Oportunidade de crescimento
Para ampliar os atendimentos oferecendo saúde de qualidade com maior segurança, hospitais privados e públicos de Ribeirão Preto investem em infraestrutura e avanços tecnológicos
Com boas expectativas para 2018, os hospitais privados e públicos voltam a direcionar os investimentos, como aponta a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp). Depois de dois anos de baixo crescimento, inflação alta, desaceleração econômica, entre outros fatores, o Brasil começa a dar sinais importantes para que o setor retome os níveis de desenvolvimento. Contribui para isso a aprovação da Lei 13.097, que permitiu investimento de capital estrangeiro na saúde, abrindo oportunidades de crescimento de unidades privadas e filantrópicas.
A expectativa do mercado é que as fusões e aquisições neste segmento movimentem cerca de R$ 5 bilhões, entre 2017 e 2018. Em Ribeirão Preto, as instituições de saúde investem recursos próprios e do Governo de Estado, como o caso do Hospital das Clínicas (HC). Entre as unidades particulares, em 2017, o Hospital Unimed Ribeirão Preto completou o primeiro ano de funcionamento, com a consolidação de sua operação, que teve início escalonado.
A estrutura em funcionamento do Hospital Unimed contempla até 120 leitos de internação e 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Conta com serviços de diagnóstico por imagem, laboratório de análises clínicas, recursos em hemodinâmica, cardiologia intervencionista minimamente invasiva (angioplastia e cateterismo cardíaco), cirurgia cardíaca e endovascular, endopróteses, neurocirurgia e neurorradiologia intervencionista. Há, também, o Day Hospital, que realiza cirurgias de curta permanência de internação, além das dez salas de cirurgia, elaboradas com modernos equipamentos que possibilitam a realização de mais de 40 procedimentos por dia.
Álvaro Truite, presidente do Conselho de Administração da Unimed, revela que, nesses últimos dois anos, o investimento realizado no Hospital foi superior a R$ 100 milhões. Em 2018, serão priorizadas as aplicações em setores que completarão o plano diretor da primeira fase do empreendimento. Neste planejamento, há previsão para recursos complementares no valor de R$ 7,5 milhões na abertura de mais leitos de UTI, do pronto atendimento especializado em atendimentos cardiológicos, neurologia e ortopedia, direcionado a casos de alta complexidade, no serviço de endoscopia e na ampliação dos postos de atendimento para coleta laboratorial. “Completam os planos de investimento para este ano a inauguração de um completo serviço de fisioterapia”, frisa o gestor.
Plano diretor
Ampliações e modernização do parque tecnológico também fazem parte do plano diretor dos hospitais São Lucas e Ribeirânia. Dando prosseguimento ao cronograma de ações, 2017 foi marcado por importantes investimentos realizados pelo Grupo São Lucas. Depois de celebrar a Acreditação Internacional - QMentum (momento de qualidade), concedida pela Accreditation Canada International, e a Nível III, pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), a diretoria do Hospital São Lucas montou o primeiro Centro de Trauma privado do interior do Brasil.
O Centro conta com moderno setor de emergência, equipe de especialistas experientes em pacientes politraumatizados e urgências em qualquer tipo de trauma, e avançados equipamentos de diagnóstico. Com aplicação em torno de R$ 700 mil na unidade, grupos de apoio e diagnóstico também fazem parte da equipe multidisciplinar montada para o serviço que envolve cirurgia bucomaxilofacial, hemoterapia, neurocirurgia e neurologia clínica, ortopedia, radiologia, radiologia intervencionista, cirurgia plástica e reparadora, cirurgia vascular, além de terapia intensiva para adultos e crianças.
Já no Hospital Ribeirânia, um dos avanços foi a criação do espaço de convivência, uma área externa projetada para a segurança, o bem-estar e o acolhimento dos pacientes e familiares. O local é arejado, arborizado, florido e conta com equipamentos para realização de exercícios físicos sob a orientação da equipe de fisioterapia do hospital. Além da reabilitação motora e respiratória dos pacientes, a iniciativa permite que todos tenham contato com um ambiente fora do leito hospitalar. O estímulo para o paciente andar, sair do leito e se exercitar, quando indicado pelo médico, contribui para uma recuperação mais rápida e, consequentemente, reduz o tempo de internação.
Pedro Antônio Palocci, presidente do Grupo, destaca que outro passo importante dado em 2017, que impactará de forma positiva em 2018, foi a parceria com a Hospital Care, que tem Rogério Melzi na presidência. Com aporte inicial de R$ 60 milhões, além da expansão dos dois prédios onde estão os hospitais São Lucas e Ribeirânia, serão feitas melhorias na infraestrutura e nos equipamentos. A parceria também proporcionará melhores compras de materiais e de equipamentos hospitalares, o que resultará em redução de custos, já que poderá ser centralizada.
