História que faz história

História que faz história

Com 1.360.850 unidades comercializadas no Brasil em quase 60 anos, a Kombi se tornou o mais popular entre os comerciais leves, um ícone da força de trabalho do


Texto: Yara racy
Fotos: Beto Baptista e divulgação

Precursora das vans de passageiros e carga, a Kombi atende a órgãos do governo, pequenos comerciantes, feirantes, pequenos prestadores de serviços, empresas de entrega, entre outras modalidades de prestadores de serviços.

Na vida do presidente da transportadora Rodonaves, a Kombi foi marcante. Tanto que até hoje o veículo é mantido e cuidado, por seu valor histórico e emocional para a empresa. Com inúmeras entregas feitas pela região, a Kombi 1971 de 1500cc foi, durante muitos anos, a grande companheira de João Naves na construção de seu patrimônio. “Comecei as entregas de bicicleta e depois comprei a Kombi de uma pessoa para pagar em seis meses. Foi uma sensação para mim, que vinha da fazenda, senti-me bastante valorizado dentro dela, além da emoção de saber tudo o que poderia me trazer de bom”, conta o empresário.

Um episódio que merece ser lembrado foi quando João descobriu ter transportado duas toneladas em sua Kombi. “Naquela época, não tinha como pesar mercadoria e acabei levando duas toneladas para São José do Rio Preto sem saber. Descobri porque na Cargil eles pesavam o veículo na entrada e na saída. Foi uma viagem tensa, mas deu tudo certo. Chegando aqui, fui à concessionária saber a capacidade de carga da Kombi. A resposta foi 800 quilos”, relembra.

De 1957, primeiro ano de produção da Kombi no Brasil, a fevereiro de 2010, foram vendidas 1.360.850 unidades no país. Somente nos dois primeiros meses de 2010 foram 3.851 unidades comercializadas. Para a supervisora de vendas para frotistas da Itacuã, Andrea Ornelas, quem compra a Kombi valoriza o custo-benefício, a simplicidade da mecânica e a facilidade de sua manutenção.

Uma verdade, na opinião do sargento Fernando Alves, coordenador do programa Bombeiros nas Escolas (PBE). “Certa vez, na estrada, voltando de uma ocorrência, quebrou a correia da Kombi. Foi feito um reparo com uma correia usada para chegar a Ribeirão Preto e trocar por uma nova. O bom dela é isso: tem em todo lugar. Assim, fica fácil de encontrar peças”, afirma Fernando.

Na cidade, há duas viaturas Kombi, uma na Base da Lagoinha e outra no almoxarifado. Desde que o PBE começou, em 1984, três modelos Kombi já foram utilizados para transporte de instrutores e equipamentos. “Sempre tivemos Kombi, usamos para treinamentos e também em ocorrências. Não abro mão dela, vai com a gente até o fim. Só se me derem outra”, diz o sargento.

Símbolo nacional de trabalho, o veículo é utilizado diariamente por milhares de brasileiros, de variadas formas, contribuindo com o movimento da economia. Para o aposentado Luiz Ferreira, ela representa sua sobrevivência. Trabalhando com venda de garapa e coco desde 1992, Luiz fez seu “ponto” na rua São Sebastião. A Kombi 1972 já não tem mais condições de rodar nas festas e rodeios da região, como antigamente. Até os feriados de finados, quando Luiz fixava ponto próximo de um cemitério, ficaram na lembrança. O veículo só sai da garagem — que fica em frente ao ponto do garapeiro — para percorrer uma distância mais longa aos domingos quando o coco gelado e o caldo de cana são vendidos na feira. “É de onde tiro meu sustento. Faz uns seis anos que reformei a condução e agora precisa reformar de novo, mas o bolso está vazio. Tenho um projeto que deve custar uns R$ 10 mil que vai deixar a Kombi zero. Dá para vender de tudo: suco, garapa, coco, menos bebida alcoólica. Só preciso de patrocinador”, afirma o garapeiro.

Confirmando sua essência multiuso, a Kombi está disponível hoje em quatro versões: Standard (nove passageiros), Furgão (dois ou três passageiros + carga), Lotação (12 passageiros) e Escolar (15 passageiros), com motorização 1200cc, 1500cc ou 1600cc.

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