A vida por trás do câncer

A vida por trás do câncer

Conheça a trajetória de três mulheres que travaram uma batalha contra o câncer de mama

Câncer de mama. Não é um palavrão, muito menos uma sentença de morte, e muitas mulheres estão aí para provar isso. O que pode começar como edemas na pele – semelhantes a casca de laranja –, dor, inversão do mamilo, descamação ou ulceração do mamilo, pode terminar em um tumor que tem a tendência, se não tratado, de invadir outros órgãos. Apesar disso, mulheres como Breila Monte, Luciana Evangelista e Gabriela Peetz não se intimidaram diante do diagnóstico e enfrentaram o que a vida reservou para cada uma delas.

Breila

Breila Monte tem 61 anos, é casada, tem uma filha e, apesar de ser aposentada como professora de matemática, está no quarto ano da faculdade de Psicologia. Em maio deste ano, foi diagnosticada com Carcinoma, um dos tipos mais comuns de câncer de mama. “O impacto é muito grande, não só da pessoa que descobre o diagnóstico. O impacto é da família toda”, afirma. Ela, que venceu uma batalha contra a quimioterapia recentemente, comenta o quanto o apoio familiar foi essencial durante todo o tratamento. “Essa foto da minha família é maravilhosa, porque registrou a minha mãe aqui em casa, com 87 anos, com dor nas pernas e tudo mais, cozinhando para mim, porque tinha dias que eu ficava assim, imprestável”, comenta.

Ela também não deixa de ressaltar a mudança de hábitos durante o tratamento. Breila mudou a alimentação e perdeu 12 kg desde o diagnóstico. Por fim, ela alerta sobre o cuidado com a saúde bucal. “Uma coisa que pode acontecer e que não aconteceu comigo, é ter as feridas na boca e no nariz. Chama mucosite. Graças a Deus não tive, porque, uma amiga dentista falou ‘Breila, escova o dente, assim, comeu, vai lá e escova o dente, se comer uma bolachinha, uma coisinha, vai lá e escova o dente, e enxaguar com esses enxaguantes sem álcool’, então eu fui muito determinada nesse ponto”, completa.

Luciana

Luciana Evangelista Murai tem 59 anos. Diagnosticada em 2014, sempre ia ao ginecologista para exames preventivos. Ela comenta sobre a importância do apoio profissional nesse processo, assim como a sua fé. “Eu recebi apoio profissional, que me ajudou muito nesse processo, e também recorri à minha fé. Sou uma mulher de muita oração. Creio em Deus e na Virgem Maria. Esse conjunto fez com que eu pudesse lutar conta esse bicho papão”, ressalta. 

Com a descoberta ainda nos primeiros estágios da doença, Luciana precisou passar por uma cirurgia para retirada do tumor, seis ciclos de quimioterapia, 33 radioterapias e hormonioterapia que durou cinco anos. Luciana não deixa de destacar o apoio da sua família e dos amigos. “Foi um processo doloroso, mas com muita dignidade enfrenti esses momentos com apoio deles”, descreve. Ela lembra, emocionada, o processo de queda do cabelo. “Cerca de 20 dias após a primeira quimioterapia, eu perdi todos eles. De repente esse ‘tantão’ de cabelo que eu sempre tive foi embora no banho. É como se eu tivesse uma peruca e, de repente, caiu tudo pelo ralo. Ficou tudo lá no chão”, recorda.

Luciana enaltece, ainda, o apoio do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Assistência na Reabilitação de Mastectomizadas – REMA, da Faculdade de Enfermagem da USP. Funcionando há 32 anos, a equipe multidisciplinar do REMA oferece apoio para mulheres que estão na luta contra o câncer de mama ou que já ganharam essa batalha. “É uma equipe que nos abraça em meio à tantas dificuldades”, resume.

Gabriela 

Gabriela Peetz tem uma doença rara desde os 13 anos: Amiloidose. A doença faz com que as proteínas, dobradas de forma anormal, formem fibrilas de amiloide que se acumulam em tecidos e órgãos do corpo, levando a disfunção ou insuficiência dos órgãos. Uma doença incurável. Por causa dela, Gabriela, aos 21 anos, teve que fazer uma mastectomia parcial por causa do câncer de mama. Com 27 anos, ela recebeu um outro diagnóstico, outro câncer de mama. Hoje, com 43 anos, além da mastectomia parcial, ela também precisou retirar o útero por conta de miomas.

Gabriela destaca que experimentou alguns milagres. O primeiro aconteceu em uma visita de rotina ao médico. “Durante o exame, ele identificou que tinha mais um nódulo, no outro seio. A recomendação era uma cirurgia imediata, mas estava tão abalada que precisei de um tempo. Quando voltei, no mês seguinte, ele não encontrou mais nada”, relata. O segundo milagre foi aos 39 anos. Ela foi diagnosticada com três miomas do tamanho de laranjas no útero. Contudo, durante a cirurgia, os médicos descobriram ter nove: seis miomas dentro do útero e três fora. A intervenção salvou sua vida. Para servir de inspiração e de motivação para mulheres que passam pela mesma situação, ela criou uma página no Instagram. Para conferir, procure por “Primavera Rosa”. 


Fotos: Revide

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