Logo nos primeiros dias de janeiro deste ano, o Hospital Ribeirânia iniciou as obras de instalação de uma nova UTI geral, que terá mais 20 leitos, e a ampliação do pronto atendimento de emergência, com mais 200 m² de área construída. Além disso, o setor de diagnóstico por imagem também será ampliado e modernizado, com aquisição de novos e modernos equipamentos de tomografia, ultrassom e RX. Com investimentos estimados em R$ 9 milhões, Pedro espera concluir as obras em dez meses. O projeto elevará o número de leitos de 65 para 85, aumentando os números de internações para 400 ao mês e para 250 cirurgias ambulatoriais por mês. As cirurgias subirão de 350 para 400 mensais, além de expandir também o quadro funcional, passando de 280 para 340 colaboradores.
A exemplo do que já ocorreu no São Lucas, outro investimento importante está sendo realizado para aprimorar a qualidade e a segurança dos serviços oferecidos no Ribeirânia. “Para isso, em novembro de 2017, iniciamos o processo de certificação concedido pela Organização Nacional de Acreditação (ONA)”, assegura o presidente do Grupo. Para fevereiro, está programado o inicio das obras de ampliação do São Lucas, que receberá R$ 25 milhões em investimentos. A unidade ganhará 40 novos leitos, sendo 20 deles para UTI e os demais para internações clínico-cirúrgicas. “Além dessas ações, outros projetos estão sendo avaliados e deverão ser colocados em prática ainda nestes primeiros seis meses do ano”, estima Pedro Palocci.
Gerenciamento de dados
No Grupo São Francisco, os hospitais próprios receberam importantes investimentos relacionados ao gerenciamento e à disponibilidade de dados, como aponta o superintendente, José Miranda da Cruz. Entre as ações, estão substituindo toda a infraestrutura de tecnologia da informação (TI) e instalando um novo sistema de gerenciamento de informações da Philips. “Isso deve conceder maior agilidade aos atendimentos e conferir o aumento da digitalização do hospital, reduzindo o uso de papel. Desta forma, permite que todas as informações referentes aos pacientes estejam integradas em uma única base de dados”, explica Miranda.
No Hospital Netto Campello, outra unidade do Grupo, em Sertãozinho, foram instalados mais leitos dedicados a pacientes crônicos. Também inauguram um novo centro de fisioterapia, que objetiva acelerar a desospitalização (quando o paciente é transferido do hospital para casa, onde é mantido em tratamento) e o aumento na qualidade de vida dos beneficiários. “Diante do crescimento do Grupo São Francisco e a sua tendência à verticalização, foram feitos investimentos em novas unidades hospitalares. Terminamos 2017 gerindo três hospitais e devemos dobrar esse número ao longo de 2018”, antecipa o superintendente.
Miranda lembra, ainda, que o Hospital São Francisco passou por uma revitalização completa nas alas de internação e no centro cirúrgico. Além disso, o Netto Campello ampliou a unidade de cuidados especiais, passando a contar com 78 leitos. Realizaram diversas aquisições para as áreas assistenciais, com ênfase nos equipamentos dos centros cirúrgicos, como novos carrinhos de anestesia, mesas cirúrgicas, focos e caixas de instrumental. Também reforçaram as equipes de médicos internistas (internação), com maior presença de geriatras.
A proposta é acompanhar ainda mais de perto o envelhecimento da população. Pensando nisso, foram intensificadas as linhas de cuidados e aprimorados os serviços de apoio assistencial, principalmente o atendimento hospitalar de terapia ocupacional. A equipe técnica continua recebendo aprimoramentos constantes por meio dos diversos eventos promovidos nos hospitais durante todo o ano, além da participação em atividades externas. “Estamos mantendo nossos hospitais ‘pulsantes’, trabalhando em ciclos de melhoria contínua que os mantêm em constante evolução, o que refletiu na renovação da nossa acreditação ONA no nível de excelência”, aponta o diretor.
Gestão completa
O gerenciamento na área de saúde é a principal missão da Gesti Soluções. Profissionais capacitados, tecnologia e conhecimento de todos os detalhes que fazem a diferença na qualidade e nos custos do de um hospital ou clínica estão entre as diretrizes da empresa. Seja através de consultoria ou de gestão direta, a Gesti oferece controle de custos de materiais e de medicamentos, organização de equipe médica, locação ou parceria para equipamentos, consultoria para acreditação hospitalar (ONA 1, 2 e 3), estudos de viabilidade, gestão de processos e cursos específicos. “As soluções de nossa carteira trabalham em conjunto ou individualmente, conforme a prévia análise das necessidades do cliente”, aponta a sócia-proprietária da Gesti, Ana Beatriz Moreira. Em 2017, um dos principais avanços da empresa foi a gestão completa de várias clínicas do Centro Médico RibeiraoShopping, aumentando o portfólio de clientes. Entre os novos parceiros, estão a Diagnóstico por Imagem de Alta Performance (DIAP), o Pronto Atendimento de Alta Performance (PAAP), o hospital-dia Esselence, a Clínica de Vacinas, o Valens, que atua na área odontológica, o Cardio Prime e a Verticali Ortopedia. Essas clínicas também receberam recursos financeiros de ordem pessoal por parte dos sócios Ana Beatriz e Rodrigo de Freitas Nobrega. “Para 2018, pretendemos ampliar nossos serviços em gestão de clínicas e também em uma unidade de infusão, prevista para o Centro Médico”, antecipa Ana Beatriz.
