Limpa, renovável e abundante

Limpa, renovável e abundante

Apesar da pouca representatividade na matriz energética brasileira, a geração de energia solar fotovoltaica tem um promissor caminho pela frente no país

Imagine uma tecnologia capaz de aproveitar o calor do sol para aquecer a água, ou um sistema que consegue utilizar a luz solar para acender a lâmpada de casa. Já não é preciso colocar a criatividade em jogo para transportar essas ideias para o dia a dia. Mais do que uma realidade mundial, a energia solar está em plena expansão em todos os cantos do planeta. A tecnologia necessária para isso vem sendo desenvolvida e aperfeiçoada há décadas, permitindo diversos tipos de aproveitamento. Os principais deles são o térmico e o fotovoltaico. No primeiro caso, o calor do sol é absorvido por coletores ou concentradores e utilizado para aquecer a água, principalmente. No segundo caso, a luz do sol é transformada em eletricidade, garantindo o funcionamento de tudo aquilo que pode ser ligado à tomada.

Sendo assim, o sol seria o maior fornecedor da indústria de energia elétrica mundial. Segundo a Agência Internacional de Energia, a energia solar foi, de fato, a que mais cresceu no planeta em 2016. Segundo o órgão, a produção de energia solar teve alta de 50% no ano passado, com destaque para a oferta da China, maior produtora e também consumidora desse tipo de recurso. Estados Unidos e Índia vêm na sequência dos chineses, muito impulsionados pelos incentivos governamentais ao setor. A estimativa dos analistas é que, até 2022, o crescimento da capacidade fotovoltaica solar coloque essa tecnologia em primeiro lugar no ranking mundial de energias renováveis. Até 2050, 11% da eletricidade consumida em todos os cantos do planeta devem vir do sol.

José Renato aponta que o crescimento desse mercado no Brasil se intensificou em 2014O Brasil ainda engatinha nesse cenário, mas tem um caminho extremamente promissor pela frente. A energia solar fotovoltaica, por aqui, começou a ganhar força em 2012, quando entrou em vigor a Resolução Normativa 482, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Até aquele momento, os sistemas eram vistos, apenas em regiões isoladas, sem acesso à rede elétrica. Com a nova regra, ficou garantido ao consumidor brasileiro o direito de gerar a própria energia a partir de fontes renováveis ou de cogeração qualificada. A resolução permitiu, inclusive, o fornecimento do excedente para a rede local de distribuição. Nesse caso, o saldo positivo pode ser utilizado em até 60 meses, ou cinco anos. “A criação do ‘sistema de compensação de créditos de energia’ foi essencial para que o mercado brasileiro começasse a crescer efetivamente, mas a expansão, de fato, aconteceu a partir de 2014. Isso porque o setor elétrico brasileiro enfrentou graves períodos de crise, especialmente em 2013”, destaca o administrador de empresas José Renato Colaferro, um dos proprietários da Blue Sol Energia Solar. 

De lá para cá, o crescimento desse mercado no Brasil tem superado os 300% anuais. Em 2017, este aumento deve girar em torno de 250%. O país possui, atualmente, cerca de 16 mil sistemas de geração de energia solar fotovoltaica instalados. Quase 80% do total em funcionamento no país correspondem à classe residencial de consumidores. Os setores comercial, rural e industrial vêm em seguida, deixando o serviço e o poder públicos nas últimas posições dessa lista. Em Ribeirão Preto, há 68 sistemas conectados à rede elétrica.

Justamente pelo perfil residencial predominante, o sistema médio instalado no Brasil tem potência de 5 kWp. “Um equipamento desse porte é capaz de gerar aproximadamente 700 kwh por mês, atendendo integralmente às necessidades de famílias que costumam receber uma conta de energia de mais ou menos R$ 500,00”, explica José Renato. Segundo o empresário, esse sistema teria um custo aproximado de R$ 35 mil, mas o montante necessário para investir em geração de energia fotovoltaica vem caindo ano a ano. “Pelo retorno que o investimento é capaz de trazer, diria que esperar que o sistema se torne ainda mais barato não é o melhor caminho”, opina o empreendedor. Segundo o especialista, em cinco anos, o consumidor terá recuperado o dinheiro gasto inicialmente.

