Heroínas da Linha de Frente

Heroínas da Linha de Frente

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, Revide realiza ensaio fotográfico com 35 profissionais da saúde de Ribeirão Preto

Desde o início de 2020, uma ameaça invisível e preocupante tem tirado o sono — e a vida — de milhões de pessoas no mundo. O coronavírus fez a primeira vítima no Brasil em fevereiro do ano passado e, hoje, pouco mais de um ano depois, o país ainda luta para combater a Covid-19. Nesse inóspito cenário, Ribeirão Preto conta com heroínas que, diariamente, arriscam suas vidas para salvar as dos pacientes. 

São centenas de profissionais na cidade que saem de casa sem a certeza do que encontrarão no trabalho. Apesar do esforço incansável, algumas vezes elas têm de se despedir de pacientes que perdem a batalha para a doença. Em outras ocasiões — felizmente, a maioria delas —, comemoram altas hospitalares, saídas de UTI e vitórias contra a Covid-19.
Para enfrentarem jornadas extenuantes e desafios antes inimagináveis, muitas médicas, enfermeiras, psicólogas, deixam em casa a família e voltam com o receio da contaminação pelo coronavírus. Uma rotina em que emoções se misturam, em um contexto que há um século não era vivenciado pela raça humana.

E como vivenciar uma pandemia? Para muitas profissionais da saúde, é o momento de deixar a resiliência falar mais alto. Para outras, é tempo de transformação, afinal seria impossível passar por uma experiência como essa sem sofrer mudanças internas. Para todas, contudo, o sentimento é de gratidão pela possibilidade de ajudar a salvar vidas.

Entre dores, dissabores e medo do desconhecido, as mulheres que atuam na saúde em Ribeirão Preto desempenham um papel que as deixa ainda mais em evidência, especialmente em uma data comemorativa que convida à reflexão sobre o empoderamento e a participação feminina na sociedade.

ENSAIO

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher em um ano de tamanho desafio para a humanidade, a Revide homenageia 35 profissionais da saúde que se arriscam, diariamente, em clínicas e hospitais, muitas delas na linha de frente contra a Covid-19. Todas foram clicadas em dois momentos distintos: descontraídas, no RibeirãoShopping, pela fotógrafa Lidia Muradás, e na ativa, nos locais de trabalho, pelo fotógrafo Luan Porto.

No ano em que a Revide completa 35 anos, foram escolhidas justamente 35 mulheres para essa homenagem. A ideia é celebrar um momento emblemático para a publicação em uma data que inspira reflexão — afinal, há séculos, o espaço da mulher na sociedade é debatido e há três décadas a revista se propõe a incentivar discussões que promovam um mundo melhor.
Nas próximas páginas, você encontra depoimentos emocionados de quem tem participado do dia a dia na batalha contra um dos maiores desafios contemporâneos da humanidade. Em imagens, o registro de momentos que, certamente, ficarão guardados na memória e registrados na história de quem viveu esse tempo. 

Fotos
Lidia Muradás e Luan Porto

Produção
Robes Britto e Lidia Mattos

Agradecimento
RibeirãoShopping

MULHERES (fotos na galeria) 

Eliane Nepomuceno

Enfermeira e coordenadora de enfermagem do Centro de Atendimento ao Coronavírus 
da Unimed

"O ano de 2020 foi um divisor de águas na minha carreira. Superei limites, enfrentei medos, vivenciei dias de glória e de terror. Está sendo um desafio liderar um setor com atendimentos de urgência e emergência para Covid-19 e, ao mesmo tempo, gratificante. Nesses meses, senti medo, insegurança, pensei em desistir. Somos nós, profissionais da saúde, frente a uma doença desconhecida e apavorante. Meu lema diário é: ‘eles precisam de mim!’. E é assim que treino minha equipe, sempre pensando o quanto estamos ajudando! Agora é a nossa hora! Chego em casa exausta, mas com uma sensação de dever cumprido”.