Infraestrutura modernizada
Com recursos estimados em torno de R$ 167 milhões, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP está finalizando as obras do HC Criança e a implementação de um plano de obras e de modernização do parque de equipamentos, além da atualização da infraestrutura do hospital e da Unidade de Emergência. Esse montante inclui tanto os recursos orçamentários do Hospital das Clínicas quanto aqueles originados do atendimento prestado pelo Hospital ao Sistema Único de Saúde (SUS) e gerenciados pela Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência (Faepa) do HCFMRP. Segundo o superintendente do HC, Benedito Carlos Maciel, esses investimentos geraram 507 novos empregos na área da saúde, com impacto importante na economia da cidade e da região. De 2013 a 2017, um total de 84 obras foram concluídas, incluindo ampliações, reformas e trabalhos de infraestrutura, bem como a finalização do edifício do HC Criança, a construção do Centro Especializado de Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia, um novo estacionamento com mais de 800 vagas e o aprimoramento do complexo viário de acesso ao Hospital. Também foram adquiridos 787 equipamentos, de pequeno, médio e grande porte. Com capacidade de 233 leitos, o HC Criança é destinado ao atendimento, de alta complexidade, de crianças e adolescentes, concentrando, em único espaço, todas as especialidades e criando condições e infraestrutura adequadas, com a ampliação da oferta de leitos de obstetrícia, terapia intensiva neonatal e pediátrica e de cirurgia de epilepsia, além da manutenção de uma equipe multiprofissional especializada, que permite um tratamento acolhedor às crianças.
Além dos projetos em execução, Maciel reforça que os investimentos não param em 2018. Entre as iniciativas, está a migração do Hospital para o mercado de energia livre, o que poderá representar uma economia de aproximadamente R$ 300 mil por mês e a implantação de Unidade Interna de Tratamento de Resíduos Infectantes e Perfuro-Cortantes. Essa obra reduziria a despesa dos atuais R$ 1.863.462,92 para, aproximadamente, R$ 500 mil ao ano.
Avanços
• 10 leitos de CTI pediátrico
• 10 leitos para o Centro Obstétrico
• 10 novos leitos para a unidade coronariana
• 6 leitos de UTI neonatal
• 5 novos leitos para o Centro de Terapia Intensiva (que, ao todo, terá 14 leitos)
• Novas instalações do Centro Especializado de Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia
• Ampliação da Unidade de Diálise, de 22 para 25 poltronas de atendimento
Controle de processos
Com dedicação ao controle de processos que visam à segurança do paciente e a padronização de sistemas de trabalho, a Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto trabalha em cima de planejamentos estratégicos e em qualidade. Este ano, a Instituição finalizará o processo de Acreditação ONA. Para isso, há cerca de nove anos, investe em gestão, adotando um novo modelo, em quee os talentos e a reformulação estratégica interna foram priorizados com ações voltadas para o incremento de receitas, controle de gastos, investimentos em negócios rentáveis, renegociação de contratos e incrementos em equipes multiprofissionais de excelência.
Em 2017, a Santa Casa concluiu a reforma da unidade de urgência e emergência com oito leitos. Nos próximos dias, serão entregues as salas de observação masculina e feminina, que contarão com 14 leitos, além de equipamentos de alta tecnologia e de equipe multiprofissional capacitada. O superintendente do Hospital Marcelo Di Bonifacio observa que, para realizar as quase mil cirurgias mensais, o hospital possui um centro cirúrgico com 11 salas e outras três na unidade obstétrica.
Toda a área física do centro cirúrgico também foi reformada e modernizada, bem como a ala de internação Tinoco Cabral, que teve os quartos e os banheiros reformados com novos critérios de ambientação. Novas camas e móveis completam o plano de investimento. A construção de um prédio com 1.800 m², iniciada em 2017, será concluída este ano. A edificação abrigará lavanderia, central de material e esterilização, vestiário dos funcionários, salas da administração e de recursos humanos. “Também adquirimos cerca de 140 novas camas hospitalares e todas as camas dos setores SUS serão trocadas no decorrer de 2018, sendo que 50% já foram entregues e estão em uso”, revela Marcelo.
Fotos: Julio Sian