Pelas altas tarifas de energia elétrica pagas pelo consumidor, Minas Gerais saiu na frente e foi o primeiro estado brasileiro a proporcionar incentivos fiscais a quem investisse na implantação de sistemas fotovoltaicos. São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro completam as primeiras posições. As projeções da Aneel indicam que, até 2024, haverá mais de 886 mil sistemas geradores instalados, o que resultaria na produção de mais de 3.200 MW de potência.

Além do comprovado retorno financeiro, apostar na energia solar traz inúmeros benefícios para o meio ambiente. “Trata-se de um sistema 100% livre de resíduos e ruídos, que, além de não emitir gases de efeito estufa na atmosfera, representam uma economia significativa de água — que serve como matéria-prima de hidrelétricas — e da vegetação — que sofre com as inundações”, complementa José Renato. A liberdade conquistada por meio da geração da própria energia também é um fator que merece ser ressaltado. “Por esses e tantos outros fatores, creio que a energia solar fotovoltaica está intimamente conectada ao futuro, que apresentará novos paradigmas a serem quebrados”, conclui o empreendedor.

Matéria-prima garantida

Localização e extensão territorial brasileira são pontos favoráveis à energia solar, segundo RonaldoOutro diferencial relativo à energia solar fotovoltaica que merece ser mencionado é o fato de sua principal fonte ser um recurso infindável: enquanto o sol brilhar, sua produção será possível. Nesse sentido, o Brasil ocupa um lugar privilegiado. Além da ampla extensão territorial, as características tropicais predominantes de norte a sul — que fazem com que a exposição à luz solar varie pouco durante o ano — favorecem a produção desse tipo de energia elétrica. “Para se ter uma ideia, a pior região produtora no Brasil ainda é melhor do que a melhor região produtora alemã, que vem batendo recordes de eficiência nesse sentido”, ilustra o engenheiro eletricista Ronaldo Viana, responsável pelo treinamento em instalação de sistemas fotovoltaicos de profissionais do Brasil inteiro.

Basicamente, o sistema é composto por módulos (ou placas) fotovoltaicos que, por sua vez, são formados por células. “O silício é o principal componente desse material, que libera elétrons ao ser estimulado pela luz solar, conduzidos, por sua vez, até formarem uma corrente contínua. Um inversor é responsável por transformar essa corrente em alternada, permitindo sua utilização na tomada de casa ou do trabalho”, explica Ronaldo. Se não utilizada naquele momento, a energia gerada segue para a rede elétrica, onde é contabilizada para que possa ser utilizada em um momento mais oportuno. Além da micro ou minigeração de energia, já existem, no país, três usinas dedicadas a fornecer eletricidade proveniente da luz solar, instaladas em Minas Gerais, na Bahia e no Piauí. 

Entre os pontos desfavoráveis à expansão do setor estão a falta de incentivos governamentais e a escassa mão de obra especializada. “Esse cenário já vem mudando em função da difusão do assunto. Em 2015, por exemplo, formamos 30 turmas de instaladores e outras 50 turmas no ano passado. Em 2017, creio que passaremos de 80 turmas formadas”, acrescenta Ronaldo, que estima já ter contribuído para a profissionalização de aproximadamente 900 instaladores. 

Como a geração acontece?




Preservação da natureza

“A geração alternativa de energia limpa é um assunto que me interessa há muitos anos, mas que se tornou economicamente viável há pouco tempo. Em 2015, ao fazer um novo estudo sobre a viabilidade do investimento, fiquei surpreso ao perceber que eu teria o retorno sobre o dinheiro gasto na implantação do sistema fotovoltaico nas minhas empresas e na minha casa em cinco anos. Em quase dois anos, o sistema instalado na farmácia e na indústria Oficina das Ervas já gerou uma economia de mais de R$ 4.300,00. Por causa da minha contribuição, 492 árvores deixaram de ser derrubadas e mais de 19 toneladas de gás carbônico deixaram de ser jogados na atmosfera. Todos esses dados — assim como a geração de energia diária em cada um dos sistemas — estão à minha disposição, em um aplicativo instalado em meu smartphone, simples e acessível.” Ademar Menezes Júnior, engenheiro agrônomo e empresário.

