Participação social
Em busca de soluções que promovam o crescimento sustentável de Ribeirão Preto, grupo presidido por Eduardo Amorim dá voz e diretrizes bem definidas ao Instituto Ribeirão 2030
Entendendo que a educação é a base para a construção de uma cidade melhor, o recém-criado Instituto Ribeirão 2030 traça diretrizes de trabalho, em longo prazo, que buscam ferramentas capazes de promover o desenvolvimento sustentável de Ribeirão Preto. Presidido pelo economista e empresário Eduardo Marchesi de Amorim, que tem ao seu lado na diretoria Maurilio Biagi Filho, como 1º vice-presidente, Dorival Balbino, como 2º vice-presidente, e José Batista Ferreira, como diretor-executivo, o órgão está alinhado ao Programa Cidades do Pacto Global, da Organização das Nações Unidas (ONU). Essa ação reúne governos, empresas, sociedade civil e universidades para desenvolver projetos inovadores e buscar soluções para os desafios urbanos complexos.
Educação de qualidade, consumo e produção responsáveis, trabalho decente, crescimento econômico, saúde e bem-estar, redução das desigualdades, entre outros temas, estão entre as metas de trabalho do grupo presidido por Eduardo. “O Instituto nasceu para dar voz aos cidadãos, para que todos tenham maior participação e usufruam de um melhor desenvolvimento da nossa cidade”, reforça o presidente. Com uma visão globalizada de crescimento, que envolve deveres e obrigações compartilhados por todos os envolvidos no processo, Eduardo destaca que o Instituto defende maior participação da sociedade, bem como total transparência na administração pública do município.
Jovem, empreendedor e comprometido com seus ideais, Eduardo tem ampla experiência de gestão. É sócio-diretor da Aquafeed Nutrição Animal e já foi presidente da Nutreco Fri-Ribe (1997/2012); gerente de operações do Unibanco (1994/1995). Também presidiu a Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe Br), na gestão 2015 e 2016; foi membro dos Conselhos da Aquadelta Agroindústria e Geneseas; presidente do Conselho Geneseas (2014/2015) e da Câmara Setorial de Aquicultura, em 2016.
Integrou, ainda, a diretoria regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), do Conselho do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional (Senai). É membro do Conselho do Museu da Memória Italiana e vice-presidente da Fundação de Ribeirão Preto Apoiando na Recuperação de Vidas (Rarev).
Revide: Qual foi a principal inspiração para a criação do Instituto?
Eduardo: Nos últimos anos, Ribeirão Preto passou por momentos difíceis muito por conta de uma gestão equivocada e de crimes cometidos por gestores públicos que desviaram dinheiro e praticaram corrupção. A ideia do grupo Ribeirão 2030 surgiu a partir de uma conversa informal durante as últimas eleições, da indignação de alguns cidadãos, entre eles, empresários, profissionais liberais, comunicadores, educadores, representantes de entidades de classe e etc. Há um ano e meio nos organizamos e convidados outras pessoas. Começamos a nos reunir para discutir os problemas da cidade, objetivando contribuir para a busca por soluções, sem deixar de cobrar as autoridades públicas, de maneira crítica e direta. Mais recentemente, o Grupo evoluiu para a criação do Instituto Ribeirão 2030 que se alinhou oficialmente aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Programa Cidades do Pacto Global, da ONU. São eixos temáticos que abrangem os problemas da sociedade. Hoje, olhando para trás, vemos que os problemas da sociedade por muitas vezes vêm da nossa própria omissão.
Qual o principal objetivo do Instituto?
Construir e compartilhar uma Ribeirão Preto melhor e mais sustentável, em todos os aspectos, para as gerações futuras, além de informar e mobilizar a sociedade em torno dessa causa.
Ele já existe em outras cidades da região ou de São Paulo?
Temos informação de que somos a primeira instituição brasileira da sociedade civil criada, em especial, para agir alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. O Instituto Ribeirão 2030, sediado na cidade, influencia também a região. Algumas prefeituras aderiram ao programa.
Como ocorreu a composição, sua estruturação e quais são os órgãos parceiros?
Depois de entendermos que a criação do Instituto era a melhor maneira de defendermos nossos propósitos, de forma independente e apartidária, constituímos uma diretoria e um conselho estratégico, além de núcleos de atuação por temas. A princípio, optamos por focar em gestão da educação, governança e eficiência na gestão pública, transparência e combate à corrupção, assuntos que estão mais amadurecidos dentro do Instituto.
A Operação Sevandija revelou o maior esquema de corrupção e desvio de dinheiro público da história de Ribeirão Preto. O que o Instituto espera como resultado dessa investigação?
