Sebrae persegue desenvolvimento regional

Sebrae persegue desenvolvimento regional

Órgão contratou IPCCIC, de Ribeirão Preto, para identificar potencialidades econômicas nos 34 municípios da Região Metropolitana de Ribeirão Preto

Contratado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas empresas) de São Paulo para realizar um trabalho com o objetivo de melhorar o ambiente de negócios e promover o fortalecimento das potencialidades empreendedoras dos 34 municípios que formam a Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP), o Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais (IPCCIC), já está levantando informações para formação de um diagnóstico econômico da região, que servirá de base à elaboração de um plano de ações de governança.


A iniciativa integra a estratégia da secretaria estadual de desenvolvimento de São Paulo de priorizar o desenvolvimento no interior por meio do Plano de Desenvolvimento Urbano e Integrado (PDUI). “Inclusive, daí vêm a criação das regiões metropolitanas. A de Ribeirão Preto é potencial para o desenvolvimento e, no levantamento que temos, entre as várias opções desenvolvimentistas, encontramos a economia criativa, que é muito ampla e está presente no agro, na indústria, no comércio, serviços, turismo, artesanato e várias outras áreas”, afirma o gerente do Sebrae - Escritório Regional Ribeirão Preto, Paulo Arruda.


A ideia, segundo Arruda, é identificar em cada cidade negócios em potencial, mostrá-los interna e externamente na região e viabilizar a busca por investidores que possam colocá-los em prática no futuro. “Essa é a grande meta, inclusive com sugestões de criação de legislação, enquanto consórcios municipais, para dar oportunidade de investimentos”, declara.


A coordenadora de projetos do IPCCIC, Adriana Silva, considera a proposta do Sebrae muito interessante, por avançar no diagnóstico de potencialidade. “O produto final desta parceria é um plano de ação com metas e cronograma, acrescido de um desenho de governança, o que penso ser o maior ganho da iniciativa, pois além de indicar possíveis ações, se propõe ao reconhecimento dos atores/agentes executores e organiza as propostas ao longo do tempo, entregando para o Estado um documento amplo e significativo para o desenvolvimento das 34 cidades que compõem a Região Metropolitana de Ribeirão Preto”, declara.

 

Fases do projeto


Dividido em cinco fases, o levantamento está previsto para ser concluído em setembro de 2024. Neste período, todos os municípios serão visitados duas vezes. 


Na primeira fase, de diagnóstico, acontecem visitas presenciais de técnicos do IPCCIC, acompanhados ou não de um colaborador do Sebrae, onde serão realizados levantamentos de dados secundários já existentes – sobre potencial econômico setorial ligado à economia criativa – junto a parceiros, prefeitos, secretários de desenvolvimento e agricultura, empresários, sindicatos e associações comerciais. “São esses grupos que formarão as lideranças locais, sempre com participação de representantes das esferas pública e privada. Esta fase, que está terminando, faz um mapeamento regional completo sobre todas as oportunidades de economia criativa”, descreve Paulo Arruda.


A segunda fase, de planejamento estratégico para consolidação dessa governança, consiste em centrar os focos econômico e social na identificação de objetivos comuns em negócios na Região Metropolitana de Ribeirão Preto. Nesta fase, serão realizados cinco seminários interativos presenciais – em datas e cidades da região metropolitana ainda a definir –, com seis horas de duração cada um, para apresentação à comunidade pública e privada dos municípios, da proposta do plano estratégico. “Eles servirão também para sensibilizar a população, validar e referendar o trabalho. As informações coletadas nesses seminários serão incorporadas ao relatório”, explica o gerente.


A terceira fase, de elaboração e apresentação do plano de ação da governança, tem como foco a melhoria do ambiente regional de negócios, de forma a criar condições para que a economia criativa desenvolva suas potencialidades empreendedoras. Nesta fase serão descritas, em detalhes, as oportunidades de aplicação de todas as potencialidades levantadas. 


Este plano, previsto para ficar pronto em maio deste ano, será um direcionador para as cidades da região. 


Na quarta fase, o IPCCIC presta uma consultoria com o objetivo de consolidar os investidores. É a fase em que técnicos vão visitar stakeholders (pessoas, empresas ou instituições com algum tipo de interesse na gestão e nos resultados de um projeto ou organização, influenciando ou sendo influenciadas direta ou indiretamente por ela), tirar todas as dúvidas que ainda tenham sobre o plano de ação e mostrar o “caminho das pedras” para interessados em investir nos negócios em potencial identificados.


A quinta fase consistirá na apresentação de um plano de comunicação e marketing territorial pelo IPCCIC ao Sebrae.
 

Potencialidades identificadas


Entre os muitos projetos já executados pelo IPCCIC está o “Ligados Pela História”, realizado entre 2021 e 2022, que consistiu na produção de uma série com 34 episódios, de 40 minutos cada, exibida numa rede de TV local, contando a história de cada cidade da Região Metropolitana de Ribeirão Preto. 


Os vídeos também apresentaram as potencialidades da Economia Criativa na região e podem ser assistidos no site www.museucidadedigital.com. O material também foi publicado em livro.


Membro da equipe de trabalho do IPCCIC, o advogado e cineasta Edgard Castro adianta que, dentro do projeto contratado pelo Sebrae, o instituto também está desenvolvendo uma Film Commission da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, que visa apoiar e atrair produções cinematográficas, de televisão e publicidade para seus municípios, por conta da riqueza de belezas naturais, históricas e sociais que essa região oferece. “Basta lembrar das imigrações italiana, japonesa, árabe e os ciclos do café, açúcar e álcool que viscejaram nessas terras”, ressalta.  

 

ECONOMIA CRIATIVA


O conceito Economia Criativa foi desenvolvido pelo professor inglês John Howkins, em seu livro “The Creative Economy: How People Make Money From Ideas” [A Economima Criativa: Como pessoas Fazem Dinheiro a Partir de Ideias”], publicado em 2001 e traduzido para diversas línguas, inclusive o português.


Pode ser definida como um processo que se utiliza da criação para que as pessoas possam explorar determinado valor econômico, e mistura dois conceitos complementares: o valor econômico, ligado a processos como produção e distribuição de produtos; e o criativo, relacionado a fatores criativos, emocionais e imaginários.


“Um exemplo de possibilidade de economia criativa regional são roteiros turísticos culturais que envolvam atrativos de diferentes cidades. A pessoa vem para Ribeirão, mas pode visitar o Museu de Portinari em Brodowski, as obras do Bassano Vaccarini em Altinópolis, alguma festa religiosa em outro município, etc. Os empreendedores podem ser locais, regionais e até de fora do Estado e do país”, diz Paulo Arruda. 

 

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