Gestor Versátil

Com formação em pediatria, Rodrigo Nóbrega escolheu a área da gestão em saúde para trilhar seu caminho de sucesso.

Redação

07 Fev 2020

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Texto: Bruna Romão Foto: Julio Sian
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Ele não esconde que, longe dos negócios, o esporte é a grande paixão. Nascido em Ribeirão Preto, o médico e gestor em saúde Rodrigo Nóbrega formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Desejou seguir pela área da oftalmologia, influenciado pelo próprio pai, que já exercia a profissão, mas foi no quinto ano de faculdade que se encantou pela pediatria, porque, segundo ele, a especialidade permite obter uma visão geral do paciente, além de permitir aplicar todo conhecimento adquirido em meio acadêmico. Montou o próprio consultório, na clínica onde o pai trabalhava, passou pelo corpo clínico da Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto e, concomitantemente, era médico assistente do Hospital das Clínicas. Vivia de plantões e, enquanto isso, o consultório ascendia gradativamente.

Cerca de sete anos depois, foi se arriscar na área de gestão em saúde, profissão que, hoje, desempenha com êxito. Casado e pai de dois filhos, Rodrigo deixa claro que a vida não é sinônimo, apenas, de trabalho: para ele, é preciso encontrar tempo para desempenhar paixões, como a corrida, o esporte preferido. Maratonista desde 2006, também já fez percursos de bicicleta em distintos lugares, como França e Inglaterra. Fascinado pela leitura e escrita, o também escritor nas horas vagas lançou um livro em outubro de 2019, sobre marketing hospitalar, e, de acordo com ele, o retorno do público tem sido positivo. “Tenho pretensão de escrever mais uma obra, ‘Pelo mundo com as crianças’, que vai narrar as viagens de aventura que fiz ao longo dos anos com os filhos pequenos pela África, Ásia, Europa”, destaca Rodrigo. O sócio-fundador e diretor da Gesti - Gestão e Soluções em Terapia Intensiva expõe, a seguir, detalhes sobre o empreendedorismo e os hábitos fora do trabalho.

Quem é o Rodrigo Nóbrega fora dos negócios?

Tenho vários hobbies e o principal é o esporte. Fui jogador de polo aquático por 23 anos. Joguei na Recra - Sociedade Recreativa e de Esportes de Ribeirão Preto, no time da USP, pelo time de Belém do Pará por um ano. Cheguei, também, a disputar campeonato paulista e brasileiro. Hoje, meu esporte preferido é a corrida de rua e sou maratonista desde 2006. Faço, também, muitos percursos de bicicleta em lugares como França e Inglaterra. Viajar sempre foi um prazer. Recentemente, voltei dos Estados Unidos e, lá, pude participar da Maratona de Orlando. Gosto de trilha, outra paixão. Já fiz a caminhada de Santiago de Compostela, com minha esposa, e no Brasil, o Caminho da Fé. Por fim, meu outro hobby é música: gosto de ouvir e colecionar discos — tenho em torno de 3.000, entre vinil e CD. Coloco sempre seis parâmetros na vida: família, trabalho, leitura, música, viagem e esporte. 

Quando abriu o negócio com sua sócia, Ana Beatriz Moreira, você imaginou que ele ganharia essa proporção?

À época, havia UTI Neonatal e Pediátrica só nas grandes cidades. Pensamos em abrir o negócio em cidades de pequeno porte da região, como Barretos e Pirassununga. Conforme ficamos mais conhecidos pelo trabalho, recebemos o convite para montar no Pará e, assim, enxergamos que tínhamos potencial para abrir negócio em qualquer lugar do Brasil. Hoje, então, fazemos a gestão de Unidades de Terapia Intensiva Adulto, Neonatal e Pediátrica em diversos lugares do país. Conseguimos gerar atendimento médico de alto padrão em lugares distantes, isso faz a diferença.

O que é mais difícil: cuidar da gestão ou atuar como pediatra?

Nada é fácil. Tudo o que você precisa fazer bem feito para ter retorno dá trabalho. Digo que é diferente. Penso que, cuidando da gestão, lido com mais pessoas, há preocupação com uma série de atividades, a responsabilidade aumenta. Atualmente, temos em torno de 800 colaboradores diretos e indiretos. 

Atualmente, você não exerce mais a profissão de médico. Por que o desejo de empreender?