Os fatos escancarados pela Operação Sevandija são crimes extremamente graves que o Instituto Ribeirão 2030 repudia e estará sempre vigilante dando sua contribuição para que não aconteçam mais. Agentes públicos, que deveriam cumprir a lei, foram pegos desviando recursos que hoje fazem muita falta para o desenvolvimento da cidade. Ex-prefeita, ex-secretários e ex-vereadores, profissionais liberais, entre outras personalidades da iniciativa privada, todos presos ou respondendo aos processos na justiça. A estimativa da força-tarefa que investiga esse escândalo é de que mais de R$ 200 milhões tenham sido desviados dos cofres públicos municipais. Com esse valor daria para fazer muito por Ribeirão Preto, em diversos setores que precisam de investimento. O lado positivo da Operação Sevandija é que ela colocou a sociedade em alerta, estimulando uma participação maior da comunidade.
Quais as principais diretrizes para a agenda Ribeirão 2030?
A prioridade é o desenvolvimento integral de Ribeirão Preto. Um dos temas que já estão amadurecidos no Instituto, por exemplo, é a transformação da educação fundamental do município, melhorando a avaliação do Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb). Acreditamos que a qualificação dos gestores das escolas públicas seja fundamental para aumentar a eficiência na educação. Ribeirão Preto, apesar de ser uma cidade rica, possui mais de 50 mil pessoas vivendo em situação precária, o que influencia outros indicadores, como os índices de violência e de criminalidade. Entendemos que a educação é base para a construção de uma Ribeirão Preto melhor.
Qual é o benefício que o Programa Cidades do Pacto Global, da ONU, trará para Ribeirão Preto?
O Programa Cidades é um balizador, ou seja, gera parâmetros de comparação com outras cidades e dá uma importante chancela de credibilidade ao Instituto Ribeirão 2030. Poderemos contar com o apoio do programa, nesse primeiro momento, no diagnóstico e na organização de propostas. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) abraçam a sociedade e, de uma forma ou de outra, abrangem também os problemas da cidade e da região. Pensamos globalmente e fazemos nossa parte agindo localmente. Um mundo melhor começa com uma cidade melhor e mais equilibrada.
Que ferramentas o Instituto tem em mãos para atingir suas metas?
Temos integrantes qualificados e com bom nível de influência. O grupo reúne um capital intelectual eclético e forte. Mais do que pensar, temos uma grande capacidade de agir, de fazer acontecer. Para dar base e credibilidade às nossas ações, também contaremos com um Núcleo da Pesquisa e Indicadores da cidade, que atuará em várias frentes. O Instituto Ribeirão 2030 terá ainda um amplo trabalho de comunicação, marketing e relações institucionais, além do nosso engajamento em diversas ações multitemáticas.
O Instituto terá parcerias com outras entidades?
Sim, serão parceiras extremamente importantes para que nossos posicionamentos e ações sejam propagados e gerem engajamento. Trata-se de união de forças que terá no aspecto coletivo do Instituto a sua maior força. Ribeirão Preto sempre teve um grande apoio por parte das entidades que representam as forças vivas da cidade. Alguns exemplos são Centro da Indústria do Estado de São Paulo (Ciesp); Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp); Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon); Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp); Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais (IPCCIC); Câmara Dirigentes Lojistas em Ribeirão Preto e Região (CDL); Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP); Orquestra Sinfônica, entre outras que já estão vindo ou ainda virão fortalecer nosso time.
Como você vê o crescimento sustentável da cidade diante de tantos entraves, nos mais diversos segmentos?
O desenvolvimento sustentável é amplo, envolve desde a questão ambiental até a gestão pública. Creio que um dos pontos principais desse conceito é saber onde estamos e para onde vamos. Hoje, Ribeirão Preto tem um orçamento com receita bruta de mais de R$ 3 bilhões e, se fizermos uma gestão eficiente com pouca burocracia e mais voltada ao coletivo, com certeza sobrariam mais de 10% desse montante, que seriam essenciais para serem investidos em desenvolvimento. São muitos entraves que precisam ser superados por meio de atitudes práticas e efetivas. Fazer mais com menos e planejar a cidade no longo prazo, com transparência. O Instituto Ribeirão 2030 conta com um grupo de voluntários unidos e motivados para aprender e realizar.
É possível envolver a sociedade nesse processo, contribuindo para sanar os problemas?
Nosso objetivo é informar e engajar a população dando força aos anseios da sociedade. O Instituto, por exemplo, tem uma posição consolidada de que é preciso reduzir o número de vereadores dos atuais 27 para, no máximo, 22 parlamentares em Ribeirão Preto. A redução é possível e tem respaldo no Supremo Tribunal Federal (STF). Precisa ser cumprida e vamos cobrar! Representaria uma grande economia aos cofres públicos, aumentando a capacidade de investimento nas áreas mais prioritárias. Outra questão a que estamos atentos é no que diz respeito aos supersalários da administração pública municipal, entre outras. A partir do momento que a sociedade tem consciência e se mobiliza, tudo é possível. É no que acreditamos.
Porque apenas 2030?
Desde nossas primeiras reuniões, já projetávamos Ribeirão Preto em 2030 e esse timing acabou coincidindo com o período proposto pela agenda da ONU. Nada impede, no entanto, que, em 2030, o Instituto se torne 2040 ou 2050, afinal, o planejamento da cidade precisa ser de longo prazo. Esperamos que as gerações futuras não só convivam em uma cidade melhor, mas também participem do desenvolvimento dela.