decidiu tomar providências: o cientista Oswaldo Cruz, que tinha estagiado em Paris e conhecia os trabalhos de Louis Pasteur e seus discípulos, assumiu a diretoria de Saúde Pública (antecessora do Ministério da Saúde).
Oswaldo Cruz começou a combater o foco de mosquitos e reduziu os casos; na sequência, combateu os ratos para deter a peste bubônica, também com êxito. Mas quando tentou tornar obrigatória a vacinação contra varíola, houve a “Revolta da Vacina”, em 1904, no Rio de Janeiro, com grande reação popular, que deixou dezenas de mortos.
Em 1909, Carlos Chagas atuou como sanitarista nas obras da Estrada de Ferro Central do Brasil, que pretendia unir o Norte e o Sudeste, de Belém do Pará ao Rio de Janeiro. Em Lassance, vilarejo do sertão mineiro, as obras estavam paralisadas devido a uma moléstia que estava levando as pessoas à morte. Examinando ao microscópio, o conteúdo do tubo digestivo dos barbeiros, descobriu um tripanossomo. Com novos experimentos, fez um trabalho inédito na Medicina: descobriu uma nova doença — a doença de chagas — identificou o agente causador e o mecanismo de transmissão. O microrganismo foi posteriormente denominado Trypanosoma cruzi, em homenagem a Oswaldo Cruz.
A constatação de Cruz e de outros sanitaristas sobre a miséria e as deprimentes condições de saúde no interior do Brasil culminou, em 1918, com a criação da Liga Pró-Saneamento, presidida por Belisário Penna, cuja finalidade era institucionalizar o combate às endemias rurais com uma política sanitária de caráter nacional, centralizada pelo governo federal. Foi criado, então, o Serviço de Profilaxia Rural, para combater a malária, a ancilostomíase (o amarelão) e a doença de Chagas.
A partir de 1930, com o incremento da industrialização e da urbanização, a assistência médica de trabalhadores e de suas famílias ganha relevo. A Lei 6.229, de 1975, que criou o Sistema Nacional de Saúde, introduziu o conceito de ações integradas de saúde. Em 1986, em Brasília, a VIII Conferência Nacional de Saúde, intensificou o processo e, no ano seguinte, surge o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS). Por fim, a Constituinte de 1988 introduziu o Sistema Único de Saúde, SUS, até hoje responsável pelas ações preventivas e curativas de saúde no país.
Escarlatina volta a assustar
Apesar de ser vista como uma doença do século passado, a escarlatina tem tirado o sono de especialistas do Reino Unido e da Ásia: não conseguem entender como uma doença que já não fazia parte do cotidiano dessas regiões, há tanto tempo, pode ter retornado como tanta força. Na Inglaterra, em 2015, foram registrados 17.586 casos da infecção, o maior número de casos desde 1967, quando foram contabilizados 19.305 registros. Em Hong Kong, de 2010 a 2015, ocorreram mais de 5 mil casos, 10 vezes a média registrada anteriormente. A China teve mais de 100 mil casos. Na década de 1930, chegaram a ser constatados, na Inglaterra e no País de Gales, cerca de 100 mil casos. Após surgirem os antibióticos, o número de doentes foi sendo reduzido pouco a pouco. Em 2014, entretanto, esse número cresceu significativamente. Os especialistas ainda não descobriram o porquê do retorno da doença.
Texto: Carla Mimessi
Fotos: Ibraim Leão e Júlio Sian
Dados: infectologistas Karen Mirna Loro Morejón e Sílvia Fonseca