Reflexões para um ano novo

Reflexões para um ano novo

Conhecido e reconhecido pelo ensinamento — e pela prática — de atitudes positivas, Felício Bombonato inspira a reflexão sobre como queremos ser e viver no novo ano que já está a caminho

Engenheiro civil durante 15 anos, Felício Bombonato, em vez de construir casas, decidiu edificar vidas e acabou se tornando uma referência para quem busca por mais equilíbrio no dia a dia. O instrutor das artes Karatê-Dô (1973) e Tai Chi Pai Lin (1985) e criador do Curso AMP – Atitude Mental Positiva é grato aos ensinamentos de grandes mestres, como Toshio Ozawa, Juichi

 

Sagara, Liu Pai Lin e Napoleon Hill, que construíram seu caráter e definiram sua trajetória de vida. Autor dos livros “PositivaMente” (2018), “Meu mestre Meu guia” (2022) e “Pense Positivo - autossugestões construtivas” (2022), Felício aplica a formação em Programação Neurolinguística (PNL), Hipnose e Coach em seu curso e também em palestras e mentorias empresariais e traz, nesta entrevista, dicas valiosas para se colocar em prática em 2023. 

 

Qual a avaliação que você faz desse período de reclusão que vivemos?

 

Esse período foi uma fase em que pudemos nos recolher para refletir melhor sobre nossos verdadeiros valores: os laços familiares, a valorização da vida, o fortalecimento dos laços de amizade e uma busca maior pela nossa fonte criadora.

 

Assim, pudemos nos tornar pessoas mais humanas e fraternas. E, em uma sociedade mais fraterna e com mais amor ao próximo, naturalmente, a paz e a harmonia se dilatam, enquanto a dor e o sofrimento se abrandam. Esse processo de crescimento e de despertar interior de cada um, diante de toda essa dificuldade pela qual passamos, tende a nos melhorar sensivelmente. 

 

Qual aprendizado a pandemia deixou para seguirmos daqui em diante?

 

Um aspecto que ficou muito em evidência para todos nós é a fragilidade da vida e como ela é fugaz. Acredito que muitos puderam perceber que nossa existência é curta demais para se perder tempo com desavenças ou reclamações, disputas e discórdias. Muitos estão agora preferindo ser felizes a terem razão.

 

Aprendemos que podemos ser, e que já somos, muito felizes, pois passamos a perceber verdadeiros tesouros que até então não tínhamos valorizado, tais como a saúde, os laços de família e a amizade, bem como os parques e as praças onde podemos caminhar gratuitamente, valorizando cada momento de bem-estar que ali encontramos. Aprendemos que podemos ser felizes hoje e que há motivos de sobra para o sermos agora.

 

Qual o balanço que você faz do ano de 2022?

 

Vivemos um desafio proposto a todos, pelas dificuldades que tivemos de enfrentar, e pudemos aprender que o que mais importa não é como os problemas e as dificuldades nos atingem e sim como nós reagimos a eles. Para mim, foi um ano muito especial, pois consegui finalizar e lançar mais dois livros e retomar as aulas de Tai Chi, agora no RibeirãoShopping [todas as quartas-feiras, das 9h às 10h, no Jardim Suspenso].

 

Como avalia essa divisão que se assistiu em função da política em 2022?

 

Todos querem ser felizes, porém cada um ao seu modo. Considero particularmente importante a flexibilidade que o bambu nos ensina a ter. O bambu é flexível porque é oco, vazio por dentro, enquanto o carvalho é rígido porque é cheio e duro por dentro.

 

Podemos entender que este vazio representa a mente humilde e este cheio a mente orgulhosa e compreender que a flexibilidade tolera mais, aceita mais, releva mais, compreende mais e respeita mais — fatores básicos para a manutenção e o fortalecimento das relações humanas —, ao passo que, muito preenchidos de razão, nos tornamos rígidos demais e passamos a ferir, magoar e afastar aqueles a quem mais amamos. Creio que muitos chegaram a essa conclusão, após algumas experiências negativas de discórdias advindas do desejo de querer ter razão uns sobre os outros, o que não leva ninguém a lugar nenhum.

 


Para Felicio, 2023 é um livro com 365 páginas em branco à espera de que escrevamos nele a melhor história da nossa vida

 

Como é possível avançar em consciência para uma mudança efetiva nos próximos anos?

