Pausa na Revitalização
Além da reestruturação do Calçadão, que está em andamento, o projeto previa uma série de ações no quadrilátero central
A continuidade do projeto de revitalização da região central de Ribeirão Preto não deve acontecer por ora. A Prefeitura deu uma pausa no cronograma das obras para iniciar a revisão de seu Plano Diretor, priorizando a aprovação da peça do Mobiliário Urbano, que definirá as diretrizes a serem observadas nas áreas de expansão do Centro e outras ações. Paralelamente, a administração municipal buscou recursos junto ao Governo Federal para a execução das obras, entre outras intervenções para melhorar a mobilidade urbana municipal.
Além da reestruturação do Calçadão, que está em andamento, o projeto previa uma série de ações no quadrilátero central, delimitado pelas avenidas Francisco Junqueira, Independência, Nove de Julho e Jerônimo Gonçalves. Entre os principais pontos previstos no projeto estavam a revitalização da rua José Bonifácio, a reforma do Mercadão, a criação de dois terminais de ônibus, a construção da Praça dos Imigrantes, a recuperação de áreas degradadas e a ampliação das vagas para estacionamento.
Do projeto inicial, apresentado em 2011 e estimado em aproximadamente R$ 40 milhões, apenas a primeira etapa, que contempla as obras do Calçadão, está sendo realizada. José Antônio Lanchoti, arquiteto e urbanista consultor do projeto de revitalização, antecipa que o processo continua, mas algumas propostas apresentadas pela arquiteta e urbanista Rose Borges já foram descartadas. Entre elas, a implantação de teleféricos, a Praça dos Imigrantes e a praça que interligaria o Quarteirão Paulista e o Palácio Rio Branco, ocupado pela administração municipal.
Outro ponto importante para a continuidade da revitalização do centro, segundo ele, é implantação da lei Cidade Limpa, a qual os comerciantes estão aderindo gradativamente. “Para que a readequação dos comércios seja feita, é preciso que o empresário se sinta seguro em relação aos próximos passos. Por isso, a elaboração de um cronograma confiável é fundamental”, reforça José Carlos Carvalho, presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP).
De acordo com Lanchoti, a ideia inicial da revitalização do centro resgatava o conceito de morar, trabalhar e ter lazer à disposição no centro. O arquiteto antecipa que o andamento depende da contratação de uma empresa responsável pelo projeto executivo. A licitação para isso deve ser concluída pela Prefeitura até o fim do ano. Somente a partir de então é que se poderá definir as reais necessidades da região, dando prosseguimento ao cronograma e às obras.
O arquiteto e urbanista estima que, depois disso, as obras poderão ser concluídas dentro de aproximadamente quatro anos. Entre as ações previstas nesta segunda etapa estão a implantação de um terminal urbano na rua José Bonifácio, próximo ao Centro Popular de Compras, e outro próximo ao parque Maurílio Biagi, além de outros 11 miniterminais, que serão instalados em diversos pontos da cidade.
A revitalização de ruas e de calçadas também está inclusa na segunda etapa. Quanto à ampliação das vagas para estacionamento, Lanchoti observou que a Transerp já está realizando um estudo para definir os possíveis locais. Outra novidade que poderá melhorar o fluxo dos ônibus deve ser a implantação de uma faixa exclusiva para este tipo de veículo. Para isso, a Prefeitura aguarda a liberação de aproximadamente R$ 350 milhões do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC II). Deste total, R$ 278,8 milhões serão destinados à implantação de corredores de transporte coletivo nos eixos Norte/Sul e Leste/Oeste; R$ 31,8 milhões para a pavimentação e qualificação de vias urbanas nos bairros Vila Elisa, Jardim Itaú e Recreio Anhanguera e R$ 39,9 milhões para a ampliação dos serviços de saneamento básico na cidade.
Outras melhorias
A Associação de Moradores e Empresários do Centro (AMEC), coordenada pelo comerciante Marcos Zeri Ferreira, acompanha de perto o processo. Além da troca do piso do calçadão, da rede subterrânea de energia elétrica, do paisagismo e do mobiliário urbano, a revitalização do centro previa, de acordo com Marcos, a implantação de sanitários públicos com fraldários, pintura e restauração dos prédios históricos, ampliação das câmeras de segurança monitoradas pela Polícia Militar, instalação de coletores para resíduos recicláveis, educação ambiental com campanhas junto à população, reengenharia de trânsito, tolerância zero com os camelôs, entre outras ações.
Para oferecer melhores condições de trabalho aos ambulantes, a Prefeitura inaugura, em agosto, uma nova área, localizada na rua General Osório. O prédio, com 1.550 m² de área construída, terá 93 boxes para abrigar os trabalhadores que hoje ocupam a galeria da rua Duque de Caxias. No novo espaço, denominado Shopping Popular, os ambulantes terão que formalizar seus negócios, tornando-se microempreendedores.
A favor das mudanças, mas contra a lentidão do processo, o empresário Tiago Camargo apoia a revitalização e acredita que as obras vão valorizar a região central da cidade. Segundo ele, apenas as obras do Calçadão, entre todas as previstas no projeto inicial, estão em andamento. Mesmo assim, caminham a passos lentos, gerando desconforto para comerciantes e consumidores. “Falta apoio do poder público. O centro precisa resgatar o glamour que já viveu. Para isso, é preciso melhorar a infraestrutura como um todo, a começar pelo transporte público, que traz as pessoas ao centro. O sistema é muito deficitário, tem muitos problemas. Mas eu espero que depois das mudanças, vá ficar bom”, estima Tiago.
Novo piso no Mercado Municipal
Os comerciantes do Mercado Municipal decidiram realizar, por conta própria, a reforma do piso interno do prédio. Para isso, fecharam as portas entre os dias 28 e 31 de julho e, ao custo estimado de R$ 130 mil, foram feitos os reparos necessários, como a implantação de um cimento polido. “O piso estava muito degradado e precisávamos trocá-lo com urgência, aumentando, assim, a segurança dos frequentadores”, explica Maria Helena Bischiotini, presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado Central de Ribeirão Preto (ACOMECERP). Segundo ela, os empresários estão ansiosos pelas reformas, que devem contemplar pintura interna e externa do prédio, troca do piso, revitalização do painel de Bassano Vacarini, instalação de uma praça de alimentação no vão livre entre o Mercadão e o Centro Popular de Compras, entre outras melhorias. Patrimônio histórico da cidade tombado em 1993 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), o prédio de 4.150 m² tem 65 permissionários. De acordo com o secretário municipal de Obras Públicas, Abranches Fuad Abdo, a revitalização do Mercadão terá início após as obras do calçadão.