Tecnologia e conhecimento

Comitês Técnicos e Setoriais: os embriões do Núcleo de Inteligência Competitiva do Setor Sucroenergético projetado pelo CEISE Br

Coordenando um dos principais órgãos do setor sucroenergético do Brasil, o Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (CEISE Br), os empresários Adézio José Marques e Antonio Eduardo Tonielo Filho, também diretores do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), criaram o Núcleo de Inteligência Competitiva do setor. Para isso, deram o primeiro passo com a criação dos comitês técnicos e setoriais do CEISE Br, que terão como missão principal discutir o futuro do setor como cadeia produtiva.

Os comitês técnicos atuam nas seguintes áreas: Logística & Transportes, Relações Institucionais & Governamentais, Serviços, Máquinas & Implementos Agrícolas, Tecnologia da Informação & Automação Industrial, Comércio Internacional, Bens de Capital e Insumos & Produtos Químicos. Já os comitês setoriais são: Alcoolquímica, Biodiesel, Bioeletricidade e Novos Combustíveis. Esses comitês são formados por profissionais renomados e especialistas em suas áreas.

O Núcleo é composto por lideranças e pesquisadores de renome e funcionará como um braço da assessoria e da consultoria da presidência do CEISE Br. Este, por sua vez, encaminhará sugestões ao poder público e à opinião pública e buscará apoio para a formulação de políticas que contemplem o setor. Segundo Adézio, presidente do CEISE Br, a intenção é que o Núcleo de Inteligência seja uma entidade pró-ativa, apresentando ações que se antecipem às crises e que preparem o setor para atender às novas tendências e demandas de mercado.

Para isso, o Núcleo pretende ser um facilitador da interlocução com os governantes e agentes financeiros e, assim, integrar efetivamente ações eficazes para vencer desafios. O primeiro deles é financeiro. O setor precisa investir US$ 60 bilhões nos próximos seis anos e hoje reivindica a desoneração fiscal, a exemplo da concedida ao setor nuclear e também a projetos de energia eólica. O CEISE Br coordena o projeto de retomada dos investimentos na área, que foram suspensos no segundo semestre de 2008 por causa da crise financeira internacional.

Adézio destaca a logística, a formação, a qualificação e a requalificação profissional como problemas que precisam ser enfrentados com urgência, pois, segundo ele, o setor já vive um “apagão” de mão de obra qualificada. Mesmo tendo batido recordes estaduais de contratações em 2010 e nos primeiros meses de 2011, a falta de profissionais especializados é grande em todas as frentes de trabalho.

Com objetivo de amenizar a questão, o CEISE Br criou a Universidade Corporativa do Setor Sucroenergético (UNICEISE), em parceria com o Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (INEPAD) e o apoio da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA) e da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro Sul (ORPLANA). Inicialmente, a Instituição oferecerá 16 cursos, sendo o primeiro voltado para a formação de executivos.

O objetivo da UNICEISE é constituir-se num conjunto estratégico de programas de formação voltados ao segmento de bioenergia. Foram desenvolvidos programas de extensão para atender demandas técnicas de formação, MBAs, cursos gerenciais temáticos com nível Lato Sensu, bem como um programa For Presidents voltado, exclusivamente, a diretores, vice-presidentes e presidentes de empresas do setor de bioenergia.

Em parceria com a Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento, Contabilidade e Economia (Fundace), a UNICEISE oferece MBA em Gestão Empresarial no Setor Sucroalcooleiro e, junto à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), disponibiliza o curso de Master of Technology (MTA) em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro. O CEISE Br também conta com outros parceiros importantes para a capacitação e a educação continuada dos trabalhadores, como o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço de Aprendizagem Industrial (SENAI).

Criado em 1980, além da profissionalização, o CEISE Br tem como principal meta o estímulo ao desenvolvimento tecnológico, científico, social, ambiental e econômico de toda a cadeia do setor sucroenergético e biocombustíveis nacional. Além disso, oferece ferramentas para o desenvolvimento das empresas, promove as competências do setor nacional e internacionalmente, fomenta oportunidades, avalia, influencia e divulga normatização, regulamentação e funcionamento do setor, defende a livre iniciativa, entre outras ações.

