Uma discussão que se arrasta

Uma discussão que se arrasta

Saiba o que os candidatos à Prefeitura de Ribeirão Preto pensam sobre a situação do Aeroporto Leite Lopes

Quem chega a Ribeirão Preto de avião sem nunca ter visitado a cidade não tem ideia do crescimento recente do município. Afinal, um polo regional com população superior a 600 mil habitantes, economia em expansão, referência em cultura e comércio precisa de um aeroporto capaz de receber um grande número de passageiros, já que atende a diversas cidades do entorno, e de transportar cargas, considerando o volume de empresas importadoras e exportadoras da região.

Do estacionamento à pista de pousos e decolagens, é possível verificar problemas. A área de embarque e desembarque, por exemplo, não comporta o volume de usuários — só em 2011, passaram pelo Leite Lopes 1.114.415 passageiros, segundo dados do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (DAESP).

Resultado de reformas e ampliações do aeroclube da cidade, fundado em 1939, o Leite Lopes possui, atualmente, uma pista de 2.100 metros, com permissão para realizar pousos e decolagens em 1.800 metros por possuir uma área urbana e uma avenida em cada uma de suas cabeceiras. Apesar disso, é o quarto maior aeroporto do Estado e possui o título de internacional para cargas desde 2002. No entanto, a operação ainda não saiu do papel.

A discussão sobre sua expansão não é nova. Desde 2000, debate-se a necessidade de um aeroporto maior em Ribeirão Preto. Naquele ano, o Daesp passou a considerar a internacionalização do Leite Lopes para o transporte de cargas, com um projeto que previa a ampliação da pista para 3.700 metros. No entanto, o processo foi freado pelo Ministério Público, apesar de já haver um vencedor da licitação para a operação de cargas.

Assim estabeleceu-se o impasse que ainda prevalece. Em 2012, uma reunião entre autoridades do Estado e do município redefiniu responsabilidades relativas à ampliação do Aeroporto Leite Lopes, que representa um investimento de cerca de R$ 170 milhões. Desapropriações e reassentamentos das famílias moradoras do entorno ficaram a cargo do Estado, assim como o deslocamento da pista em 500 metros no sentido da Av. Thomaz Alberto Wathely. Já a Prefeitura deve responder pelas obras viárias necessárias para a execução do projeto, além da remoção do entulho não aproveitado. A expectativa é que todas as obras estejam licitadas no primeiro semestre de 2013.

Conheça os projetos dos candidatos à Prefeitura de Ribeirão Preto relativos ao tema.

MAURO INÁCIO (PSTU)
“O Plano Diretor de Ribeirão Preto prevê desde 2003 a construção de um novo aeroporto fora da área urbana do município. Se o Plano Diretor tivesse sido respeitado, o governo municipal não poderia transformar o Leite Lopes em aeroporto internacional. Entretanto, bastou o mercado imobiliário demonstrar interesse na expansão urbana do entorno do Aeroporto Leite Lopes para que o governo ignorasse o Plano Diretor e as necessidades da população trabalhadora daquela região, defendendo a sua internacionalização e supervalorizando os terrenos daquela área para aumentar os lucros dos especuladores, ao mesmo tempo em que expulsa as famílias pobres que moram ali nas redondezas. Mais uma vez, prevalecem os interesses da especulação imobiliária sobre as necessidades da população. Defendemos a construção de um novo aeroporto fora do Anel Viário.”

DUARTE NOGUEIRA  (PSDB)
“A ampliação do aeroporto Leite Lopes acontece em um momento muito importante, em que há o apoio da maioria da cidade. Até a assinatura do convênio para as obras, no início de julho, foi um longo processo devido à necessidade do cumprimento das regras, das discussões junto ao Ministério Público, do respeito às questões ambientais e da realização de estudos técnicos. Serão aplicados R$ 170,6 milhões, um dos maiores investimentos públicos já realizados na cidade. O governo do Estado entrará com R$ 144,8 milhões e a Prefeitura irá aplicar R$ 25,8 milhões em 2014 e 2015, já que neste ano e no próximo serão realizados os Estudos de Impacto Ambiental para que a obra seja feita. Sempre defendemos a ampliação do aeroporto porque sua internacionalização para cargas — e futuramente, para passageiros — é um diferencial competitivo para o crescimento econômico de Ribeirão.”


