Tempo de ação
Daniel Gobbi (PP), vice-prefeito de Ribeirão Preto é cotado para disputar as eleições em 2024

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Daniel Gobbi (PP) avalia sua trajetória na política e os desafios como vice-prefeito e secretário de Planejamento de Ribeirão Preto

A vida pública de Daniel Marques Gobbi (PP) teve início aos de 27 anos, quando assumiu o cargo de assessor do ex-vereador Maurilio Romano em 2009. Hoje, é vice-prefeito e secretário de Planejamento de Ribeirão Preto. Há um ano e meio nos cargos, o advogado licenciado e empresário do ramo imobiliário destaca o crescimento do município, mas pondera que uma política pública organizada é fundamental para garantir emprego e renda para todos. Em 13 anos de carreira na política, Gobbi afirma que precisou fazer uma pausa temporária na vida pública para dar mais atenção a trabalhos particulares. O tempo e a maturidade adquiridas com a interrupção parecem ter ajudado nas decisões de hoje, de acordo com ele. Em entrevista à Revide, Daniel Gobbi falou sobre a trajetória política, se dizendo “sem espaço para errar” ao pensar em suas ações na gestão atual. O vice-prefeito também enxerga uma possibilidade de concorrer ao Palácio Rio Branco em 2024, mas considera que as discussões sobre o pleito municipal ainda são incipientes. Gobbi foi alçado ao cargo de vice após o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) romper com o antigo vice, Carlos Cezar Barbosa. A indicação de Gobbi foi costurada em um acordo com o PP e com a base aliada de Nogueira. 

 

Como surgiu esse seu interesse pela política?

 

Fui um jovem que gostava de discutir a política. Em 2004 e 2008, participei mais ativamente das eleições a prefeito. Acreditava que, na política, se você tem algo a fazer pelas pessoas, você não pode ficar em casa só reclamando. Tem que se colocar à disposição da sociedade para poder ajudar. Acabo abdicando um pouco da minha profissão, como advogado, mas acredito que tenho uma preocupação e dedicação por entregar, e que tenho esse viés de que posso fazer bem à população de Ribeirão Preto. Lá na frente, posso voltar a advogar, mas acredito que o Direito está no meu cotidiano, em todos os meus atos. Analiso meus atos com viés legal, para não errar. Não adianta ter apenas boas intenções.

 

O senhor já foi Secretário de Meio Ambiente, por três anos, no governo da ex-prefeita Dárcy Vera. O que você carrega de sentimentos daquela época? Quais ações e projetos você desempenhou à frente da pasta?

 

Eu era mais jovem, tinha 30 anos de idade. Foi uma época em que a Prefeitura de Ribeirão Preto vivia uma crise financeira muito acentuada, não havia recursos para basicamente nada. Consegui entregar alguns parques, como o Parque das Artes e o Über Parque Sul, com base na iniciativa privada. Tive que usar minha criatividade. Era difícil convencer as empresas a participarem, diante de um momento financeiro difícil do país. Com o que tínhamos na mão e o que foi entregue, acredito que foi um desafio cumprido.

 

O senhor fez uma pausa na política após essa experiência na gestão da Dárcy e retornou com o Nogueira. O que motivou o senhor a paralisar sua carreira na política? E por que retornou?

 

Naquele momento, pensei em fazer uma base para sustentar minha vida particular. Fundei minha empresa do ramo imobiliário, com outros sócios e com o conhecimento que tinha. Acreditava que precisava ficar um pouco fora para poder respirar e ter uma base consolidada. A partir do momento em que percebi que era possível voltar para a vida pública, retornei com maior tranquilidade. Me senti preparado para poder atuar na vida pública, com esse período fora. Na vida, o homem é o tamanho do seu sonho. Acredito que esse período fora me deu mais maturidade e retornei diferente para 2020, com mais capacidade de entender os anseios das pessoas e a vida administrativa. 

 

Hoje, o senhor acumula os cargos de vice-prefeito e de Secretário de Planejamento e de Desenvolvimento Urbano. Como tem sido o trabalho à frente da Secretaria? Quais ações têm desempenhado à frente da pasta?

 

A Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano acaba tendo contato com todas as outras secretarias. Controlamos todo o desenvolvimento da cidade: todas as aprovações de empreendimentos comerciais, criação de novos empregos... A maioria dessas coisas passam por aqui. O volume de projetos aqui dentro é enorme, e eu acabo me envolvendo bastante. Precisamos dar renda para a população, não somente serviços de educação e saúde; precisamos que as pessoas trabalhem com dignidade.
 

Mas todo esse crescimento precisa ser organizado. Tendo ainda dois anos pela frente, como é possível planejar de forma prática essas mudanças na cidade para garantir que ela se desenvolva de forma sustentável?

A Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, que hoje está na Câmara e foi gestada aqui na Secretaria de Planejamento, é um excelente instrumento para organizarmos isso tudo. No passado de Ribeirão Preto, acabamos fazendo ‘puxadinhos’: abre avenida para cá e para lá, e dá essa sensação de que não existe organização. Ribeirão continua tendo um crescimento espalhado, e eu acredito que isso não vai mudar. Daqui para frente, conseguimos planejar esses bairros. Para trás, estamos fazendo as obras dos corredores de ônibus, temos um novo plano de mobilidade urbana na Câmara com uma série de metas, para tentar colocar Ribeirão Preto nessa reorganização.

 

E uma dos grandes gargalos da cidade é a falta de investimentos em regiões carentes, como as zonas Oeste e Norte, que ainda sofrem com problemas graves na habitação, infraestrutura, urbanização. As favelas aumentaram, inclusive, de alguns anos para cá. O que está sendo feito para melhorar essas regiões?

Nós temos o Plano de Regularização Fundiária em comunidades de Ribeirão Preto. Mas, o ato de regularizar não é só entregar o título de propriedade para essas pessoas. Precisamos fazer obras de água, esgoto e drenagem, por exemplo, que custam caro. Paralelamente, estamos gestando um programa para as comunidades que não são passíveis de regularização. Teremos que retirar as pessoas desses locais e dar um destino, uma moradia digna. É economicamente impossível construir moradias e entregar a essas pessoas, por isso estamos pensando em alternativas, como lotes urbanizados em áreas públicas, com autorização da Câmara. Em algumas comunidades, não é possível levar todos os moradores para o mesmo local. Isso deve ser conversado com as lideranças e bem planejado, para evitar que tenhamos o que ocorreu no passado: levaram os moradores a conjuntos habitacionais, muitos não conseguiram pagar IPTU, gás, e voltaram a morar nas comunidades. Não temos espaço para errar.

 

Está em suas pretensões se lançar como candidato nas próximas eleições a prefeito? Como estão as movimentações?

 

Sempre digo que as eleições se discutem individualmente. Ainda entendo que a população não está sequer aquecida para discutir eleição de governadores e presidente [em 2022]. Acho que não é a hora de discutir 2024. Pelo cargo que exerço, de vice-prefeito, é um cargo de expectativa, e é possível que em 2024, eu seja candidato, sim. Mas ainda tem muito tempo, e este governo ainda tem muito a entregar. Por isso, estou focado na atual gestão. 

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