Novo presidente da Faesp

Novo presidente da Faesp

Cobranças ao governo federal, apoio aos jovens e às mulheres e à formação rural estão na pauta de Tirso Meirelles à frente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo

Paulistano com raízes no mundo rural, Tirso Meirelles atuou em diversas entidades implementando projetos e programas para integração de todos elos da cadeia produtiva objetivando fortalecer e tornar mais competitivo o setor produtivo nacional. Economista, administrador de empresas, pós-graduado em Administração de Empresas e em Políticas Públicas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), foi presidente do  SEBRAE-SP de 2019 a 2022, desde 2000 como conselheiro, assessor da presidência e secretário executivo do CDE. Atualmente é presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP), além de conselheiro do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Como presidente do CNPC, fortaleceu a participação da entidade na rede de combate à febre aftosa, que resultou na certificação do Brasil como livre da doença com vacinação, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em maio de 2018. Na entrevista a seguir, Tirso comenta os desafios como presidente da FAESP pelos próximos quatro anos.

 

Qual o legado do Dr. Fábio de Salles Meirelles, para a Agricultura do Estado de São Paulo e para você?

 

Seu legado para a agricultura do Estado de São Paulo é imensurável. Ao lado de alguns visionários, ele ajudou a construir as bases do agronegócio paulista, transformando a vida de milhares de famílias. Um homem à frente de seu tempo, que desde cedo preocupou-se com as relações trabalhistas no campo, apresentando um trabalho que deu origem às convenções coletivas, além de ter sido importante personagem na implantação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). Em sua participação na formulação da nova Constituição do Brasil, foi fundamental para a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), coordenado pelo empresariado rural, para a qualificação do trabalhador do campo. Essas são algumas das ações que demonstram a grandeza do trabalho que executou. Ele sempre foi referência na minha vida. Trabalhador incansável, um homem que sabe entender as demandas do campo, e nos ensina no dia a dia a importância das nossas ações na vida de milhares de pessoas. Sua garra é um combustível para todos nós.

 

Qual a importância da Faesp na defesa das causas do agronegócio?

 

A Faesp é a voz dos produtores paulistas, em especial dos pequenos e médios. Acredito que defender a causa do agronegócio é não apenas cobrar ferramentas e estratégias que possam garantir o produtor no campo, mas a preocupação com uma carteira de cursos que possam ajudar na melhoria da performance das culturas, buscar meios para que os 237 sindicatos rurais possam continuar a fazer seu trabalho social. A defesa do agronegócio passa por uma série de fatores que fazem parte do dia a dia da Faesp. Atualmente o Sistema Faesp/Senar, está presente em todos os municípios paulistas, por meio de seus sindicatos rurais patronais.

 

Como a Faesp pretende atuar para que os sindicatos rurais se fortaleçam, em vez de se desestruturar, com a opcionalidade do imposto sindical e da contribuição assistencial?

 

É muito importante que os sindicatos se fortaleçam. Para isso estamos sempre desenvolvendo ações em parceria, mostrando a importância do trabalho de ponta que fazem e atraindo novos produtores. Em paralelo, o Centro de Agricultura do Estado de São Paulo (Caesp) tem buscado parcerias que garantam a viabilidade financeira, tão importante para o desenvolvimento de ações sociais que os sindicatos realizam no dia a dia.

 

Quais as principais políticas públicas, projetos e ações da FAESP, neste novo mandato, associadas ao desenvolvimento do agronegócio no Estado de São Paulo nos próximos anos?

 

O principal projeto será o trabalho para a união de esforços em torno de um Plano Nacional do Agro, que dê segurança ao produtor rural e ao setor agropecuário. Além disso, há outros projetos, como o levantamento de dados que será executado em parceria com os sindicatos rurais, para que tenhamos uma radiografia atual do setor produtivo paulista; o centro de formação rural, em São Roque, voltado para as novas tecnologias no campo, assim como startups e fábrica de bioinsumos; e fortalecimento das Comissões Técnicas para levar o agronegócio a um outro patamar. São muitas ações que se somarão às necessidades do dia a dia.

 

Quais as principais reivindicações do setor hoje?

 

O campo precisa de uma atenção especial, não apenas no que diz respeito a investimentos, mas, principalmente, em políticas que tenham uma visão de longo prazo da produção, em todos as suas etapas. É necessário que seja uma política de estado, com metas, recursos e programas para uma década, por exemplo. Isso leva segurança ao produtor rural. Hoje vivemos as expectativas e incertezas do Plano Safra ano a ano. A agropecuária brasileira precisa de políticas e ações que fortaleçam a infraestrutura e logística, com destaque para transporte e armazenamento; a pesquisa, tecnologia e inovação; defesa agropecuária; conectividade no campo; instrumentos financeiros e de gestão de riscos (crédito e seguro); acesso a mercados; segurança no campo; sustentabilidade, com equilíbrio entre produção e preservação; diversificação e integração da produção, além de agregação de valor; e melhoria do ambiente de negócios (menos burocrático, com um estado mais leve e que privilegie à iniciativa privada, com legislação trabalhista, tributária e ambiental mais simples e objetivas).

 

O ministro da agricultura, Carlos Favaro, tem tentado se aproximar do setor. Como está o relacionamento com o governo federal?

 

Temos feito pleitos ao ministro, no sentido de liberar os recursos já anunciados pelo governo, de socorro aos agricultores que já apontam quebra de safra, assim como maior apoio à bovinocultura. No caso do leite, a criação de regras para importação que não afetem a produção nacional; no caso da carne, pedimos a inclusão da Bovinocultura de Corte do estado de São Paulo na relação de setores que poderão repactuar 100% das dívidas do crédito rural, a fim de dar fôlego aos produtores.  E é importante frisar que o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, é sempre muito sensível às necessidades do agronegócio paulista.

 

O calor intenso está impactando a produção. Há projetos/ações da Faesp direcionados à mudança climática e seus impactos?

 

As mudanças climáticas fazem parte da nova realidade global. Hoje, em termos práticos, além da criação de um setor com foco em meio ambiente, estamos pleiteando recursos para a garantia dos produtores que tiveram quebra de safra. Além disso, nossa gestão está criando o departamento de Sustentabilidade neste ano, para acompanhar o assunto mais intensamente.

 

A Faesp pleiteia algum programa especial para socorrer os produtores que tiveram perdas?

 

A Faesp tem cobrado do governo federal a disponibilização dos recursos anunciados em 2023. Além disso, a Federação entende que é preciso criar mecanismos que protejam o produtor. Entendemos que essas ações emergenciais são importantes para dar fôlego, mas há necessidade de ferramentas mais eficazes na garantia da produção. Trabalhamos para implementar o Seguro Agrícola no Plano Safra 2024/2025.

 

Como será a participação da Faesp na Agrishow 2024?

 

A Agrishow será um grande momento para a Faesp, com o lançamento de alguns projetos que irão fortalecer a imagem da federação como a voz do campo. Juntamente com o Senar Nacional, Senar São Paulo e Sebrae, levaremos em torno de 10 mil produtoras, produtores, principalmente de pequeno porte, além de estudantes, à feira, para aproximá-los das novas tecnologias disponíveis. A agricultura do século 21 é muito diferente do que se praticou nas últimas décadas. A cada ano surgem novidades que ajudam o produtor a ser mais assertivo em sua cultura, ter uma melhor performance, reduzir seus custos. É importante que isso seja uma realidade para as pequenas propriedades rurais.

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