Antioxidantes podem combater infertilidade por endometriose, diz pesquisa da USP

Antioxidantes podem combater infertilidade por endometriose, diz pesquisa da USP

Estudo promoveu amadurecimento de óvulos de bovinos que continham líquido folicular de mulheres inférteis por endometriose

Um estudo desenvolvido por pesquisadores do Setor de Reprodução Humana, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), mostrou resultados positivos de dois tipos de antioxidantes – a N-acetilcisteína (medicamento para doenças respiratórias) e a L-carnitina, ou vitamina B11 – na restauração da infertilidade causada pela endometriose, doença ginecológica que atinge aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva, em que células da camada interna do útero são lançadas, com o sangramento menstrual, para fora, na cavidade abdominal.

A pesquisa da doutoranda Vanessa Silvestre Innocenti Giorgi promoveu o amadurecimento de óvulos de bovinos em sistema de cultura in vitro que continham líquido folicular - mistura de plasma (parte líquida do sangue) e secreção de células do ovário que fica no interior dos folículos ovarianos em íntimo contato com o oócito (futuro óvulo) em desenvolvimento – de mulheres inférteis pela doença. O futuro óvulo banhado por este líquido cheio de nutrientes cresce e amadurece dentro do folículo ovariano (revestimento do óvulo).

No estudo, a pesquisadora encontrou no “estresse oxidativo”, presente no fluido, a piora da qualidade do futuro óvulo. Segundo Vanessa, em trabalhos anteriores do grupo, já haviam sido observadas alterações no desenvolvimento de óvulos bovinos em presença de líquido folicular de inférteis por endometriose.

De acordo com a pesquisadora, as suspeitas recaíam no estresse oxidativo que é o desequilíbrio entre a produção de radicais livres e de antioxidantes, já que o fluido apresentava aumento de alguns radicais livres e diminuição da capacidade antioxidante total.

Para confirmar a tese dos efeitos maléficos do estresse oxidativo nos fluidos foliculares, a pesquisadora realizou testes com material recolhido de 22 mulheres com infertilidade: 11 por endometriose e 11 inférteis por problemas nas tubas uterinas. O líquido folicular e os dois antioxidantes usados foram acrescentados ao meio de maturação in vitro, após fertilização em laboratório de oócitos de bovinos.

Os resultados não deixaram dúvida. “As alterações oocitárias provocadas pelo fluido folicular de mulheres com endometriose prejudicam o desenvolvimento embrionário in vitro. O que comprova a participação do estresse oxidativo nesse tipo de infertilidade. E, mais, mostraram a eficácia dos dois antioxidantes na prevenção desses danos”, explica a pesquisadora.

Pesquisa

A pesquisadora lembra que os resultados positivos são importantes, mas são laboratoriais, ainda não testados na prática clínica. O uso do modelo bovino, segundo Vanessa, ocorre por ser similar ao humano – que eticamente não deve ser utilizado em pesquisas – além de ser de baixo custo e de fácil manipulação.

Como os antioxidantes testados já são utilizados em tratamentos médicos e de baixa toxicidade, para um futuro, talvez próximo, Vanessa acredita que seu estudo auxilie no tratamento da infertilidade provocada pela endometriose. “A suplementação por via oral com antioxidantes poderia aumentar a chance de uma gestação natural no período de um ano, sem a necessidade de realização de técnicas de reprodução assistida”, diz pesquisadora.


Foto: Pixabay

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