Investir para poupar

“Conheci um pouco mais sobre sistema fotovoltaico de geração de energia através de amigos e de pesquisas, mas permanecia aquela dúvida sobre o efetivo funcionamento dessa tecnologia. Quando conheci a Hellius Energia Solar, fiquei completamente convencido de que essa solução valeria a pena. Saí de uma conta mensal média de R$ 800,00 para algo em torno de R$ 60,00, o que garantirá o retorno do investimento realizado mais rápido do que eu esperava. Além disso, será uma economia importante no futuro, quando eu me aposentar. O fato de se tratar de uma energia limpa que não contribui para o agravamento das temporadas de seca, que vem assustando os brasileiros, também pesou na hora da minha decisão. Minha família e eu estamos muito satisfeitos com a energia solar em nossa casa.” Crésio dos Santos, médico cardiologista. 

Antigo namoro


“A geração de energia solar sempre me interessou e já pesquisava o assunto tecnicamente para possível implantação em projetos de outros clientes. A partir de 2012, com a resolução normativa 482, o investimento nesse tipo de sistema se tornou realmente viável, mas acabou acontecendo apenas em fevereiro deste ano. Com 80 módulos fotovoltaicos instalados, temos 24 kwp à disposição, dimensionado para zerar o consumo da fazenda da família e, ainda, abastecer o escritório central da Beabisa, em Ribeirão Preto. Além do retorno do investimento — que virá pela redução de 25% no valor das tarifas de energia pagas e na autossuficiência do sistema — o impacto positivo para o meio ambiente também foi fundamental para a decisão final. Se nossas expectativas em relação a esse projeto se concretizarem, pretendemos construir bairros inteiros autossuficientes. Decidimos iniciar esse processo de transformação dentro da nossa casa.” Rodolfo Biagi Becker, empresário, arquiteto e urbanista. 

Retorno certo

“Com seis aparelhos de ar condicionado e seis chuveiros elétricos em casa, o consumo de energia na nossa casa sempre foi bem elevado. Foi por isso que logo me interessei quando conheci o sistema de energia fotovoltaica. Em aproximadamente três meses de uso, vi minha conta sair do patamar de quatro dígitos para aproximadamente R$ 60,00. Além disso, não precisei me preocupar com nenhuma burocracia: a LM Solar, responsável pelo projeto da minha residência, cuidou de tudo junto à CPFL.” Marcel Oliveira, DJ e apresentador de TV. 
Parte do Grupo CPFL, Envo, liderada por Pablo Becker, foi criada para atuar exclusivamente no mercado de energia solar
Um negócio à parte

Em Ribeirão Preto, a adoção de energia solar cresceu 209% nos últimos 12 meses frente ao mesmo período do ano anterior. Segundo dados da CPFL Paulista, havia 68 clientes homologados com geração solar em setembro de 2017, ante 22 consumidores em setembro de 2016. Somente de janeiro a setembro deste ano, foram homologados 37 consumidores. “A potência instalada na cidade gira em torno de 500 quilowatts (kW). Esse volume de energia seria suficiente para abastecer, hoje, em torno de 337 famílias por um ano com um consumo mensal de 200 kWh”, ilustra Pablo Becker, diretor executivo da Envo, braço da CPFL Energia criada em maio deste ano para atuar, com exclusividade, no mercado de geração distribuída solar para clientes residenciais e comércios de pequeno porte. Assim, o Grupo CPFL amplia o portfólio de produtos e de serviços energéticos. De acordo com o diretor executivo, embora os números absolutos pareçam baixos, a taxa de crescimento mostra que consumidores tem visto a modalidade de forma promissora e a expectativa é que o crescimento seja ainda mais acelerado nos próximos anos. A Envo atua desde a concepção técnica do projeto até a homologação junto à distribuidora. “A instalação do sistema solar, considerando os padrões mais vendidos, leva de quatro a cinco dias úteis para ser instalado. Já a homologação — no caso dos ribeirãopretanos, junto à CPFL Paulista —  é variável, mas a média atendida está em torno de 30 dias corridos”, explica Pablo.

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