Natural de Sertãozinho e graduado em Administração de Empresas, Adézio tem o dinamismo como uma das principais características impulsionadoras do seu dia a dia. O empresário ressalta que, além da UNICEISE o CEISE Br, promove outras ações para alavancar o desenvolvimento do setor sucroenergético no Brasil e no exterior. Entre elas, destaca o Grupo de Comércio Exterior de Sertãozinho (GComEx), formado por profissionais de comércio internacional, que discute os processos de internacionalização, analisando a viabilidade para a importação e exportação.

Por meio do Departamento das Micro e Pequenas Empresas, o órgão tem, ainda, estreita parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) na manutenção do Posto de Atendimento ao Empreendedor (PAE) e da Incubadora de Empresas, que hoje abriga 16 microempreendedores.

O presidente do CEISE Br também é membro do Conselho de Orientação Técnica em Relações Industriais (Cotri), da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (FIESP), sócio-diretor da usina Alvorada de Bebedouro, em Guaranésia (MG), sócio-diretor da usina Alvorada do Oeste, em Santo Anastácio (SP), diretor-presidente da Cooperativa de Crédito dos Empresários Industriais e Comerciais da Alta Mogiana (Sicredi) e da Camaq Caldeiraria e Máquinas Industriais, ambas em Sertãozinho.

Para Antonio Eduardo, uma das principais conquistas dos atuais gestores do CEISE Br foi a aproximação com a UNICA e a ORPLANA. “Foi uma parceria importante para o lançamento da UNICEISE. As três entidades nunca tiveram uma agenda conjunta que alavancasse o relacionamento com os vários níveis de governo”, frisa o primeiro vice-presidente da Instituição, que divide seu tempo entre o lado empresarial e a paixão pela política. Adézio explica que, unidas, as três entidades têm o papel de atrair a atenção dos governantes e de seus agentes financeiros de maneira global, bem como trazer benefícios de integração entre os participantes da cadeia para, num futuro próximo, elaborar um plano integrado de produção e de comercialização dos produtos da usina tanto no Brasil quanto no exterior.

Tonho, como é mais conhecido entre os amigos, é engenheiro agrônomo com pós-graduação em Administração de Empresas. Jovem, ágil e engajado politicamente, também atua como um dos diretores do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e das usinas Viralcool, de Pitangueiras (SP), e Santa Inês, em Sertãozinho. O empresário é vice-presidente da Associação Sertanezina de Atletismo, vice-presidente da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Sertãzinho (AEAAS) e presidente municipal do Partido Popular Socialista (PPS). “Adoro política e acabo totalmente envolvido no meio, até nos raros momentos de descanso”, confidencia o empresário.

Fortalecimento
Adézio e Tonho lembram que o setor ganhou um reforço de peso quando a presidenta Dilma Rousseff colocou o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, à frente da Comissão Interministerial que discutirá o projeto de retomada dos investimentos. De acordo com Adézio, o CEISE Br já iniciou o debate sobre as principais demandas do setor na reunião que promoveu, em fevereiro, em Sertãozinho. O evento contou com a participação de dirigentes da Força Sindical paulista, que congrega 580 sindicatos de trabalhadores. “A iniciativa da reunião foi muito bem recebida em Brasília, principalmente porque reuniu empresários, trabalhadores e também o poder público”, lembra o presidente do CEISE Br.

Ambos acreditam que 2011 será um ano muito melhor, pois haverá mais estabilidade econômica. O presidente do CEISE Br explica que o setor de usinas passa por profundas mudanças com a chegada de investidores estrangeiros e o desenvolvimento de produtos que utilizam a cana de açúcar como fonte de matéria-prima (diesel renovável, combustível de aviação, bioplásticos e alcoolquímica). “Ao mesmo tempo em que há expansão no mercado interno, abre-se boas oportunidades de exportação para países da América Latina, África e Ásia, onde a tecnologia brasileira é reconhecida e muito competitiva”, conclui Adézio.

Veja AQUI o vídeo dessa matéria.

Texto: Rose Rubini
Fotos: Júlio Sian e André Marques/PMS

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