CHIARELLI (PT do B)
“Discutir a implantação de um novo aeroporto fica ultrapassado quando outras cidades, com os mesmos índices e características de desenvolvimento socioeconômico, já resolveram a questão. Devemos aprender com o que está dando certo. Ou vamos voltar à idade da pedra só porque ‘alguns’ têm que levar a sua parte, geralmente em dinheiro vivo? No Sul, estão construindo um aeroporto com os mesmos valores gastos na reforma do nosso. Portanto, vamos viabilizar a implantação do Novo Aeroporto e da Nova Rodoviária para Ribeirão Preto, respeitando os estudos e os planejamentos técnicos dos espaços físicos/ambientais e a localização adequada, indicados pelas Secretarias de Planejamento, Meio Ambiente e Urbanismo. Mesmo que esses estudos indiquem que o local ideal seja em uma cidade vizinha. Com isso, o Leite Lopes continua como está, operando apenas com aeronaves de pequeno porte.”


EMILSON ROVERI (PSOL)
“O PSOL entende que a proposta de ampliação do Aeroporto Leite Lopes é inconsistente, do ponto de vista da sustentabilidade e da engenharia. Se ampliado, será um desperdício do dinheiro público. Coloca em risco a segurança dos moradores e dos passageiros, além de impedir o desenvolvimento futuro de Ribeirão Preto e região. Constitui-se num desrespeito aos direitos fundamentais da população por ter que expulsar famílias, sem necessidade. Mesmo que ampliada a pista para 2.100 metros será insuficiente para receber um Boeing 767, que requer 3.300 metros, mais áreas de escape, e não cabe no espaço disponível.
O aeroporto que a região necessita hoje e no futuro precisa ter uma pista adequada para operação segura fora da área urbana. Está instalado em uma área de 170 ha e a média mundial de aeroportos deste porte é 1.300 ha. A região metropolitana exige um novo aeroporto.”


DÁRCY VERA (PSB)
“O Leite Lopes é uma conquista importantíssima para Ribeirão Preto, que espera por isso há 10 anos. Foi preciso muita persistência e luta junto ao Estado para que conseguíssemos a assinatura do convênio de internacionalização, primeiro de cargas e depois de passageiros. A finalização das obras está prevista para abril de 2015. Além do deslocamento da pista, vamos aumentar o salão de embarque e desembarque, criar mais vagas no estacionamento, construir galerias pluviais, além de melhorar a malha viária da região. Com a internacionalização de cargas do Aeroporto Leite Lopes, a cidade se tornará um polo de exportação e importação de produtos, atraindo mais empresas. A internacionalização do aeroporto trará a criação de novos empregos em diferentes áreas, os impostos também ficarão na cidade e, assim, poderemos investir ainda mais em Ribeirão Preto. Uma vitória da população.”


JOÃO GANDINI (PT)
“A cidade perdeu a chance de articular um acordo para a readequação do Leite Lopes e a construção de um novo complexo, longe da área de expansão urbana. Optou-se pela acomodação, pelo ‘puxadinho’, que não atende à crescente demanda local e regional. Com a construção de um novo aeroporto, num prazo de cinco a sete anos, o atual seria utilizado por aeronaves de pequeno porte e helicópteros. Seria também centro de formação para profissionais da área e abrigaria oficinas de manutenção, proposta defendida por especialistas. A população não precisaria ser removida e a pista ganharia a categoria de aviação de pequeno porte, reduzindo a poluição sonora. Dessa forma,
os investimentos feitos não se perderiam, outros surgiriam e teríamos tempo para encontrar uma área adequada, obter as licenças ambientais e reunir os recursos para a construção do novo complexo.”

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