O panorama automotivo

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A frota de veículos em Ribeirão Preto aumentou 93% em dez anos

O mercado de veículos de Ribeirão Preto está em plena ascensão. O segmento deu um grande salto, especialmente nos últimos dez anos, fazendo com que a frota aumentasse consideravelmente e que as empresas se sentissem dispostas a entrar no setor que tanto desperta o desejo de consumo. A frota de veículos em Ribeirão Preto aumentou 93% em dez anos. Em 2001, a cidade tinha aproximadamente 212.450 veículos, entre motocicletas, automóveis e comerciais leves. Este ano, a frota já soma cerca de 409.650, número que representa dois carros para cada três habitantes. A queda do número de ações de busca e de apreensão de veículos também contribui para o aumento de unidades nas ruas.

Segundo Rui Flávio Chúfalo Guião, presidente da Santa Emília Veículos, grupo mais antigo do ramo em Ribeirão Preto, o fator que mais impulsionou o mercado de veículos aconteceu na década de 1990. “A abertura do mercado, promovida pelo presidente Fernando Collor de Mello, fez com que as montadoras nacionais começassem a produzir carros de padrão internacional”, analisa, referindo-se ao período vivido pelo Brasil entre 1990 e 1992. Até 1990, o município tinha poucas empresas no ramo de veículos. Destacava-se a Santa Emília Volkswagen, fundada em 1965, a Motoasa, de 1969, a Ribeirão Diesel, de 1971, a Atri Fiat, de 1981 e a Itacuã Volkswagen, fundada em 1982. Após quase uma década, em 1991, foi inaugurada a Kyoto Mitsubishi, uma das primeiras importadoras do país. “Participar da abertura do mercado foi muito importante para nós, oferecendo alternativas para o público brasileiro, com produtos novos e inéditos no Brasil”, afirma Cesar Rodrigues, gerente comercial da Kyoto. Segundo ele, a revelação da concessionária é o modelo Pajero, sinônimo de força, resistência, durabilidade e alto valor de revenda.

Em 1993, instalou-se na cidade a Lago-San, uma das primeiras concessionárias Honda do Brasil, oferecendo a tecnologia dos carros japoneses. Em 1997, foi a vez da Cical Chevrolet chegar a Ribeirão Preto. Em 1998, foi inaugurada a Stecar Mercedes Benz que, mais tarde passou a representar também as marcas Jeep, Dodge e Crysler, representando uma parte do segmento premium. No mesmo ano, foi inaugurada a Orleans Peugeot.

Nos anos 2000, começou uma acirrada concorrência com a chegada de marcas asiáticas, além do posicionamento estratégico dos carros importados. Depois da inauguração da Ortovel Ford, em 2001, surgiu a Eurobike, maior representante premium da cidade, vendendo modelos de luxo das marcas Audi, BMW, Land Rover, Porsche, Volvo e Mini. No mesmo ano, a Citroën Indepéndance também chegou à cidade. Em 2002, foi inaugurada a Vecel Ford, seguida pela Dante Renault dois anos depois e pela Jidai Nissan no ano seguinte. Emm 2008, foi a vez da Lance Fiat e da Nova Chevrolet. A Caoa Hyundai foi inaugurada em 2009 e, em 2010, as concessionárias Koi Honda e Matriz Kia. Já em 2011, Ribeirão Preto recebeu a Jac Motors, revendedora da marca chinesa.

Fatores
Observando esse cenário, é possível apontar a abertura de mercado como uma das razões que proporcionaram essa expansão, tornando o mercado mais competitivo, ainda em 1990. Atualmente, a properidade econômica de Ribeirão Preto é um forte atrativo para empresas desse e de outros setores. Entre os 20 municípios mais populosos do Estado de São Paulo, Ribeirão Preto é a 6ª cidade mais rica, considerando o volume monetário da rede bancária. Somado a este dado, a ascensão das classes sociais potencializa o crescimento do setor de veículos.

Com maior renda, o consumo é favorecido, inclusive para o segmento de importados, que teve um aumento de 50% nos últimos anos. Segundo Henry Visconde, presidente do Grupo Eurobike, os carros importados já se consolidaram no mercado nacional e vem conquistando uma nova massa consumidora. “Este cliente que ascendeu economicamente quer qualidade, pois lutou para adquirir o carro de luxo. O grande desafio é equilibrar fatores como serviços, atendimento e custo”, explica o empresário.

