Livros e Brasilidade
21ª Edição da Feira Internacional do Livro tem como tema central “Do Caburaí ao Chuí: a força da literatura brasileira”

Livros e Brasilidade

Após dois anos, Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto retorna ao formato presencial; Adriana Silva, curadora da Feira, deu mais detalhes sobre o evento deste ano

A 21ª Feira Internacional do Livro (FIL) será realizada entre os dias 20 e 28 de agosto, em Ribeirão Preto. O tema deste ano será: “Do Caburaí ao Chuí: a força da literatura brasileira”. A edição vem com o intuito de aproximar o público da produção literária brasileira, homenageando os escritores Ariano Suassuna, Carolina Maria de Jesus, Daniel Munduruku (autor infanto-juvenil), Magda Soares (autora educação) e João Augusto (autor local); ao empresário José Isaac Peres (patrono) e à professora Isabel Cassanta. Além disso, neste ano, a feira marca a retomada das atividades presenciais, que ficaram dois anos suspensas por conta da pandemia. Ela terá formato híbrido, com transmissões on-line e eventos em espaços como, Praça XV de Novembro, Theatro Pedro II, Centro Cultural Palace, Biblioteca Sinhá Junqueira, A Fábrica - Instituto SEB, Sesc Ribeirão, teatros Municipal, Marista e SESI e RibeirãoShopping. A programação contará com atividades gratuitas, como salões de ideias, espetáculos musicais e teatrais, oficinas, encontros com autores, entre outras. A FIL é organizada pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, instituição dirigida por uma diretoria que tem a liderança da jornalista Dulce Neves como presidente; o vice presidente, Edgard Castro; a curadora da 21ª edição e vice-presidente, Adriana Silva; e Viviane Mendonça na superintendência. Para dar mais detalhes sobre a feira, projetos futuros entre outros assuntos culturais, a Revide conversou a curadora da FIL, Adriana Silva.

 

Com a retomada da Feira do Livro presencialmente, quais serão as novidades para o evento?
Desde que a Feira passou a ser tematizada, em 2014, cada edição é em si uma novidade. Com o tema “Do Caburaí ao Chuí: a força da literatura brasileira”, teremos mesas para o debate dos 100 anos da Semana de Arte Moderna; dos 200 anos da Independência; mesas especialmente montadas com escritoras e escritores dos vários estados brasileiros para reconhecimento da produção regional. A programação parcialmente híbrida também é uma novidade. Todos os encontros agendados para o Theatro Pedro II serão transmitidos.

 

De que maneira o tema central irá aproximar o público à literatura brasileira?
Ao montar a programação garantimos a representatividade de vários estados brasileiros. Será possível acompanhar mesas com muita pluralidade regional, étnica e de gêneros, com estilos literários também diversos. Ao destacar a literatura brasileira e a história do país, promoveremos uma maior difusão da nossa arte literária.

Curadora da 21ª edição e vice-presidente da Feira do Livro de Ribeirão Preto, Adriana Silva  (Foto: Acervo da Fundação)

Qual o motivo das escolhas dos homenageados de 2022 na Feira?
O próprio tema nos levou aos nomes. Ariano Suassuna representa o escritor homem, branco, classe média alta, com formação universitária, do Nordeste. A Carolina Maria de Jesus, mulher, negra, classe de renda baixa, sem formação universitária, do Sudeste. Daniel Munduruku é o escritor indígena. Triangulando entre esses três nomes cabe uma imensidão representativa do Brasil. A autora educação, Magda Soares, com seus 90 anos ainda trabalha com a alfabetização, problema reincidente do País. Com brasileiros mal alfabetizados a leitura não flui. Esses laços entre um e outro ofereceram à curadoria da FIL, um cenário significativo para reflexão do tema escolhido.

 

A FIL pode ser considerada uma mediadora do incentivo à leitura para Ribeirão Preto?
Com certeza. Em 2018 fizemos uma pesquisa com a mesma metodologia usada pela equipe que realiza a medição de leitores do país, chamada “Retratos do Brasil”, e constatamos que a média de leitores de Ribeirão Preto é maior do que a média nacional. São vários os fatores que levaram a isso, mas com certeza a Feira do Livro está entre eles. Em especial, o projeto Combinando Palavras, realizado ao longo de seis meses, junto às redes de ensino municipal e estadual, que trabalha as obras de autores em sala de aula e depois proporciona o encontro entre leitor e escritor durante da Feira do Livro.

 

O aumento no preço do papel traz impactos para a FIL?
Diretamente fomos impactados em nossos projetos de publicação de obras. Só nesta edição da FIL vamos lançar quatro livros produzidos pela Fundação. Entre eles, Histórias de Vida, com várias biografias de pessoas importantes para a região de Ribeirão Preto. Indiretamente, impacta na quantidade de impressão da revista com a programação e, com certeza, impactará nos preços a serem praticados ao longo do evento literário.

 

Após dois anos sem a Feira, você acredita que o interesse por livros físicos continua o mesmo?
Um levantamento feito pelo mercado editorial no início deste ano mostrou que a venda de livros cresceu no Brasil, atividade considerada de interesse das pessoas que ficaram isoladas. Embora a modalidade digital seja uma alternativa bem aceita, ainda existe um romantismo em acessar o livro físico. Por isso, pelos menos na próxima década, não acredito que haja uma alteração muito brusca nessa cultura do livro impresso.

 

Em sua opinião, qual a importância de Ribeirão Preto sediar um evento como este?
Julgo muito importante pela localização da cidade, que está no centro de outras 34 cidades da Região Metropolitana; pela necessidade de oferta de atividades de formação, fomento e difusão da literatura; pela relação positiva imediata que um projeto como esse permite à sua localidade; pela maneira como a FIL divulga a cidade para os diversos públicos que passam pela feira a cada ano, entre profissionais da cultura e visitantes e, mais do que tudo, ser lembrado fora da cidade por uma Feira do Livro sempre será favorável.

 

Quais são os planos para os próximos anos da FIL?
Como trabalhamos com as leis de incentivo e os processos são longos, a FIL de 2022 nem começou e já estamos protocolando o projeto da edição do ano que vem. Para isso, escolhemos o tema, os homenageados, as datas, mas guardamos com carinho para focarmos na 21ª FIL. Em nossos projetos de maturidade queremos criar um Centro de Formação de Professores em Literatura; expandir o Combinando Palavras para a região (esse ano já vamos a Luís Antônio, Serrana e Franca), mas queremos chegar a 34 cidades. Aumentar nossa atuação no fortalecimento de bibliotecas (projeto já em andamento). No ano passado qualificamos quatro bibliotecas, este ano outras cinco e queremos seguir revitalizando espaços de leitura em nossa região.

 

 


Fotos: Sté Frateschi

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