Vocação para empreender

Vocação para empreender

Com planejamento, estratégia e uma visão arrojada, Stelio Robusti assumiu os negócios da família e criou o Grupo Robusti, que colocou Ribeirão Preto em destaque no mercado de móveis e decorações

O termo empreendedor é utilizado para descrever uma pessoa que sabe identificar uma boa oportunidade e que, com iniciativa, sensibilidade e competência, monta uma estratégia para transformá-la em algo real, lucrativo e sustentável. Basta conhecer um pouco da trajetória do Grupo Robusti, uma das principais referências do ramo moveleiro de alto padrão do interior do estado de São Paulo, para entender porque Stelio Robusti se enquadra nessa definição. A paixão pela marcenaria e pelo comércio veio de berço, influência do pai e do avô, mas foi com a atuação do empresário que os negócios da família multiplicaram. O que começou com uma pequena fábrica na década de 30 é, hoje, uma rede composta por cinco lojas que contribuem para movimentar a economia da cidade representando grandes marcas do design nacional e internacional, como a Artefacto, a Ornare, a Natuzzi, a Mac e a Sierra, entre outras. Na entrevista a seguir, Stelio relembra os momentos mais importantes dessa jornada e faz um panorama do mercado.

Quais são as lojas e as principais marcas que compõem o Grupo Robusti?

Temos cinco lojas. A UneRobusti é mais contemporânea e tem como âncoras a Artefacto, maior grife de móveis de alto padrão do país, e a Ornare, líder no segmento de planejados de luxo. Com um mix de produtos completo, atendemos o cliente desde o projeto da obra até o último detalhe da decoração. Oferecemos opções para todos os ambientes, não só residenciais, pois trabalhamos também com uma linha corporativa. Multimarcas, a Robusti contempla o estilo clássico, que nunca sai de moda. O foco, nesse showroom, também são os dormitórios. Há, ainda, uma unidade destinada à italiana Natuzzi, maior fábrica de estofados de couro do mundo. Completando o Grupo, temos a loja plena da tradicional Sierra, fábrica reconhecida pela qualidade ímpar que emprega nas peças que produz, e a MAC, especializada em móveis para a área externa.

Como conseguiu trazer marcas tão expressivas para Ribeirão Preto?

Sou movido a desafios. Tenho esse lado empreendedor, uma inquietude, uma vontade de crescer que não me deixa ficar parado. Aprendi com o meu pai que é preciso ter iniciativa para colher bons frutos. Não podemos depender dos outros nem esperar que absolutamente todos os fatores sejam favoráveis. Claro que, antes de colocar uma ideia em prática, monto um planejamento minucioso. Mesmo parecendo, talvez, demasiadamente ousado, sou, na verdade, cauteloso. Mantenho os pés fincados no chão, porém, essa postura conservadora não me impede de agir. Desde o início, meu objetivo era ser o melhor no setor de móveis e de decorações. Queria que o consumidor de Ribeirão Preto não tivesse que sair da cidade e ir até os grandes centros para encontrar produtos de primeira linha. Para cumprir esse propósito e fazer com que os clientes prestigiassem a minha empresa, pensei que seria interessante representar as maiores marcas do ramo. À época, foram meses, até anos de negociação, para mostrar para essas indústrias o enorme potencial da nossa cidade. Hoje, com índices de vendas expressivos, todas estão muito satisfeitas com a nossa parceria. 

Inaugurado em 2013, o showroom da UneRobusti tem cerca de 3.000m² de área expositivaVocê não é o primeiro representante da família Robusti nesse segmento. Acredita que o exemplo do seu pai e do seu avô acabou influenciando a seguir pelo mesmo caminho?

De fato, a paixão por esse setor é uma herança familiar. Sou a terceira geração que trabalha com fabricação e comércio de móveis. Tudo começou com o meu avô, Mário, que veio de São Simão para Ribeirão Preto na década de 30 e, aqui, abriu uma pequena empresa. Meu pai, Milton Robusti, deu sequência aos negócios, ampliando a fábrica e abrindo a primeira loja no varejo. Eu cresci nesse ambiente e me sentia muito confortável nele. Havia um sentimento forte de identificação, de pertencimento. Quanto tinha 17 anos, resolvi cursar Administração de Empresas, na Unaerp, já pensando em me preparar para seguir por esse caminho. Meu pai nunca me pressionou. Pelo contrário. Fez questão de me deixar bem à vontade para ser quem eu quisesse, mas meu interesse natural pelo ramo, somado ao exemplo dele, fizeram com que essa profissão fosse a única alternativa viável. Ele foi meu grande mentor, meu espelho e minha base. Meus irmãos optaram por construir carreira em outras áreas. Alguns deles até tiveram passagens pelo comércio em determinados períodos, porém, acabaram tomando uma direção diferente.  Há alguns anos, minha irmã, Sílvia, passou a trabalhar no Grupo.

Contou com o apoio de mais alguém durante essa jornada?