Juliana Rodrigues de Souza Gentil
Cardiologista e coordenadora médica do Centro de Atendimento ao Coronavírus da Unimed

"Em um ano de pandemia, eu me vi cercada de pessoas incríveis. Na arena, só encontramos os fortes e, entre os fortes, as mulheres prevaleceram em número — na unidade que coordeno somos a maioria. Compartilhar nossas angústias de mães, esposas e profissionais me ajudou a passar por esse período com mais leveza. Lembrando o discurso de Theodore Roosevelt, nesta pandemia, ser mulher na arena foi ter a face manchada de poeira, suor e, infelizmente, algumas vezes, sangue. Posso dizer, pensando em todas nós, que tivemos mais vitórias do que fracassos e isso nós fizemos: mantivemos nossa devoção à vida”.

Camilla Vidal
Médica especialista em Reprodução Humana no Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto (Ceferp) no Centro Médico do RibeirãoShopping

"É um período desafiador para a medicina. Ser médica, neste momento, requer muito esforço, atualizações constantes, cuidado e diversas outras adaptações. Um dos pontos que percebo como fundamental é a relação médico-paciente, pois as evidências científicas ainda são poucas. Em minha área de atuação, também precisamos nos atualizar constantemente, principalmente por estarmos lidando diretamente com a programação da gestação, um momento delicado e que requer toda a segurança possível. Como mulher, me solidarizo com a preocupação de todas as pacientes na difícil decisão entre o planejamento da maternidade com segurança e os receios referentes à pandemia”.

Edenyse Cristiane Bertucci
Especialista em Física Médica e supervisora de Radioproteção em Radioterapia no Centro de Tratamento Oncológico (CTO/CTR)

"Nossas rotinas de tratamentos não cessaram e os cuidados para evitar a contaminação foram redobrados, mas o medo e a angústia de dissipar o vírus entre os pacientes e de levar para dentro de casa é diário. Um dos momentos mais difíceis é quando saio de casa para trabalhar e deixo minha filha de três anos na porta me dizendo ‘mamãe não esquece a máscara, usa álcool em gel e cuidado com o bichinho’. É nessa hora que penso: se todos tivessem o mínimo de conscientização e respeito à saúde do próximo, com certeza não estaríamos nessa situação. Contudo, creio que vai passar, e que dias melhores virão”. 

Eline Landim Barbosa
Enfermeira no Centro de Tratamento Oncológico (CTO/CTR)

"Tivemos de nos adequar nesses tempos de crise e redobrar nossos cuidados, seja em casa, no trabalho, nas pequenas tarefas do dia a dia ou com nossos familiares. A rotina mudou radicalmente com a frase ‘fiquem em casa’, visto que, sendo uma profissão em que outras vidas dependem da sua, simplesmente não podemos ficar em casa. Ser mulher na linha de frente é saber um pouco de tudo a todo instante. É cuidar, lutar, viver e ser inspiração para todos que estão ao nosso redor e que estão almejando que tudo na vida volte à normalidade”. 

Thaís Inácio de Carvalho
Oncologista no Centro de Tratamento Oncológico (CTO/CTR)

"No primeiro momento, pensei que a Covid-19 não iria chegar ao Brasil. Achava que era uma gripe um pouco mais forte, mas, quando chegou à Europa, vi que o cenário era diferente. Era desconhecido, que trazia uma sensação de insegurança. Contudo, temos o compromisso com pacientes na Oncologia e sabíamos que os tratamentos não poderiam parar. Hoje, eu me sinto com muitas perguntas, mas com muita esperança na vacina. O que importa é que acreditamos que quanto mais pessoas forem imunizadas, mais conseguiremos diminuir a contaminação desse vírus”.

