Pouco espaço

Pouco espaço

O circuito de bares de Ribeirão Preto costuma contratar músicos de fora para tocarem músicas cover

Na opinião de músicos da cidade, tentar fazer música autoral e sair pela cidade tocando em bares e casas de shows para divulgar as músicas produzidas em Ribeirão Preto é como lutar contra uma força infinitamente maior. A principal reclamação dos músicos ribeirãopretanos hoje é a escassez de lugares para tocar.

“Tem gente querendo ouvir coisa nova, tem músico querendo mostrar coisa nova, mas falta espaço”, revela Guilherme Carvalho, tecladista da banda de músicas autorais Vinil Verde, mas que também faz cover de Los Hermanos.

O circuito de bares de Ribeirão Preto costuma contratar músicos de fora para tocarem músicas cover na cidade o que, de certa forma, obriga os músicos da cidade a formarem bandas cover para atender às exigências dos bares. “O cover realmente abre mais portas em relação aos shows. Mas nunca passará disso, você não será reconhecido como cover. Trata-se de divertir e voltar pra casa sem dever nada pra ninguem”, ressalta Daniel Vilela, baixista da banda The Strokes Cover RP.

Daniel Vilela é exemplo da dificuldade dos músicos que pretendem seguir com projeto de músicas autorais. Vilela já teve duas bandas, a Beedead e a Prefixo 16, ambas com músicas próprias gravadas e postadas na internet. “Na verdade as músicas estão na ‘geladeira’, sem força pra serem divulgadas”, lamenta.

Para Robson Paulin, baixista da banda The Cavern Men, é realmente mais fácil para uma banda cover conseguir um show. “A verdade é que o proprietário de um bar lucra mais com isso, pelo fato da banda ser cover. E se for de alguma banda clássica, como é o nosso caso, é garantia de casa cheia” afirma o baixista que toca numa banda cover dos Beatles.

Falta espaço
“Espaço é complicado!”, diz Matheus Donavon, compositor e guitarrista da banda Dom Amaro. Donavon conta que a banda nasceu para ser inteiramente autoral, sem nenhuma música de outras bandas no repertório. 

Ele aponta alguns lugares já bem conhecidos dos ribeirãopretanos  por apoiarem e incentivarem a cena de músicas autorais da cidade. 

Dentre alguns lugares Donavon cita o Estúdio Pentatônica, o espaço A Coisa, Crazy Miranda e o Coletivo Fuligem. “Eles estão sempre envolvidos e apoiando. Mas a cena é sempre muito precária e falta estrutura. Precisamos alugar equipamentos às vezes, e isso tudo tem um custo”, ressalta o guitarrista. 

A intenção dos coletivos tem sido  exatamente tentar organizar a parte estrutural. Mas, enquanto isso vai acontecendo aos poucos, em Ribeirão, como o próprio Donavon friza: “muita banda boa tem pouca oportunidade”.

Está difícil para todo mundo
Se de um lado os músicos de bandas autorais sofrem com as dificuldades de divulgação e espaço para shows, por outro as bandas cover sentem a pressão de serem fiés à sonoridade da banda homenageada. Robson Paulin, músico desde a década de 80, conta que o público que vai a um bar para ouvir uma banda cover é bastante exigente. “Citaria isso como dificuldade. Na verdade, é uma obrigação nossa fazer algo bem decente. Caso contrário nos queimamos como banda”, afirma.

No entanto, Rob McCartiney, como é conhecido lembra que eles nunca serão os Beatles e que, no fundo, tudo não passa de uma homenagem ao quarteto britânico. Mas que, de certa forma, tocar numa cover toma muito tempo. Rob conta que já compôs suas próprias canções quando tocou com outras bandas, mas teve de abandonar seu projeto para focar somente nos ensaios da The Cavern Men. “Sou compositor e acho válido, mas neste momento estamos investindo no nosso projeto cover pois toma tempo e demanda esforço lidar com algo tão grandioso  como Beatles”, conclui.

Para conhecer as bandas:
The Strokes Cover: www.facebook.com/strokes.coverrp
Dom Amaro: www.myspace.com/domamaro
Vinil Verde www.facebook.com/bandavinilverde
The Cavern Man: www.tcmbeatlescover.com

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Texto: Bruno Silva
Fotos: Divulgação

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