São vários fatores, mas sempre pensei no impacto social que meu trabalho causaria. Como pediatra, conseguiria atender cerca de 200 crianças por mês. Uma empresa como a Gesti - Gestão e Soluções em Terapia Intensiva estrutura mais atendimentos mensalmente e o impacto é maior: são mais de 7.000 pessoas que podem ser contempladas com os serviços em determinados locais. Questiono, se não tivéssemos montado uma UTI no interior do Pará, como estaria a saúde dessas crianças?

É difícil empreender no Brasil?

O Brasil é um ambiente de negócios complexo, com carga tributária muito alta, infraestrutura ruim e burocracia grande. Para abrir uma empresa no país, demora, pelo menos, um mês, às vezes, seis meses. Nos Estados Unidos, surge uma a cada dez a 15 minutos.

Qual o segredo para ser bem-sucedido?

Em qualquer área é preciso ter foco. Ser persistente, trabalhar de sol a sol, sem descanso, pelo menos até o negócio chegar a um ponto de maturidade. Sempre estudar muito aquilo que você está fazendo, conversar com as pessoas, ser perspicaz para entender o quanto aquele serviço é importante para comunidade. Toda vez que se vende alguma coisa ou se presta serviço para alguém, é preciso saber quem é o comprador — e, claro, ter planejamento, organização e boa estrutura comercial.

Você sempre teve veia empreendedora?

Sempre tive espírito de liderança. Participei de centro acadêmico, atuei como técnico do time de polo aquático de Ribeirão Preto e técnico de handebol na faculdade. Minha veia foi de liderança. A entrada nessa área do empreendedorismo surgiu pela vontade de ter o negócio próprio, não ficar apenas na rotina de consultório, com potencial mais limitado. Quando comecei a trilhar esse rumo, vi que precisava estudar. Fiz MBA em Gestão de Saúde. E é importante lembrar que, sem estudo, não se chega a lugar algum.

Você lançou um livro em outubro de 2019. Qual o assunto abordado?

Sempre gostei muito de ler e escrever. À época, já na área de terapia intensiva, com participação em cursos e congressos, fui ganhando notoriedade nacional e internacional. Por vezes, fui convidado para escrever capítulos de livros com outros colegas. Então, uma editora me chamou para escrever um livro de terapia intensiva juntamente com outros dois profissionais. Lançamos o livro em 2007 — uma obra de atualização em terapia intensiva. Foi uma experiência interessante. Há dois anos, surgiu o convite de outra editora para nossa empresa escrever uma obra sobre marketing hospitalar. Fizemos um lançamento em Ribeirão Preto e em Belo Horizonte. Tivemos um bom retorno, pois várias pessoas aderiram à obra.

Pretende publicar outras obras?

Recentemente, fechamos contrato com uma editora para escrever um livro sobre gestão de unidades de terapia intensiva pediátrica e neonatal, junto de mais três autores. Os capítulos já foram distribuídos entre nós, o lançamento será entre meados de agosto e outubro. E tenho pretensão de escrever mais uma obra, ‘Pelo mundo com as crianças’, que vai narrar as viagens de aventura que fiz ao longo dos anos com a família, por exemplo, pela África, pela Ásia e pela Europa, com meus filhos pequenos. Lembro-me de ter viajado com meu menino quando tinha cinco meses e a menina, seis anos. Vou aproveitar, também, a experiência da pediatria e dar dicas do que é preciso levar na bagagem quando há filho pequeno na família, qual remédio recomendado, que tipo de alimentação.

Qual sentimento de percorrer por diversos lugares do mundo?

Gosto muito de visitar países, diversas culturas, a arquitetura. Sempre compro discos e livros nos lugares onde passo. Não gosto de viagem rápida, fico, pelo menos, uma semana nos locais escolhidos.

Como ser feliz no trabalho?

É preciso fazer o que se gosta e ter prazer. Digo que é necessário estar feliz no emprego, com a família e, claro, praticar seus hobbies.

De que forma você enxerga sua vida daqui a 10, 20 anos?

Espero estruturar cada vez mais os negócios, para que a empresa dependa menos de mim e mais da estrutura própria. Essa é uma virtude das empresas, pois ninguém é insubstituível. Seguindo isso, é possível ter uma vida mais tranquila.