A vida após o câncer de próstata

A vida após o câncer de próstata

Muitas vezes, a doença aparece de forma silenciosa; é preciso fazer o acompanhamento médico preventivo para descobrir a enfermidade e fazer o tratamento correto

*Matéria publicada na edição 1090 da revista Revide.

Uma doença silenciosa que só apareceu após exames. Foi assim que o encarregado geral de obras aposentado Dimas Camilo da Silva, de 62 anos, descobriu que estava com câncer de próstata. Sem sintomas aparentes, ele soube que tinha a doença pois fazia corretamente o preventivo. “Sempre fui doador de sangue e, no Hemocentro, me orientavam sobre os exames de PSA e de toque. Durante as consultas médicas, fiz testes que deram algumas alterações. Tomei medicação, mas não melhorava. O câncer de próstata foi uma surpresa para mim, porque eu não sentia nada. Fiz o exame de toque, depois o PSA. Precisei fazer a biópsia e operar com urgência. O câncer não avisa que vem. Quando chega é um susto”, conta o aposentado, que teve um tumor maligno e precisou retirar a próstata e parte da bexiga em setembro de 2015.

Dimas comentou sobre o preconceito que ronda muitos homens que não fazem o acompanhamento médico correto por receio do exame de toque. “Os tempos evoluíram, mas parece que os homens não. Esse exame salvou minha vida e o meu diagnóstico virou um alerta para a minha família. O médico indicou que meus filhos e meus irmãos também fizessem os exames preventivos. É o que eu sempre falo: o câncer piora se a gente não aceitar. Não se assuste, não adianta ficar triste. Busque tratamento”, aconselha. Hoje, Dimas faz tratamento contra um outro câncer, no osso da bacia.

O urologista do São Lucas Hospital, Armando dos Santos Abrantes, explica por que ainda há preconceito em relação ao exame local de próstata. “Isso acontece porque o exame mais importante ainda é a palpação da próstata pelo ânus e reto, o famoso toque retal, por muitas culturas associado à invasão e à violação da masculinidade, que é uma constatação obviamente equivocada. Campanhas como o Novembro Azul levam informações com credibilidade para os homens, familiares e a sociedade como um todo. Essa orientação ajuda muito. Estamos vivendo uma pandemia em que o simples uso de uma máscara salva vidas, assim como um simples exame de próstata faz o mesmo”, compara o médico.

Armando dos Santos Abrantes e Cristiane Mendes

Já a oncologista do InORP Oncoclínicas Ribeirão Preto, Cristiane Mendes, explica a importância da avaliação da próstata para confirmar ou descartar o câncer na região. “A glândula está localizada abaixo da bexiga e à frente do reto. Por isso, para se fazer o exame de próstata, o médico faz um toque retal e consegue examinar a parte posterior dessa glândula, avaliando se existem nódulos ou se a próstata está aumentada ou endurecida. O teste é rápido e indolor. Vale lembrar que é necessário fazer também o exame de sangue, o PSA, a partir dos 50 anos de idade, para a população geral, ou antes disso, por volta dos 40, 45 anos, se tiver casos na família com câncer de próstata. O rastreio da doença só é completo se forem realizados os dois exames: toque retal e PSA”, recomenda.

Os números do câncer de próstata são altos em todo o mundo, afirma a médica. “Os avanços no diagnóstico e as melhorias no tratamento da doença impactam diretamente na qualidade de vida e sobrevida destes pacientes. Assim, se temos tumores mais iniciais, localizados na glândula e que não se espalharam para outros órgãos, conseguimos oferecer tratamento menos invasivo e mais curativo”, detalha a oncologista. 


Foto: Revide

Compartilhar: