Um toque de cor
Feitos a partir de uma técnica milenar, os vinhos laranjas levam esse nome pela coloração âmbar que dá o tom da bebida
Entre brancos e tintos, há grande variedade de vinhos que podem ser descobertos pelas adegas afora. Os vinhos laranja são bons exemplos da possibilidade dessas descobertas. A técnica de vinificação que produz vinhos laranjas data de cerca de 8 mil anos atrás.
O que define um vinho laranja é o fato de ser feito a partir de uvas brancas, mas tratado como se fosse um vinho tinto. Quem trouxe à tona essa metodologia ancestral de vinificação foi o enólogo Josko Gravner. O sumo prensado das uvas brancas permanece em contato com as cascas durante o processo de maceração e, de lá, tira a cor, os aromas, os sabores e o tanino. O tanino, por sua vez, também se faz marcante nos vinhos laranjas. Essa característica não é comum em vinhos feitos com uvas brancas.
O estilo antigo de produção é orgânico, pois os vinhos laranjas, em geral, são mais naturais, produzidos em ânforas, sem sulfitos e com leveduras selvagens, que são leveduras naturalmente presentes nas cascas das uvas. “O contato com as cascas por mais tempo que dá cor ao vinho. O vinho laranja possui nuances que vão do dourado ao cobre”, explica a sommelier da Grand Cru, Tatiana Arruda.
Ainda segundo ela, quem nunca teve a oportunidade de provar um vinho laranja ou ainda não ouviu falar nesse estilo de vinho precisa conhecer essa nova tendência entre os sommeliers. “Não é como se fosse um tipo de vinho entre o tinto, o rosé e o branco, mas um vinho branco que passou mais contato com a casca durante a vinificação, ganhando estrutura e taninos — além, é claro, de tons alaranjados”, ressalta Tatiana. Para harmonizar pratos com os vinhos laranjas, a sommelier sugere sabores condimentados. “Os vinhos laranja harmonizam com peixe, frutos do mar, comida tailandesa, indiana e, até mesmo, a brasileira, que seja bem apimentada”, finaliza.
Para experimentar
Os vinhos laranjas são uma boa opção para sair da monotonia na hora de apreciar um vinho. Unindo características de vinhos brancos e tintos, têm detalhes aromáticos e diferentes a serem descobertos. Confira algumas indicações:
Alambre – Moscatel de Setubal
Produzido no Alentejo, em Portugal. Rico no nariz com aroma de casca de laranja confitada, damasco seco e caramelo. Doce, fresco e persistente.
I Capitelli Anselmi 2011
Possui cor dourada profunda e aromas de doce de laranja, manga madura e resina. Suas uvas são produzidas no vinhedo Capitelli, localizado nas colinas de Zoppega e Foscarino, na Itália.
Bodegas RE – Pinotel
“Este vinho, originado do inusitado corte de Pinot Noir com Moscatel, mostra aromas de sândalo e morangos, com o perfume de rosas e jasmim, ganhando mais intensidade com o passar do tempo em taça”, destaca Tatiana Arruda.
De Martino Viejas Tinajas Muscat
É aromático e tem notas de jambo, casca de laranja, damasco e gengibre. As uvas são fermentadas em ânforas com leveduras naturais.
Texto: Tainá Colafemina