Finanças na escola

Finanças na escola

Professores ressaltam a importância da Educação Financeira nas escolas para formação de cidadãos conscientes e financeiramente independentes

Lidar com problemas financeiros é fundamental para manutenção da qualidade de vida e para formação profissional dos cidadãos. A Educação Financeira integra a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que regulamenta as práticas pedagógicas nacionais desde 2017, e passou a ser implementada nas escolas do ensino infantil e fundamental a partir de 2020. Classificado como tema transversal, a temática aborda diferentes áreas do conhecimento de forma multidisciplinar. 

 

Na avaliação de Samuel Valentim Vieira, professor de matemática da Escola SEB Ribeirânia, que oferece um curso extracurricular de Matemática Financeira para os alunos do Ensino Médio, a educação financeira pode proporcionar mais qualidade de vida aos alunos. “Além da incidência nos principais vestibulares, especialmente no Enem, a matemática financeira é utilizada na vida profissional e pessoal. Esse é o grande incentivo, pois é uma parte da matemática com uma aplicação muito grande que permite a resolução de vários problemas do cotidiano”, destaca. 

 

No SEB, além de Vieira, os professores Wagner Góes, Jessé Duarte e Thiago Bortol também ministram as aulas de educação econômica. Segundo o professor, o curso possui um componente teórico aliado com a prática, oferecendo aos estudantes ferramentas que contribuem com a formação do. “Trabalhamos desde a parte teórica da matemática financeira, noções de porcentagem, lucro e prejuízo, juros simples e compostos e até logaritmos. Os professores mostram, por exemplo, como simular compra e venda de ações, trabalhar no mercado financeiro e tomar decisões corretas usando análise de gráficos e planilhas”, completa Vieira. 

 

Formação completa 

Segundo a professora e coordenadora de matemática do Liceu Albert Sabin, Renata Tarlá, as escolas têm buscado ampliar horizontes para além do ensino do conteúdo, garantindo um saber crítico para formação completa do aluno. “A educação financeira abastece os alunos de um conhecimento que pertencerá aos profissionais do futuro. Em sua vida escolar, motivados por desafios e atividades vão entender melhor as relações de consumo, a diferença entre necessidade e supérfluo, empreendedorismo e orçamento familiar e assim estarão preparados para agir ativa e criticamente na sociedade”, comenta. A coordenadora destaca que a discussão de situações cotidianas envolvendo hábitos de consumo, orçamento familiar e planejamento financeiro para realização de planos futuros, forma cidadãos conscientes sobre como lidar com seus recursos, mantendo uma relação saudável com o dinheiro. 

 

“A educação financeira é trabalhada como tema transversal em diversas disciplinas. Alguns exemplos são: em Geopolítica, o consumismo na sociedade atual frente ao sistema capitalista de produção; em História, a origem do dinheiro, do escambo à bitcoin; em Língua Portuguesa, a criação de uma propaganda efetiva que atinja o consumidor; em Ciências, o consumo de água e energia elétrica; e, sobretudo, em Matemática, disciplina na qual os alunos podem vivenciar situações envolvendo o dinheiro e aprender ferramentas que possam ajudá-los a enxergar o mundo em que vivem”, detalha Renata. 

 

Para Jaime Fabreti Júnior, diretor da KND Consultoria e Auditoria empresarial, a Educação Financeira adquiriu ainda maior importância após a pandemia da Covid-19, quando houve um aumento no nível de endividamento e inadimplência. “A grande importância é iniciar dentro do processo básico da educação a introdução do conhecimento financeiro como um grande aliado ao sucesso da saúde financeira de um indivíduo ou de uma família. A educação básica é o melhor e mais fácil caminho para a formação de cidadãos com conhecimentos financeiros e preparados para uma economia cada vez mais digital”, acrescenta. 


Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

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