Vanessa Cristina Miranda
Fisioterapeuta especialista em reabilitação cardiovascular e pulmonar, no Centro de Treinamento Cardiopulmonar do RibeirãoShopping

"Nossa prática clínica foi muito afetada pela pandemia, pois a maioria dos nossos pacientes são idosos ou portadores de doenças cardiopulmonares — pessoas com maiores riscos de complicações pela Covid-19. Muitos casos de cardiopatias e complicações pulmonares, aparecendo meses após sintomas leves de Covid-19, mostram a necessidade de avaliação clínica de cada caso individualmente. Pessoalmente, tem sido uma experiência interessante e desafiadora lidar com essas mudanças constantes. Não interrompemos o nosso trabalho, sempre tendo todos os cuidados pessoais para levar aos nossos pacientes segurança e tranquilidade no atendimento, além de também cuidar de nossa equipe e nossa família”.

Carla Girioli
Dentista na Clínica Valens, do Centro Médico do RibeirãoShopping

"De repente, tudo mudou. Entramos em um momento de ansiedade e angústia. Eu me perguntava: “quando vai passar?”. Trabalhar na Odontologia, com exposição de alto risco, trouxe uma mistura de preocupação e zelo. Tivemos um aumento considerável nos casos de emergência — e o atendimento virou ‘entendimento’, pois estamos lidando com pacientes com medo, ansiedade e depressão. Sempre na esperança de que ‘vai passar’, um ano se foi. Enquanto isso, seguimos como dentistas, donas de casa, empresárias, esposas... Vencendo todos os dias uma nova etapa”.

Daniela Felipe
Oftalmologista na Clínica Valens, do Centro Médico do RibeirãoShopping

"Sentimentos misturados às facetas da minha vida: médica, mãe, filha, esposa e docente. Estudar, ler, discutir, opinar e estocar. O que parecia tão longe ficou perto, ficou real e um colega se foi. A sensação de impotência, o medo do desconhecido. O cenário foi mudando. Parecia que estava sob controle, que os protocolos se encaixaram, até que a curva se tornou independente e voltou a subir, enquanto nossos corações voltaram a apertar. Hoje, sou só torcida, para que o amanhã chegue logo, que a curva da doença se achate, que a da vacina dispare e que as máscaras caiam, permitindo que os sorrisos outrora adormecidos sejam vistos”.

Heloísa Queiroz Manella
psiquiatra geral e psiquiatra da infância e adolescência na Clínica Verat, do Centro Médico do RibeirãoShopping

"Trabalho tanto no SUS quanto em consultório particular e as implicações dessa doença são as mesmas em ambos os cenários, seja em adultos ou crianças. A repercussão da pandemia na saúde mental das pessoas nos preocupa muito, e as medidas de isolamento têm causado sérias complicações. A Covid-19 está nos lembrando, mais uma vez, que a saúde mental é tão importante quanto a física. Conforme a Organização Mundial de Saúde: ‘A saúde mental é mais do que a ausência de transtornos mentais. A saúde mental é determinada por uma série de fatores socioeconômicos, biológicos e ambientais. A saúde mental é uma parte integrante da saúde; na verdade, não há saúde sem saúde mental’”. 

Ana Lucia Martins
Técnica em Enfermagem da UTI no Hospital das Clínicas

"Cada paciente que chega à UTI e volta para casa é uma vitória para nós, comemorada por toda a equipe, e agradecemos por mais uma vida salva. Às vezes, perdemos a batalha e isso é o mais triste na nossa profissão. Nem todos saem com vida, e choramos junto com toda a equipe e os familiares, pois sabemos que aquele paciente que esteve por tanto tempo conosco tinha alguém esperando em casa. É assim que devemos o nosso respeito à vida do paciente, pois poderia ser um de nós, ou um de nossos familiares, em cima daquela cama. Isso é para que possamos dar valor às coisas simples, como um beijo ou um abraço”. 

Renata Gerardi Capeletti Gaiato
Enfermeira da Unidade de Terapia de Doenças Infectocontagiosas no Hospital das Clínicas

"Ser mulher na linha de frente da Covid-19 é uma descoberta a cada dia. No meu caso, em especial, fui uma grande mulher: fiquei sem minha família por dez meses, perdi meu pai no meio do caminho e enfrentei um inimigo invisível, desconhecido, de cabeça erguida. Fui forte, conheci uma força dentro de mim que jamais achei que existisse, e essa força veio da minha fé. Acho que nós, mulheres, temos essa garra. Não enfraquecemos tão fácil. Orgulhosa de ser mulher, enfermeira e estar de frente, dia a dia, com o inimigo que venceremos um dia”.

