Estímulo ao empreendedorismo

Estímulo ao empreendedorismo

Paulo Eduardo Arruda, gerente regional do Sebrae-SP em Ribeirão Preto, fala sobre as expectativas do mercado para 2023 e dos planos para auxiliar os microempreendedores locais

Ter mais de três décadas de trabalho dedicadas à mesma empresa não é para qualquer um. Há 31 anos no Sebrae-SP, o gerente regional Paulo Eduardo Arruda sabe bem o peso e a importância do seu trabalho. Arruda viu o empreendedorismo nascer e eclodir no país. Foi um agente ativo na proliferação dos microempreendedores individuais (MEIs) e auxiliou empresários a otimizarem seus negócios. A carreira no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) teve início em 1992, no escritório regional no município de São Carlos. Em 1993, ele foi atuar como gerente regional na unidade de Araraquara e, em 1995, veio para dirigir o escritório de Ribeirão Preto. Por aqui, Arruda ficou até 2007, quando foi convidado para assumir a diretoria técnica do Sebrae em São Paulo, onde ficou até 2022. Agora, em 2023, o gerente volta para Ribeirão Preto, a cidade que, por tanto tempo, o acolheu.

 

 

Qual é a abrangência regional do Sebrae e quantas unidades ele possui especificamente em Ribeirão Preto?


 

Ribeirão Preto é uma região formada por 27 municípios. Desses 27 municípios, 25 deles têm um projeto que chamamos de “Sebrae Aqui”, que é uma unidade do Sebrae em parceria com a prefeitura, associações comerciais e sindicato. Em Ribeirão Preto, temos três unidades do “Sebrae Aqui”. A mais antiga é a da Avenida Dom Pedro I, no Ipiranga, fundada em 2010, em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp). Inclusive, essa foi a primeira unidade desse tipo aberta no Estado de São Paulo. Desde então, o Sebrae tem expandido, principalmente em cidades onde não possuíamos unidades. Na semana passada, abrimos mais duas unidades em Ribeirão Preto, uma unidade do “Sebrae Aqui” no Centro, na sede da Acirp na Rua Visconde de Inhaúma, e outra na distrital norte da Acirp, na Avenida Saudade. Esses são pontos nos quais não atendemos apenas os associados da Acirp, mas, também, futuros associados, empresas que buscam projetos voltados para a comunidade e empresários que buscam informação e capacitação. Além desses, temos em andamento um projeto de inaugurar, nos próximos meses, mais um ponto de atendimento na distrital da Avenida Caramuru.

 

 

Como as novas unidades do “Sebrae Aqui”, em parceria com a Acirp, melhoram o atendimento em Ribeirão Preto?



Quais são os principais serviços oferecidos por essas unidades? Um dos lemas do Sebrae é estar sempre presente e cada vez mais próximo do nosso atual e futuro cliente. Principalmente do microempreendedor individual (MEI), que cresceu muito nos últimos anos. Lá no meu início no Sebrae, há 30 anos, tínhamos uma média nacional de uma empresa para cada 40 habitantes. Atualmente, esse número saltou para uma empresa para cada 10 habitantes. São, aproximadamente, 20 milhões de MEIs, micro e pequenas empresa no Brasil. Em Ribeirão Preto, esse número é ainda maior, se aproxima de uma empresa para cada sete pessoas. Essa média cresceu, principalmente, com a flexibilização das leis trabalhistas. Muitos acabam montando seu próprio negócio. Às vezes, até um celetista abre a própria empresa em paralelo. Também podemos ressaltar a questão do desemprego, que força muitas pessoas a abrirem seus próprios negócios. Atualmente, o MEI é o grande cliente que temos. Em parceria com a Acirp, temos investido nesses micro empresários para que, no futuro, eles se tornem uma empresa de maior porte e possam ser atendidos com todos os serviços que a Associação Comercial e o Sebrae oferecem. Portanto, é um serviço social, uma maneira de atingirmos a sociedade, levando para esses empresários a oportunidade deles se capacitarem e se formalizarem. 

 

 

Qual é a importância da parceria entre o Sebrae-SP e a Acirp para o desenvolvimento dos pequenos negócios em Ribeirão Preto?

