Em declínio

Em declínio

Apesar de Ribeirão Preto somar mais de 800 óbitos causados pela Covid-19, cidade apresenta queda no número de mortes nos últimos três meses

TEXTO: GABRIELA MAULIM


Há pouco mais de sete meses, no dia 26 de março, Ribeirão Preto registrava a primeira morte causada pela Covid-19. Desde então, a cidade acumulou 857 óbitos causados pela doença, uma taxa de 120,39 mortes por 100 mil habitantes do município. Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde, de março a outubro, o percentual de letalidade na cidade ficou em 2,7%. Por semana, a cidade registrou, em média, 27 óbitos pelo novo coronavírus. Até o dia 3 de novembro, o município somava 31.345 pessoas infectadas.

O total de mortes, apesar de demonstrar queda de 78,5% de setembro para outubro, é maior do que nas cidades de Santo André — com 718.773 habitantes, 646 óbitos e taxa letal de 90 mortes por 100 mil munícipes —, São José dos Campos — 721.944 pessoas, 466 mortes e 65 por cada 100 mil — e Sorocaba — com 679.378 moradores, 435 vítimas da doença e 64 mortes por 100 mil habitantes —, segundo dados da plataforma Covid-19 no Brasil, do Ministério da Saúde.

Do total de óbitos em Ribeirão Preto, mais da metade das vítimas eram homens (472) e cerca de 83% das vítimas ribeirãopretanas do novo coronavírus estavam na faixa etária acima dos 60 anos. Segundo Karen Mirna Loro Morejón, médica infectologista do Hospital das Clínicas e diretora da Sociedade Paulista de Infectologia, esse público é mais vulnerável ao vírus por uma soma de fatores. “Pela faixa etária, na qual a imunidade naturalmente tende a cair em algumas pessoas e, somado a isso, muitos pacientes têm comorbidades, então há outras doenças associadas, como hipertensão, diabetes, obesidade e, eventualmente, neoplasias. Então, vão sendo somados fatores que deixam esse paciente com a imunidade mais debilitada e, portanto, mais suscetível a esse tipo de infecção”, explica.

Além de a doença atingir mais os idosos, a Covid-19 é mais arriscada em pessoas que têm algum outro problema de saúde associado. No município, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura, 49,1% das vítimas do novo coronavírus tinham doença cardiovascular crônica, 36,8% diabetes mellitus, 24,4% hipertensão arterial e 21,5% doença neurológica crônica. Por isso, de acordo com a infectologista, além de o idoso manter o cuidado com a higiene, é importante, também, que a família sempre reforce os cuidados com esse grupo, pois, em muitos casos são os próprios cuidadores que transmitem o vírus para os mais velhos. “A pessoa precisa sair para trabalhar? Precisa, então ela vai sair e vai tomar todos os cuidados no trajeto e no trabalho, mas a família também precisa auxiliar no sentido de que as próprias pessoas que vivem no mesmo local evitem aglomerações e locais com muita gente. Quantos idosos atendemos que estão em casa quietinhos, mas quem saiu para fazer festa e viagem em feriadão foi a pessoa que mora junto com eles. Aí, essa pessoa volta e infecta o idoso, aquela pessoa doente, que tem alguma comorbidade. O idoso tem de se cuidar, mas as pessoas que moram junto, os cuidadores dele, também são responsáveis por isso e precisam tomar cuidado para não trazer a doença para casa”, alerta Karen.

MORTE PRECOCE

Até o fechamento da reportagem, o município havia registrado apenas uma morte de criança por causa da doença: a de um garoto de oito anos. A morte ocorreu no dia 19 de outubro. O paciente estava internado em um hospital público da cidade e tinha doença neurológica e pneumopatia crônicas.

 

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