Claudia de Oliveira Baraldi
Docente do curso de Medicina da Unaerp, diretora clínica do Hospital Electro Bonini e diretora técnica da maternidade Cidinha Bonini

"Muitas de nós, profissionais da saúde, não tivemos escolha... Não pudemos nos resguardar e proteger nossa família, pois estávamos nos dedicando aos entes queridos de outras famílias, que sucumbiram à doença. Não pudemos nos dedicar à educação on-line de nossos filhos, pois mantivemos nossa jornada de trabalho. Ficamos meses afastadas de nossos pais para protegê-los e nos angustiamos com a perda de muitos de nossos colegas por todo o país. Contudo, seguimos em frente e, agora, com a esperança renovada pelo início da vacinação, aguardamos dias melhores”.

Letícia de Freitas Constant Avelino
Especialista em cardiologia e arritmologia, coordenadora do setor de urgência e emergência à Covid-19 do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto

"Eu dedico todos os meus dias ao hospital. É, praticamente, minha casa. Dentro do setor de Covid-19, nós nos chamamos de equipe, porque ninguém faz nada sozinho. Sempre fui uma das maiores defensoras da humanização do paciente e, no setor, vivemos isso na pele. Há dias em que chego muito satisfeita em casa. Há dias em que chego de coração partido. Nós nos unimos, temos força, e ter garra é essencial. Um se apoia no outro, e assim formamos um muro de concreto para segurar toda essa barra que estamos vivendo. Eu misturo força, coragem, dedicação e amor aos pacientes e às nossas famílias. Perdemos pessoas todos os dias, mas também vencemos batalhas”.

Lídia Alice Gomes Monteiro Marin Torres
Pediatra no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto

"Tenho trabalhado, nos últimos 30 anos, com medicina e Pediatria, mas nenhum impacto foi tão grande quanto o desta doença, que dizimou milhões em todo o mundo e mudou a vida das pessoas. Houve uma modificação do perfil de doenças que atendemos: pudemos observar um aumento expressivo de problemas emocionais. Tem sido muito difícil ver crianças sofrendo, já que não é possível modificar a estrutura onde elas se inserem, pelo menos no contexto atual. Também foi muito complicado lidar com as incertezas e os medos dos médicos jovens, já que eram os mesmos de todos nós... Mas começamos a ver a luz no fim do túnel: a vacina traz a esperança de dias melhores”. 

Maria Cecília Barbelli Feitosa 
Ginecologista, chefe do serviço de Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto

"Com a pandemia, fiquei afastada da última semana de março de 2020 ao final de abril, por ser do grupo de risco. Voltei para o hospital no mês de maio e não parei mais. No princípio, havia um número baixo de gestantes contaminadas, mas, com o passar dos meses, os casos de Covid-19 em gestantes foram aumentando. Não perdemos nenhuma das pacientes. Agora, recebemos a primeira dose da vacina e já estamos agendando nossa segunda dose. Graças a Deus não peguei Covid-19, mas muitos colegas ficaram contaminados”.

Isabelle Dourado Pancini
Médica de urgências e intensivista no Hospital Santa Lydia

"É muito gratificante conseguir salvar a vida de um paciente de Covid-19, mas também um peso e um fardo saber que muitos não vão conseguir sobreviver. Somos o único elo entre a família e o paciente, por não poder existir contato entre eles. Fiquei o ano inteiro de 2020 sem ver meus pais. A última vez que os vi foi em 2019. Não me infectei, mas sempre existe um risco, então, precisei me afastar pela segurança deles. Eu não me arrependo de nada do que estou passando. Essa é minha profissão, é a especialidade que escolhi para mim, para o resto da minha vida”.