 

 

A principal vantagem dessa parceria é a contribuição que oferecemos para que as empresas se formalizem, se estruturem e se profissionalizem, para que cresçam e se tornem cada vez mais competitivas. E o “Sebrae Aqui” tem esse propósito, ele é um projeto que reúne a comunidade. Nosso foco não é obter receita, pelo contrário, ele não traz receita para a associação, não traz receita para o Sebrae. Ele é um projeto de fomento ao empreendedorismo. Ensinamos como os empresários podem estruturar sua empresa para que ele possa ser um beneficiário de tudo o que o MEI oferece, inclusive a possibilidade de se aposentar, o auxilio doença, etc.

 

 

Quais são as principais estratégias para expandir os atendimentos a microempreendedores na cidade?

 

 

Concentramos em expandir o atendimento presencial e, também, o remoto. Muitos conteúdos do Sebrae, atualmente, já são de acesso remoto. O empresário pode ter acesso aos materiais e até à consultoria remota. Já no presencial, continuamos com a ampliação através do “Sebrae Aqui”. Atualmente, cerca de 90% do atendimento do “Sebrae Aqui” é voltado para o MEI. Além disso, mantendo o nosso lema de estarmos sempre próximos, temos opções do “Sebrae Aqui” vocacionados. Focados no atendimento de mulheres, de comunidades carentes e, no momento, estamos em negociações com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) para a criação de um “Sebrae Aqui” voltado, especificamente, para o agro. Além disso, todos os “Sebrae Aqui” são integrados com um programa chamado “Empreenda Rápido”, que engloba todo o Sistema S, no qual integramos a gestão e o comportamento empreendedor com a formação de mão de obra. 

 

 

Quais são as principais tendências do mercado para os próximos anos e como o Sebrae-SP pode ajudar os empresários a se adaptarem a elas?

 

 

O que as empresas devem se atentar, principalmente do varejo, é equilibrar o foco entre o atendimento presencial e o remoto. A tendência que observamos é que as empresas estão cada vez mais presentes nas redes sociais, aproximando o relacionamento com seus clientes. As empresas que se adaptam às tecnologias conseguem entender ainda melhor a vocação de cada tipo de cliente, ter um histórico do que costumam comprar, quais produtos gostam mais, frequência de compras, etc. Atualmente, a empresa não pode ser única e exclusivamente remota ou presencial. Essas duas modalidades devem se integrar e é preciso inovar, oferecer novas experiências ao consumidor. E é essa uma das formas que o Sebrae ajuda os empresários. Fazemos com que eles reflitam sobre como podem inovar, como podem surpreender os clientes e lhes vender uma experiência única. 

 

 

 

Quais são os principais cursos e treinamentos oferecidos pelo Sebrae-SP em Ribeirão Preto?

 

 

O nosso portfólio de soluções é muito amplo. Temos opções do futuro empresário ao empresário consolidado. Temos, também, projetos que levam a cultura empreendedora para o Ensino Fundamental, ensinando os primeiros passos do que é empreender para crianças. Existem, ainda, projetos voltados para comunidades carentes, o “Empreenda Rápido”, que é ajudar o empresário a montar seu próprio negócio, em parceria com o Sistema S. Temos um programa vocacionado específico para mulheres em situação de vulnerabilidade e, também, para mulheres em posições de liderança. Para quem já é empresário, ajudamos a pensar soluções para melhor o controle financeiro, controle de produtos, de marketing, de estoque, de produtividade. Além dos cursos, oferecemos também orientações individuais. Essas orientações fazem parte do nosso projeto de expansão e de geração de mão de obra qualificada. Atualmente, nós temos consultores parceiros credenciados pelo Sebrae que atuam tanto em palestras, quanto em atendimentos individuais. 

 

 


Além do trabalho no Sebrae você também mantém um blog sobre música. Como equilibra essa rotina?

 

 

Além de trabalhar esses 31 anos no Sebrae, tem algo que eu gosto muito, desde criança, que é música e cinema. Daí, criei esse canal que está em todas as redes sociais: o “Músicas e suas histórias”. Nele, conto a história das músicas, do compositor e da letra de diversas canções brasileiras. Sempre relacionando a música com o contexto histórico da época, explicando porque o artista compôs aquela letra. No site, dividimos os tópicos ao longo de décadas, desde 1900, com Chiquinha Gonzaga, até as composições atuais. São 120 anos de Música Popular Brasileira (MPB). Esse blog surgiu como um hobbie, mas eu não deixo de ver nele uma possibilidade futura até como uma profissão. A minha ideia para o futuro é ter um estúdio e funcionários. Meu sonho é transformar essa iniciativa em um projeto educativo. Uma forma de fomentar, em professores e alunos, o interesse pela música de uma forma mais aprofundada. 


Fotos: Luan Porto

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