O volume de operações de créditos e financiamentos em Ribeirão Preto — a cidade está em 4º lugar nesse tipo de negócio financeiro — também explica o aumento das aquisições de veículos nos últimos anos. Para Eliéser Fraga, diretor da Matriz Veículos, o cliente está mais confiante na economia nacional, financiando mais e investindo em veículos acima de 80 mil reais, valor médio da Kia, marca revendida por sua concessionária. “O consumidor de hoje tem um perfil diferente daquele que comprava há alguns anos. Quando percebi este cenário, aproveitei para investir em mídia, estrutura, funcionários e pós-venda”, afirma o empresário, que aponta o Kia Soul como carro revelação. Para Newton Ceschin Junior, supervisor de vendas da Itacuã Volkswagen, além da fidelização dos clientes ser uma grande conquista da concessionária em quase 30 anos de atividades, outro fator de suma importância para o mercado foi a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as compras de carros zero quilômetro, atitude tomada durante o governo Lula para combater os efeitos da crise econômica global para incentivar o mercado interno. “Com isso, sentimos poucos efeitos da crise e a venda de veículos deu um salto. Nesse período, chegamos a comercializar mais de 500 unidades zero quilômetro em um mês”, conta o supervisor.

Marcelo Bekcivanyi, gerente de vendas da Stecar Automóveis, acredita que mesmo nos momentos de turbulência internacional, como a última crise econômica, uma política comercial agressiva e lançamentos que tiveram ótima aceitação influenciaram o mercado em Ribeirão Preto, além do crescimento do poder de compra dos clientes. “Esta combinação auxiliou que a Stecar mantivesse o ritmo de crescimento”, disse Marcelo, que apontou o Mercedes-Benz C180 e o Dodge Journey como os carros de maior destaque durante os 13 anos de atividades da Stecar.

De acordo com Rui Flávio Chúfalo Guião, o mercado altamente competitivo favorece a “infidelidade” do cliente. “A única maneira de cativá-lo é priorizar a qualidade, que está diretamente ligada ao seu nível de exigência”, afirma o presidente da Santa Emília Veículos. “Uma gama cada vez maior de opções contribui para que cada marca desenvolva produtos ainda melhores e, consequentemente, os consumidores saiam beneficiados”, concorda Nuno Rufino, gerente comercial da Honda Lago-San.

Sérgio Monteiro, gerente comercial da Honda Koi, também acredita que focar no comprador é a base para um mercado rentável e seguro. “Sem dúvida, os clientes são o item mais importante. A concorrência está cada dia mais forte e o consumidor, mais seletivo e exigente. Por isso, nossa luta para mantê-lo e conquistar novos clientes é diária”, conta Sérgio, que destaca o modelo CRV como revelação do primeiro ano de atividade da Koi. Já Nuno, aponta o modelo Civic como destaque dos últimos anos. “A nova geração, lançada em 2006, até hoje é muito bem comercializada, tanto zero quilômetro, quanto no mercado de seminovos. Com certeza, é um case de sucesso da industria automobilística”, revela.

É este novo cenário, com diversidade de produtos, alto padrão de qualidade, presença dos importados, ascensão das classes sociais e facilidade de crédito e financiamento, que potencializam o mercado ribeirãopretano. As fortes estratégias de marketing das concessionárias também são fundamentais para que o segmento se destaque cada vez mais no município. 

Líder de vendas
Segundo o presidente da Santa Emília Veículos, Rui Flávio Chúfalo Guião, e o supervisor de vendas da Itacuã Volkswagen, Newton Ceschin Junior, o carro de maior destaque nos anos de atividades das concessionárias é o Gol. “Líder de mercado e substituto do lendário Fusca, o veículo mais vendido no mundo até hoje atende às necessidades do consumidor, é um carro de entrada e, ao mesmo tempo, oferece desempenho, conforto e alto valor de revenda”, declara Rui Flávio. “Por 23 anos, o Gol foi o carro mais vendido do Brasil. O modelo é um fenômeno devido à robustez, ótimo valor de revenda, uma das manutenções mais baratas, sem falar que o cliente é muito fiel à marca por já ter experimentado e aprovado por vários anos. O novo Gol, hoje, é responsável por 48% das vendas de veículos zero quilômetro da Itacuã”, afirma Newton.

Texto: Marina Rezende
Fotos: Júlio Sian e arquivo

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