Lorena Aparecida de Brito
Coordenadora de Fisioterapia no Hospital Santa Lydia

"Estamos vivendo em um cenário que antes era pouco visto, de pacientes graves em ventilação mecânica avançada. Não vou mentir, dizendo que não está sendo uma rotina exaustiva: quando achávamos que estava melhorando, veio a segunda onda da Covid-19 e tem sido um desafio a cada dia, mas Deus nos dá a força que precisamos para nos mantermos engajados a levar o melhor para nossos pacientes. Com essa pandemia, quando os olhos do mundo estavam voltados para os hospitais e UTIs, realmente foi vista a importância da Fisioterapia em um ambiente hospitalar”.

Luciana Ferreira Borges
Supervisora do Serviço de Higiene e Limpeza no Hospital Santa Lydia

"Em 2020, grandes desafios surgiram. Foram medos e incertezas que nos tiraram o fôlego e tomaram conta de nossas vidas. Uma pandemia! Vi muita gente perdendo a vida, vi colegas de trabalho chorando e cansados, lutando um dia após o outro, vi pacientes vencendo a batalha, com cada alta aplaudida, e equipes se apoiando para cuidar do amor de alguém. Buscamos coragem em nosso próprio desespero. Nos reinventamos, reaprendemos e nos transformamos. Assim, vamos seguindo em frente, sem erros nem acertos, apenas colocando reticências no final, porque sempre teremos algo a dizer”.

Silmara Miamoto
Coordenadora de Enfermagem no Hospital Santa Lydia

"Fui convocada a participar de um grande projeto de reestruturação de toda assistência prestada pelo hospital para enfrentamento da pandemia. A Instituição tornaria-se exclusiva para tratamento de pacientes adultos acometidos pelo coronavírus. Essa reestruturação exigiu planejamento e esforço, além da implantação de reorientações e treinamentos continuados para que ocorresse plena integração entre especialidades e equipes. Ressalto meu orgulho de toda a equipe multidisciplinar e, em especial, o corpo de enfermagem, pilar no enfrentamento da pandemia. Eles vêm fazendo imensa diferença, desdobrando-se sem medir esforços e gerando resultados surpreendentes”.

Maria do Socorro Nobre Vitorino e Silva
Diretora nacional de acolhimento e qualidade no Hospital São Francisco/Hapvida

"O momento foi desafiador em um cenário de grandes mudanças e desafios. Para quem esteve na linha de frente, foram incansáveis reuniões, planejamentos, aquisições, implantações, rotinas implementadas e fortalecimento de todo um time que era movido por um único propósito: salvar vidas e devolvê-las para seus familiares. Para o paciente e seus familiares, o medo do desconhecido, o excesso de informações e a dor da separação foram um desafio a mais a ser enfrentado. Mesmo nesse momento, cada profissional unia-se num sentimento de amor ao próximo, dedicação, compaixão e empatia. Isso define os tempos de pandemia: gente cuidando de gente, movidos por valores e propósitos comuns”.

Silvia Nunes Szente Fonseca
Diretora corporativa de Infectologia no Hospital São Francisco/Hapvida

"Tive um grande desafio ao assumir um papel de liderança durante a pandemia e ter a responsabilidade de criar protocolos de atendimento e treinar os profissionais da saúde da linha de frente no enfrentamento à Covid-19. Recebi um apoio incrível dos meus três filhos e do meu marido. Tenho orgulho de representar muitas mulheres que deixaram suas famílias para se dedicarem na luta contra a Covid-19. Os desafios foram imensos, pois vivenciamos o sofrimento de muitas famílias, mas também nos alegramos com a alta hospitalar de cada paciente, o que nos mostra como o esforço, o amor e a dedicação valem a pena”.

