Sangramento nasal: causas, sintomas e tratamento
Tempo seco e calor aumentam os casos, mas este tipo de sangramento também pode ocorrer em função de traumas, alergias e desvio de septo
Embora a maioria dos sangramentos nasais — ou epistaxis —seja inofensiva, há situações em que eles podem indicar problemas de saúde mais sérios. Por isso, é importante ter conhecimento sobre suas causas, sintomas e tratamento adequado.
Os sangramentos nasais são um problema comum, que afeta pessoas de todas as idades — a estimativa é que mais da metade da população tenha passado por algum sangramento nasal na vida —, e para entender quando eles podem representar um sinal de alerta para problemas de saúde mais sérios, é preciso prestar atenção a sinais como hipertensão, distúrbios de coagulação sanguínea e uso de anticoagulantes.
Sangramentos nasais em casos de pressão arterial elevada são comuns, pois quando a pressão sanguínea aumenta, os vasos sanguíneos nasais podem enfraquecer, e essa fragilidade acaba acarretando em episódios de sangramento. Em casos de distúrbios de coagulação sanguínea, como pessoas com condições como a hemofilia, também há maior probabilidade de acontecer. E o uso de anticoagulantes pode acarretar em maior risco de sangramentos frequentes, porque essas substâncias diminuem a capacidade de coagulação do sangue. Nestes casos, o sangramento ocorre devido à incapacidade do sangue de coagular normalmente, resultando em episódios mais intensos e prolongados.
O otorrinolaringologista Gabriel Santos de Freitas, destaca que o sangramento nasal é definido como hemorragia aguda da narina, cavidade nasal ou nasofaringe. “É uma queixa frequente na emergência e, muitas vezes, causa ansiedade significativa tanto em pacientes como nos médicos. No entanto, a grande maioria dos pacientes que se apresentam ao pronto-socorro com epistaxe, provavelmente mais de 90%, pode ser tratada com sucesso pelo médico assistente no pronto socorro. O sinal de alerta precisa ser ligado quando esse sangramento se mantém em grande intensidade e por mais de 15 minutos, sem possibilidade de controle, levando a um comprometimento sistêmico pela perda excessiva de sangue associada à dor de cabeça, obstrução nasal, fraqueza e dor facial”, comenta o médico.
Sinal de alerta
Apesar de frequentemente ser um problema simples, ocasionalmente o sangramento nasal também pode representar um sintoma de algo mais sério, até potencialmente grave, como a presença de um tumor.
Os tumores que se desenvolvem no nariz e nos seios paranasais são relativamente raros — podem ser benignos ou malignos —, mas podem causar sangramento nasal. Alguns dos tipos de tumores que podem afetar essa área incluem pólipos nasais, carcinoma nasossinusal e tumores de células estesioneurais. Portanto, quando houver sangramentos nasais, sejam eles comuns ou não, é fundamental que se procure atendimento médico. A identificação precoce de certos tipos de tumores é crucial para o tratamento eficaz e a recuperação do paciente.
“Os sangramentos nasais podem ser os primeiros sintomas, ou associados a outros, de tumores da cavidade nasal ou outras regiões paranasais, apesar de não serem, na imensa maioria das vezes, relacionados a tumores, podem representar a primeira e única manifestação para o diagnóstico precoce. Não há como diferenciar entre causas de epistaxe apenas pela história ou característica do sangramento, por isso, sempre que houver, é importante procurar um otorrino para avaliação. E já que estamos falando de epistaxe como sintoma de tumor, vale a pena lembrar de outros sintomas que também estão associados a tumores nasais ou paranasais, como perda de paladar ou olfato, lacrimejamento, edema ou dor facial, lesões na cavidade oral ou céu da boca, alterações visuais, nódulo no pescoço e dificuldade de abertura da boca”, explica o médico oncologista, Bruno Filardi.
Diferenças e cuidados
Basicamente há dois tipos de sangramentos nasais: a hemorragia nasal anterior, que é mais comum e é originada na parte anterior do nariz; e a hemorragia nasal posterior, uma forma menos comum e potencialmente severa, uma vez que envolve vasos sanguíneos maiores localizados na região posterior do nariz.
Quando acontece um episódio de sangramento nasal, é fundamental tomar medidas adequadas para controlar a situação: sentar-se de forma ereta, para evitar que o sangue escorra pela garganta; inclinar ligeiramente a cabeça para a frente para evitar que o sangue flua para a garganta; apertar as narinas e manter a pressão por 10 a 15 minutos ajuda a comprimir os vasos sanguíneos para a coagulação começar; também é aconselhável usar um pano frio na testa, para controlar a hemorragia, e evitar coçar ou cutucar o nariz, para prevenir mais lesões na mucosa.
Se o sangramento persistir após 15 minutos de compressão ou se ocorrer repetidamente, é importante buscar assistência médica, principalmente se houver histórico no paciente. Não existe uma frequência que determine quando um sangramento nasal é considerado um sinal de alerta. No entanto, se eles ocorrem de forma recorrente e sem causa aparente, ou se apresentam excepcionalmente intensos e prolongados, é importante procurar um médico.
Embora sejam um incômodo comum, os sangramentos nasais podem indicar problemas maiores em alguns casos, por isso, a prevenção e o cuidado adequado são essenciais. É preciso atenção aos sinais de alerta e saber como agir durante um episódio para garantir a saúde e o bem-estar.
Causas comuns de sangramento nasal
As causas dos sangramentos nasais são variadas e podem incluir:
• Lesões físicas - pequenos ferimentos na mucosa nasal que podem acontecer ao coçar o nariz com muita força, espirrar violentamente ou introduzir objetos;
• Tempo seco e baixa umidade – neste clima a mucosa nasal tende a ressecar, tornando-se mais suscetível a lesões e, consequentemente, a sangramentos;
• Infecções respiratórias - como resfriados e gripes, que podem irritar as passagens nasais, causando sangramentos leves a moderados;
• Uso excessivo de medicamentos tópicos nasais - alguns congestionantes ou sprays nasais usados em excesso podem irritar a mucosa nasal e levar a sangramentos
Foto: Luan Porto