Muita gente contribuiu para que, subindo degrau por degrau, chegássemos a esse patamar. Minha mãe, Ilse, sempre foi uma inspiração. Mulher dinâmica e batalhadora, ficou ao meu lado e me apoiou em cada etapa da minha carreira, especialmente depois da perda do meu pai, em 1994. A Maura, minha esposa, é uma companheira maravilhosa e desempenha, até hoje, um papel essencial nessa história. Há muitos anos trabalhamos, sonhamos e crescemos juntos, não só no lado profissional, mas no pessoal também. Agradeço, ainda, o comprometimento e a retidão de todos os colaboradores, nossa grande família, e parceiros do Grupo que, juntamente com os clientes, são responsáveis por fazer essa engrenagem funcionar. 

Poderia citar algumas estratégias que foram determinantes para o sucesso do Grupo?

O sucesso é resultado de uma série de fatores. Amar a profissão é o principal deles. Isso faz toda a diferença, pois nos motiva a buscar a evolução diariamente. Desde que comecei na empresa, sempre me dediquei 100%. Em 1996, decidimos encerrar as atividades da fábrica e focar nossa atuação na representação e comércio de grandes marcas. Foi uma medida difícil no sentido emocional, pela ligação do meu pai com aquele lugar, mas sabíamos que era a estratégia correta naquele momento, pois notamos que havia uma carência desse tipo de serviço na cidade. Ficamos apenas com a loja Robusti, na rua Lafaiete. A minha estreia como empresário independente aconteceu com a Complementu’s. A ideia era disponibilizar produtos menores, como mesinhas e cristaleiras, por exemplo, para complementar a linha que trabalhávamos na Robusti, especializada em móveis mais pesados. Depois veio a Tok Special, assim como as outras, uma multimarcas. A Sierra foi a primeira grande grife do setor que representamos no sistema de franquia e loja plena com exclusividade. Em seguida, inaugurei a MAC, em 2006. A Tok Special e a Complementu’s foram fechadas. De forma pioneira, migramos para a zona sul, para ficarmos mais próximos do nosso cliente. Abrimos um enorme showroom na Avenida Wladimir Meirelles Ferreira e lançamos uma marca diferenciada, a UneRobusti, para receber a Artefacto. Essa parceria foi um salto importante, tanto para a minha carreira, quanto para a formação do Grupo. Em 2010, eu e a Maura compramos um terreno na Avenida Sumaré para realizar um sonho: ter um prédio próprio e com espaços dimensionados ao segmento de decoração. A construção, com quase 3.000 m² de área expositiva, é a sede da UneRobusti desde 2013. Aos poucos, fomos unindo o Grupo nessa região. Saímos do endereço tradicional no centro e trouxemos a Robusti. Ao nosso lado também fica a Natuzzi. Na Wladimir, temos, agora, a loja plena da Sierra e da Mac. Enfim, todos esses passos foram fundamentais para chegarmos até aqui. 

O empresário está sempre atento às últimas tendências do setor de móveis e de decoraçõesFazendo uma retrospectiva de quando você começou até agora, consegue dimensionar o quanto esse mercado evoluiu?

A indústria moveleira evoluiu demais com o passar dos anos, principalmente na parte de maquinário e de design. Atualmente, a linha de produção é bastante automatizada. Ao empregar tecnologia de última geração, as fábricas conseguem agilizar processos, ampliar o leque de possibilidades oferecidas aos clientes e diminuir a margem de erro na execução dos produtos. Porém, em certos detalhes, o olhar e o talento humano continuam imprescindíveis e, por isso, os artesãos se mantiveram como parte importante dessa engrenagem. Na área de projetos, se antigamente as marcas seguiam o senso comum e lançavam coleções muito similares, agora investem na contratação de designers próprios, que unem o apelo estético à funcionalidade para criar peças autorais. Essa liberdade para ser original, para experimentar e para ousar, faz com que o mercado se renove constantemente. 

O setor desenvolve tendências que se adequem aos gostos e às necessidades do público consumidor?

Sem dúvida. Atuando em conjunto com a construção civil, o nosso objetivo é desenvolver soluções que atendam às necessidades dos consumidores. Ao inovarmos na escolha dos materiais, nas cores, nos tamanhos e nas configurações, criamos tendências. Os designers e as fábricas estão atentos e respondem aos anseios do público em cada coleção. O ramo de móveis e de decorações é semelhante ao da moda. Inclusive, as novidades são apresentadas anualmente em grandes feiras. O maior evento nesse sentido é o Salão Internacional do Móvel de Milão (Isaloni). O Brasil está superconectado e os lançamentos chegam por aqui antes mesmo de vermos em Milão. Eu, como lojista, tenho que selecionar, entre tantas opções, os produtos certos para o meu consumidor. O mercado exige esse dinamismo e essa sintonia fina. 


Texto: Paula Zuliani  Fotos: Julio Sian

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