Viviane de Fátima Neves
Gerente administrativa do Hospital São Francisco/Hapvida

"A vida é composta por muitos desafios. A pandemia trouxe mais intensidade a tudo isso e me permitiu repensar e ressignificar. Tenho certeza de que me tornei uma pessoa melhor e mais forte. Consegui me dedicar de maneira incansável e diária para auxiliar no planejamento e na implementação de ações focadas em garantir a assistência adequada aos nossos usuários. Levo desse período alguns aprendizados. O principal deles é que não temos tanto controle das nossas vidas como imaginamos e, por esse motivo, devemos aproveitar intensamente: colocar em prática nossos planos, declarar amor aos que amamos e planejar nossa ausência para quando acontecer”.

Mariana Cury
Coordenadora da UTI pediátrica no Hospital São Lucas

"A pandemia chegou como uma tempestade, escurecendo nossos dias, obrigando-nos a procurar abrigo e a esperar até que ela passasse. Como toda tempestade, trouxe medo, distanciamento e separação de pessoas queridas. Alguns contavam com abrigo seguro e muitos outros, não. Como médica, tive de sair na tempestade e enfrentá-la a cada dia. Como mulher, mãe, esposa e filha, eu dependia de uma rede de ajuda para que isso acontecesse. A tempestade continua, mas é preciso renovar a esperança e fortalecer a nossa fé, pois tudo isso vai passar e nos tornaremos mais fortes”.

Paula Righi Cardoso
Médica no Hospital São Lucas

"Estar na linha de frente tem sido meu maior desafio profissional. Cuidamos não só dos pacientes, mas, também, de suas famílias, que ficam aguardando por uma ligação de boas notícias. São dias longos e intensos de trabalho, uns felizes e outros nem tanto. A pandemia tem nos mostrado o que realmente importa em nossas vidas. Somos movidos pelo amor: a profissão com o desejo de cuidar do outro”.

Teresa Cristina Dias Romano
Enfermeira no Hospital São Lucas

"Presenciamos, a cada dia, o fortalecimento da presença da mulher na sociedade. A Enfermagem é predominantemente feminina e há um ambiente propício para exercitar competências inerentes à mulher, como a resiliência e a capacidade de aglutinar pessoas e realizar várias tarefas ao mesmo tempo. A Enfermagem traz, na essência, o cuidado, e nós, como mulheres, encontramos um enorme significado no que fazemos à medida que podemos exercitar o lado humano, cuidando da vida das pessoas, aliviando suas dores físicas e emocionais”.

Karen Morejón
Infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde do Hospital Unimed de Ribeirão Preto

"Enfrentar essa pandemia tem sido como correr uma maratona cheia de obstáculos, sem saber quando se enxergará a linha de chegada. São desafios diários na vida profissional e pessoal. É um estado de tensão constante, pela consciência dos riscos envolvidos para minha família e para mim, mas, tenho clareza de que esse enfrentamento faz parte da minha profissão e especialidade e que devo acolher às demandas desse momento particular da melhor forma que for possível”.

Cristiane Alves Mendes Parizzi
Oncologista no Instituto Oncológico de Ribeirão Preto (InORP)

"A essência feminina é algo muito forte no meu dia a dia. O desejo de cuidar, de amparar, de acolher, de estar ao lado, de guardar a saúde das pessoas. Foi uma mulher que despertou em mim uma verdadeira adoração pela Oncologia. Foi também uma grande mulher que me deu a vida e me incentivou a ser forte, mas, antes de tudo, ser humana e reconhecer que nos momentos de fragilidade temos a oportunidade de superar e crescer sempre. Posso dizer que tenho orgulho de ser mulher, e orgulho de ser profissional da saúde”.

Marina Assirati Coutinho
Oncologista no Instituto Oncológico de Ribeirão Preto (InORP)

"Nunca imaginaria enfrentar o que estamos passando agora, em termos de preocupação mundial. Uma doença desconhecida, que está fazendo vítimas fatais, e com a qual tivemos de aprender a lidar. Por tratar de pacientes extremamente graves, imunocomprometidos, imunossuprimidos, que fazem quimioterapia, e transplantados, isso causou uma grande preocupação sobre como proteger os pacientes e nos proteger. A pandemia do coronavírus é a pandemia do pânico, do medo”. 

