Percepção da segurança

Percepção da segurança

Ribeirão Preto foi considera a 5ª cidade mais segura do país entre municípios de 500 mil a um milhão de habitantes; advogado Ricardo Alves de Macedo analisa a segurança pública na cidade

Ribeirão Preto é a 5ª cidade mais segura do Brasil entre os municípios com população entre 500 mil e um milhão de habitantes. O dado é do Anuário 2023 Cidades Mais Seguras do Brasil, elaborado a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), do Ministério da Saúde. O principal indicador utilizado para classificar as cidades foi a quantidade de assassinatos por 100 mil habitantes. Para calcular o índice, foram analisados os dados dos 1,5 milhão de óbitos ocorridos em 2022 consolidados no Painel de Monitoramento da Mortalidade da SVSA. 

 


Entre os estados brasileiros, São Paulo ocupa a segunda colocação, a mesma ocupada pela cidade de São Paulo entre as capitais brasileiras. A região Sudeste lidera o ranking como a mais segura do país. Contudo, nem sempre a percepção da população da criminalidade está em sintonia com levantamentos como esse. Na entrevista a seguir, o advogado Ricardo Alves de Macedo, mestre em Direitos Coletivos, professor de Direito Criminal e especialista em segurança pública, comenta os principais desafios da segurança pública em Ribeirão Preto. 

 


Apesar dessa classificação favorável no Anuário 2023 Cidades Mais Seguras do Brasil, quais são os desafios que Ribeirão Preto enfrenta em termos de segurança pública?

 

Desafios sempre são bem-vindos! A ideia é aprimorar os bons índices já existentes e firmar novos compromissos à busca do padrão excelência no que toca à segurança pública. Precisamos, como sabem, aumentar nosso efetivo policial, bem como melhorar, significativamente, as condições de trabalho dos nossos policiais. Se com o que temos conseguimos resultados satisfatórios, se melhorarmos, principalmente os salários dos nossos policiais, evidente que aumentaremos os índices favoráveis. No entanto, não devemos nos esquecer da Educação. A educação é a base da vida em sociedade. Logo, os investimentos à docência, às instalações de ensino e melhorias também nos salários dos docentes, nunca serão algo demasiado.

 

E quais são as medidas que a cidade tem adotado para manter ou melhorar sua posição no ranking?

 

Ribeirão Preto tem se mantido em tal posição por investimentos ocorridos mais recentemente em sua infraestrutura, desde situações simples e primárias, como roçada de matos, iluminação e vigilância eletrônica. Destaque, ainda, para a sociedade se mobilizando e se organizando em reuniões do conselho de segurança dos bairros (Conseg), estreitamento entre os órgãos policiais, trabalho integrado e, principalmente, vontade de todos em termos uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna, creio.

 

Como a percepção da população de Ribeirão Preto sobre a segurança da cidade se alinha aos dados apresentados na pesquisa?

 

Sabemos que sensação de segurança é algo diferente de efetiva segurança. Talvez, a sociedade local esteja percebendo que a segurança pública é de responsabilidade de todos, no resgate dos valores próprios de um local mais próspero e de uma sociedade pautada por princípios éticos e valores morais como maneira da busca da dignidade da pessoa humana, princípio fundamental erigido ao texto constitucional.

 


Existem diferenças significativas na segurança entre as regiões da cidade? Se sim, quais são essas diferenças?

 

Sim, existem como em todos lugares. Temos regiões mais seguras e outras nem tanto. Tal se deve por fatores múltiplos: formação da região, habitação primitiva ali destinada, formação intelectual/cultural dos que ali habitam, grau de desenvolvimento econômico social, dentre outros. Isso faz com que as regiões se diferenciem e, por conseguinte, se torna necessário o conhecimento de tais informes com vistas à distribuição melhor de mecanismos de desenvolvimento, minimização de riscos e intensificação da presença do Estado por meio de seus órgãos próprios e voltados à segurança pública, não nos olvidando, jamais, que todos devemos participar, pois, como dito, também é de responsabilidade nossa o tema.

 

 

Além da redução de homicídios, existem formas de violência que são silenciosas, como a violência doméstica, o bullying nas escolas e a discriminação. Como sociedade, de que forma podemos reduzir esses impactos?

 

Mudança do paradigma, que passa pelo pensar, para se desencadear no agir. Algumas atitudes do passado não merecem mais guarida no presente, como demonstração da evolução social. No entanto, é dever ressaltar que tal evolução não deve vir desprovida de valores singelos, inerentes a quem pretende ter uma vida social pautada pelo respeito, pelos valores sociais advindos do trabalho, à busca do bem comum. É simples: quer ser justo consigo, seja justo com seu próximo.

 

 

A presença de políticas de flexibilização do porte de armas poderia contribuir para a segurança da população de Ribeirão Preto? Por quê?

 

Sim, sem de dúvidas! Não se trata de, aqui, fazer apologia as armas, mas todo ser humano deve ter como se defender, até mesmo porque, como acima dito, segurança pública também é responsabilidade de todos. Isso não significa ‘matança’ ou, deliberadamente, colocar armas nas mãos dos que simplesmente assim desejam-nas. É preciso rigor, critérios e discernimento a tal. Armas não matam pessoas, pessoas, matam pessoas. Aos desenfreados no respeito ao próximo e nos valores sociais, resta-lhes o temor como parceiro. Não se combate fuzil com flores. 


Foto: Luan Porto

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