Sim, elas podem (ainda mais)!

Sim, elas podem (ainda mais)!

As várias décadas de luta das mulheres pela emancipação deixam legado de empatia e conscientização às novas gerações

A luta por um mundo mais igualitário parece nunca terminar, principalmente para as mulheres. Porém, décadas de ações que buscam levar informação e conscientização sobre a própria condição ao maior número de mulheres possível resultou em uma geração preocupada em reajustar as condições de desigualdade. Hoje, mulheres jovens, e até meninas, têm ciência de que os salários, muitas vezes, nem sempre são iguais, entre homens e mulheres, para o mesmo cargo. Elas também passaram a entender que as mães podem enfrentar grandes dificuldades para tocar a vida profissional.

O protesto conhecido como “Queima de sutiãs” se tornou lendário na história de luta das mulheres

Segundo a historiadora Sandra Rita Molina, a mulher passou a questionar o papel social estabelecido ao longo de séculos a partir da Segunda Guerra Mundial. “Com a guerra, as mulheres foram trabalhar fora de casa no lugar dos homens, que partiram com o exército. Quando eles retornam, elas voltam pra casa, e aí há esse questionamento. As mulheres também começam, nessa época, a ter acesso a novas tecnologias, como a pílula anticoncepcional”, explica Sandra. Apesar da nova visão, as conquistas não foram imediatas. 

A historiadora Sandra Rita Molina aponta que, apesar dos obstáculos, a luta das mulheres rendeu ganhos ao longo da história

O planejamento familiar, por exemplo, era um assunto proibido e o papel de profissional foi assumido progressivamente pela mulher, driblando preconceitos ancestrais e pretextos impostos pela sociedade. Sandra aponta, também, que os inimigos agora são outros. “A mulher galgou posições que não se imaginava. Hoje, temos mulheres em cargos de liderança, mas é um cotidiano de sangue, suor e lágrimas, em que muitas fazem uma tripla jornada. Tudo isso sobrecarrega”, analisa a historiadora. Ela aponta, ainda, outros obstáculos nos dias atuais: padrão estético. “Precisamos ser brilhantes, bem casadas, bonitas e magras. Vivemos melhor que antes, mas ainda há barreiras grandes. A mulher pobre, então, tem muito mais obstáculos. Ainda somos uma sociedade cheia de preconceitos”, analisa Sandra.

A historiadora destaca, apesar dos desafios, que os anos de luta trouxeram vários ganhos, como a Lei Maria da Penha e a consciência de que homens e mulheres precisam da alteridade um do outro. “O maior ganho é quando as mulheres não se veem como rivais, têm empatia, sororidade e quando vemos nossa irmã com gentileza. Uma palavra ajuda muito. Ajudar uma amiga a retomar a autoestima, porque está cansada por cuidar do filho sozinha há meses, por exemplo. Somos frutos da nossa história, treinadas a pensar de acordo com o que a sociedade acha que é conveniente. É necessário ter capacidade de olhar para além dos papéis na fragilidade e na força”, finaliza Sandra. 

Ensaio

É neste contexto, de batalhas e lutas, que, comemorando o Dia Internacional da Mulher, a Revide convidou 16 meninas, com idades entre 13 e 17 anos, a participar de um ensaio em que o tema central seria o que pensam e o que querem do futuro. Depois de décadas de luta feminista ao redor do mundo e do legado deixado a essas adolescentes, elas refletem a multiplicidade de caminhos que podem ser seguidos daqui em diante, em busca de mais igualdade de direitos, a partir das vitórias conquistadas ao longo da história. 

Atualmente, a situação das mulheres no mercado de trabalho é um pouco diferente da dos homens, tanto na questão do salário, quanto nas posições, porque é  muito mais difícil ver uma mulher num cargo alto de uma empresa. Claro que isso tem mudado nos últimos anos, para o bem da sociedade. No Brasil, a diferença salarial pode ser de até 53%. Acredito que, quando chegar a minha vez, se não tiver mudado totalmente, terá melhorado numa quantidade significativa.”
Ana Beatriz Sales Vieira Macedo, 14 anos, quer trabalhar com direito internacional na Organização das Nações Unidas (ONU).



Eu acredito que as mulheres lutaram muito para chegar à posição em que estão hoje, mas ainda têm muito a percorrer. Apesar de a mulher ter conquistado uma posição boa, a sociedade ainda é muito machista, então falta muito para alcançar o que ela realmente merece. São muitos desafios pela frente, mas acredito que, até quando eu me formar, estará muito melhor. Até lá, as mulheres vão conseguir alcançar todos os objetivos que quiserem, porque a luta delas é permanente.”
Ana Luisa Carolo, 17 anos, quer ser arquiteta.



Se uma mulher tem a capacidade de fazer o mesmo trabalho que um homem, o justo é ganhar o mesmo. Eu acho que temos de ter esperança de que teremos um mundo melhor e que as mulheres terão mais posição no mercado de trabalho. Espero que as  mulheres tenham mais oportunidade no trabalho e no dia a dia, também.”
Beatriz Felício Manaf, 14 anos, quer ser apresentadora de TV.



Eu sei que tem um movimento chamado feminismo, em que as mulheres lutam pelos seus direitos. Elas já conquistaram muitos, mas ainda faltam vários. Por exemplo, algumas pessoas tratam as mulheres como se elas fossem menos que os homens. Pensam que os homens são mais fortes e mais inteligentes que as mulheres, mas elas também estão exercendo seu papel de inteligência e força. Quando eu crescer, quero que todos os direitos sejam iguais e, portanto, homens e mulheres sejam tratados da mesma maneira, seja salarial, moral ou fisicamente.”
Beatriz Silveira, 12 anos, quer ser arquiteta.