Sarah Cristina Bassi
Oncologista no Instituto Oncológico de Ribeirão Preto (InORP)

"Tenho muito orgulho e respeito pelos meus colegas que enfrentam os prontos-socorros, as enfermarias e as UTIs no dia a dia, expondo a si e a quem amam, exaustivamente, com muita competência e amor pela profissão. Com os olhos do mundo todos voltados à pandemia e ao medo da contaminação, eu e meus colegas hematologistas e oncologistas nos dedicamos às consequências ‘invisíveis’ da pandemia, tentando minimizar o impacto nas doenças oncológicas”.

Luciane Cerdan Del Lama
Psicóloga hospitalar na Nova Benê

"Enquanto psicóloga hospitalar, pude sentir o medo, assim como toda a equipe. Nossas rotinas já não eram mais as mesmas e tudo o que estava chegando era novo, desconhecido e já havia deixado rastros marcantes pelo mundo. A maior parte da equipe aparentava ansiedade e insegurança, naturalmente, já que estávamos convivendo com a tensão do risco de sermos contaminados, além de poder contaminar os membros de nossas famílias. Enfim, após também ser infectada, pude estar nesse lugar, compreender as inquietações acerca da doença e me fortalecer ainda mais para os constantes desafios enfrentados”.

Melina Monteiro
Responsável técnica da Enfermagem na Nova Benê

"Minha profissão, predominantemente feminina, diz muito sobre a posição da mulher na sociedade: aquela que cuida — do lar, dos filhos e dos familiares. A pandemia trouxe uma visibilidade enorme às profissionais de saúde e, enfim, a sociedade pôde enxergar o árduo trabalho das profissionais que trabalham o tempo todo com o peso da responsabilidade de ter a vida das pessoas em suas mãos. Tenho muito orgulho da minha equipe e de poder ser útil ao contribuir para a prevenção, o tratamento e a reabilitação das pessoas com Covid-19”.

Paola Cherubin Mesquita Gimenes
Fisioterapeuta cardiopulmonar na Nova Benê

"Quando veio a pandemia, eu tinha assumido a coordenação da equipe havia poucos meses. Sabia que seria um dos maiores desafios da minha vida, senão o maior. Acordo todos os dias pedindo a proteção de Deus, para que ande comigo nos corredores, nos leitos, pois só quem está dentro de um hospital sabe que, a cada dia, uma surpresa nova nos aguarda. Finalizo com a palavra que mais me define no momento: gratidão; por tudo o que tenho vivido, pela experiência adquirida e por poder exercer essa profissão que tanto amo”.

Rosemary Aparecida Furlan Daniel
Coordenadora do estágio de urgência do internato (Unaerp)

"Estamos vivendo um momento muito difícil e triste. Como médica, trabalhando na linha de frente, vivenciei momentos que não imaginava. Como docente do curso de Medicina da Unaerp, ver o comprometimento e o amadurecimento dos alunos frente a uma realidade tão adversa foi gratificante. Contudo, sem o apoio e a compreensão dos nossos familiares e o companheirismo e a amizade dos nossos colegas de trabalho, seria impossível atravessar esse período. Nossa esperança é de que as vacinas cheguem mais rápido à população, para que possamos ‘respirar’ com um pouco de tranquilidade”.

Silvia Sidneia da Silva
Coordenadora de graduação em Enfermagem e docente na Unaerp, enfermeira em urgência e emergência no Polo Covid da UPA 13 de Maioary

"Como coordenadora de curso e docente, assumi, junto aos demais professores, graduandos de Enfermagem e nossas famílias, as novas condições de ensino e aprendizagem, e a vivência da angústia diante do novo na linha de frente do atendimento no Polo Covid. Um misto de sentimentos se apresentou, mas a evolução na direção da atuação segura do enfermeiro no contexto da pandemia tem revelado que as incertezas vêm sendo substituídas pela coragem, pela luta, pela determinação da equipe multidisciplinar, pela confiança na vacina e pelo aprendizado na vivência de dois sentimentos opostos”.

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