Manifestação por retomada do setor sucroenergético
Em Sertãozinho, políticos, sindicatos e líderes do setor sucroenergético cobram ação do governo federal para investimentos no setor
Políticos das esferas municipal, estadual e federal, sindicatos e líderes do movimento sucroalcooleiro participaram de movimento para a retomada do setor sucroenergético em Sertãozinho, na manhã desta terça-feira, 27.
Leia mais
Em ato, políticos fazem duras cobranças
A estimativa da Polícia Militar foi de que 8 mil pessoas, entre funcionários das indústrias metalúrgicas da região e moradores do município participaram da caminhada, que bloqueou até as 11h trechos da Via Expressa Francisco Vieira Caleiro, e da Rodovia Carlos Tonani.
A principal reivindicação dos líderes do setor sucroenergético é para que sejam realizados mais investimentos do governo federal na matriz do etanol e na remuneração dos produtores de cana-de-açúcar, além da sanção de um projeto aprovado pela Câmara dos Deputados que prevê o aumento da porcentagem da mistura do biocombustível na gasolina de 25% para 27,5%.
Só em 2014, mais de 2.200 postos de trabalho foram extintos na indústria da cidade. O Secretário de Agricultura do Estado, Arnaldo Jardim, lembrou que o governo do estado já reduziu a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do etanol de 18% para 12%, e que alternativas estão sendo adotadas para conter a crise.
“O Governador Geraldo Alckmin está buscando com outros governadores uma ação integrada para a questão do etanol com outros estados e, por meio da Fapesp, têm desenvolvido linhas de pesquisas para a utilização do etanol de segunda geração”, disse Arnaldo Jardim. Ele contou ainda que estão sendo estudadas formas de desoneração para quem produz energia elétrica por meio da biomassa.
O uso do bagaço da cana para produção de energia elétrica também é uma possibilidade de solução para o setor sucroenergético e metalúrgico em Sertãozinho para o presidente da Orplana/Canaoeste, Manoel Ortolan.
“Se o governo der condições para o desenvolvimento da cogeração de energia, sem dúvida vai impactar positivamente na cidade, porque quase todas as máquinas para isso são desenvolvidas aqui”, explicou Ortolan.
Ele também apontou que a cogeração de energia da biomassa, com o armazenamento da palha e do bagaço da cana, pode suprir a produção das hidrelétricas no período de estiagem.
Ortolan lembrou que a retomada do setor vai acontecer a partir do momento que os produtores receberem uma remuneração melhor e houver o estancamento dos fechamentos de usinas e recuperações judiciais, que segundo ele foi criado por uma política artificial do governo federal, como a manutenção dos preços dos combustíveis e diminuição da mistura do biocombustível nos combustíveis fósseis.
O prefeito de Sertãozinho, Zezinho Gimenez (PSDB), recorda que a Prefeitura do município arrecadou em impostos R$ 20 milhões a menos do que em 2013, e fechou o ano passado com déficit de R$ 7 milhões.
“Não tem segredo, na hora que a economia diminuiu automaticamente, a cidade sofre com isso, são menos tributos arrecadados e menos empregos”, apontou o prefeito.
O deputado federal e líder sindical Paulinho da Força (Solidariedade) disse que o que está acontecendo com o setor sucroalcooleiro é quase um crime. “Antes o setor crescia, se desenvolvia, era um exemplo para o mundo. Hoje você só vê crise”, disse.
Paulinho identificou que a união dos empresários e dos trabalhadores é necessária para levar essa reivindicação ao governo federal. “O governo ainda está perdido com que fazer, e acho que é possível a gente fazer com que ele entenda que o etanol é uma tecnologia brasileira e que pode exportá-la para o resto do mundo”, completou.
Revide On-line
Leonardo Santos (Colaborador)
Fotos: Júlio Sian