 

Pertencemos a uma sociedade composta por indivíduos heterogêneos, na qual os afins se buscam naturalmente, porém, em proporções diferentes quando se trata de um despertar maior da consciência.

 

Muito ou pouco, mais ou menos, uma vez despertos, cada um de nós passa a interferir de modo positivo no meio onde está inserido e, assim, graças à lei da reciprocidade, que nos diz que as pessoas nos devolvem sempre a mesma moeda que doamos a elas, quanto mais fraternidade, gentileza e amor doarmos ao próximo, mais os estimulamos a terem igualmente tais atitudes e, assim fazendo, passamos a ampliar a nossa consciência de que existe uma versão de realidade de vida melhor do que essa que estamos vivendo e que está à espera das nossas melhores atitudes.

 

Desse modo, cada um escolhendo fazer o seu melhor para o meio em que vive, naturalmente ocorrerão mudanças significativas e duradouras, que afetarão de modo positivo e construtivo a realidade em que nos encontramos.

 

Muitas pessoas enfrentam dificuldades econômicas e ainda temos um cenário instável pela frente. Qual a sua avaliação deste ponto?

 

Napoleon Hill ensina que em toda dificuldade reside a semente de um benefício equivalente. Existe, também, um provérbio que diz: ‘Sem o vento, a pipa não sobe’, ou seja, sem as dificuldades, a gente não cresce. Acredito que todos possuímos dentro de nós forças adormecidas e enfraquecidas pela zona de conforto em que, muitas vezes, nos encontramos e às quais nos acostumamos, que, geralmente, são despertas somente pelas adversidades.

 

Desse modo, muitas dificuldades e problemas que enfrentamos são bênçãos disfarçadas. Basta que assim as reconheçamos. Napoleon Hill nos ensina a reagir de modo positivo, levando-nos a pensar: ‘Problema? Isso é bom! Deixe-me ver o que eu posso aprender com ele’. Quem nos criou, dotou-nos de recursos internos tais como confiança, fé, coragem, entusiasmo, determinação e imaginação, entre outros, para que os usemos a fim de vencer as nossas dificuldades.

 

Portanto, diante das situações desafiadoras, em um clima de colaboração, poderemos atingir resultados positivos, os quais nos fornecerão uma sensação interna de satisfação e uma certeza de que valeu a pena termos nos mantido firmes no caminho, confiantes de que a possibilidade do melhor viria a acontecer. 

 

O que esperar para o próximo ano? Talvez devêssemos indagar: o que o próximo ano espera de cada um nós?

 

Podemos pensar que o próximo ano se apresenta como um livro com 365 páginas em branco à espera de que nele escrevamos a melhor história da nossa vida e, assim, poderemos decidir ser os protagonistas da nossa vida em vez de simples espectadores. Penso que de real mesmo em nossa vida só existe o minuto que passa e a ele devemos dedicar nossa atenção para que nele possamos realizar o nosso melhor.

 

Quanto ao futuro, acho que poderíamos escrever em um papel o projeto de vida que queremos ter e, para isso, precisamos usar a nossa imaginação para visualizarmos o melhor. Uma vez criado tal projeto, ele servirá como a planta de uma casa para nortear a nossa mente, direcionando os nossos passos para a materialização dos nossos sonhos.

 

 

Qual reflexão você considera importante cada um fazer neste final de ano?

 

Precisamos resgatar a consciência de que somos seres naturais, filhos da Mãe Natureza, primos/irmãos das árvores. Dentro de cada árvore existe uma força contínua baseada em um desejo permanente de crescer e se expandir — a não ser quando a colocam em um vaso, limitando o seu crescimento e transformando-a em um bonsai.

 

No entanto, se a tiramos do confinamento e colocamos em uma grande cova, a adubamos e aguardamos, assistimos sua força de progresso, à qual podemos chamar de ‘insatisfação inspiradora’, que a faz pensar: ‘Eu não sou só isso, eu posso crescer um pouco mais!’, e a faz crescer e se expandir para, enfim, doar seus frutos para que outros deles se deliciem. Uma vez que resgatemos essa consciência, poderemos sair do vaso onde muitas vezes fomos condicionados e limitados, no qual nos acomodamos e nos tornamos verdadeiros bonsais humanos, para a construção de uma realidade muito melhor, e a transformação da nossa sociedade em um lugar mais acolhedor, mais fraterno e feliz para todos viverem. 


Fotos: Revide

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