Hoje, nós, mulheres, somos muito mais fortes, mas, muitas vezes, ainda somos tratadas com desigualdade. Isso tem que acabar. Antes, nós só sonhávamos, mas hoje podemos realizar. Todas nós, unidas, seremos mais capazes e mais fortes.”
Danielly Caroline Gabriel Ferreira, 16 anos, quer ser produtora de eventos.



Pretendo continuar os negócios da família, mas ter a minha própria marca. Agora, as mulheres estão conseguindo cargos mais importantes. Acho que isso tem a ver com os esforços e o empenho. Espero que, no futuro, o mundo esteja melhor, com mais condições de trabalho e novas oportunidades.”
Fernanda Julião Costa Cardoso, 15 anos, quer ser estilista.



Mulher e homem têm de ser iguais, porque são humanos e não têm nada de diferente. Além disso, as mulheres podem fazer muito mais coisas que os homens e não tem nada a ver pagarem menos para as mulheres do que para os homens. Quando eu crescer, acho que o mundo vai ser muito tecnológico, avançado e melhor”.
Isabela Zeferino dos Reis, 13 anos, quer ser professora.



Eu acho a nossa luta muito importante, porque a história foi muito injusta com a gente. Espero que nós, mulheres, ganhemos essa luta para conquistar os nossos lugares”.
Isabella Yin Tzan Chen, 14 anos, quer ser diplomata.



Sobre a luta da mulher, eu acho que a questão da igualdade de gênero começou a ser debatida de uma forma tardia. Demoramos muito para começar a votar, estudar e trabalhar e acho que a questão de que a mulher tem de ficar em casa e cuidar dos filhos, enfim, essa ideia está começando a ficar de lado e creio que, para o futuro, muitas coisas mudarão. Quando eu for mais velha e estiver atuando em medicina, acredito que será completamente diferente.”
Isadora Amodio Calil De Lazari, 17 anos, quer ser médica cirurgiã.



Desde pequena, sempre pensava e falava para os meus pais que eu tinha vontade de administrar, de cuidar de um grande negócio. Se a mulher tem a mesma capacidade de desenvolver o trabalho que o homem, ela tem que ganhar o mesmo salário. Tem que haver a igualdade entre os dois. No mundo, daqui um tempo, deve haver menos desigualdade. As mulheres devem continuar lutando pelos seus direitos e conquistar seu espaço no mercado de trabalho.”
Luiza Lascalla Ezinatto, 15 anos, quer ser administradora.



A luta da mulher é muito importante. Então, temos que continuar batalhando pelos nossos direitos porque assim sempre vai melhorar. Esperança a gente sempre tem que ter. Hoje em dia, podemos ver muitas mulheres ascendendo na vida, tanto no mundo do trabalho, no meio artístico, quanto em outros meios. Como bailarina, a mulher já é muito valorizada, mas na sociedade, ela ainda precisa ganhar um espaço maior. Quando eu estiver no mercado de trabalho, acho que as mulheres terão mais direitos..” 
Manoela Alonso Bullamah, 15 anos, quer ser bailarina. 



Eu acho que deve ser tudo igual: homem e mulher. Quero que os homens e as mulheres ganhem igual, com o esforço de cada pessoa. Cada um ganhe com o seu esforço. Acho que o mundo só estará melhor se hoje nós trabalharmos com as diferenças.”
Maria Clara Lorenzato Robusti, 13 anos, quer ser veterinária. 



Eu acho que as mulheres já conquistaram muito no mercado de trabalho, mas sempre tem algo a mais para ser conquistado. Espero que seja um mundo melhor e que as mulheres se encontrem em seu ambiente.”
Maria Laura de Freitas Durão, 16 anos, quer ser dermatologista.



As mulheres, hoje em dia, lutam diariamente para se igualar aos homens em todos os direitos e eu acho que isso tem que mudar. No futuro, quando eu exercer a minha profissão, espero que isso mude e que as mulheres estejam até mais a frente do que os homens e que todo mundo seja feliz.”
Maria Piassa Fregonesi, 15 anos, quer ser advogada criminal.



As mulheres têm muito a conquistar, mas já estão entrando no papel de protagonistas e não são mais aquelas mulheres que são donas de casa, que cuidam dos filhos, enquanto os homens trabalham. Elas já podem trabalhar e ter suas vidas próprias, mas ainda não está tudo resolvido, porque, mesmo exercendo os mesmos cargos e as mesmas quantidades de horas trabalhadas, entre homens e mulheres a desigualdade salarial é muito grande. Eu quero ser médica para ajudar as pessoas, para que elas tenham saúde e que todos tenham voz, não somente as mulheres. Espero que, quando estiver ocupando meu cargo, as mulheres estejam mais empoderadas, que cada vez sejam mais protagonistas e tenham voz para poder expressar o que elas querem e na hora que elas querem.”
Nina Puntel Caldeira, 12 anos, quer ser médica.



A luta da mulher acontece há anos. Um exemplo disso é que ela conseguiu o poder do voto em 1932. Eu acho que a mulher teve muita importância na sociedade, no mercado de trabalho e tudo mais. Acho muito errado esse negócio de salário, que homem é mais, mulher é menos. Quando eu me inserir na minha profissão, espero que o mundo esteja muito melhor porque agora eu vejo que as pessoas estão tomando mais consciência, em especial em relação ao meio ambiente. Acredito também que, cada um fazendo um pouquinho, a cada dia, podemos melhorar muito mais.”
Valentina De Felicio Marziale, 13 anos, quer ser publicitária em revista de moda.



Fotos: Lídia Muradás.
Produção: Marcela Versiani.
Desenhista: Alexandre Nascimento.
Auxílio figurino: Renner RibeirãoShopping.?

Texto: Tainá Colafemina

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