Beneficência Portuguesa pode deixar de atender pelo SUS
Ao todo, são realizados mensalmente 4 mil  atendimentos na área ambulatorial.

Beneficência Portuguesa pode deixar de atender pelo SUS

Instituição enviou ofício pedindo soluções; Prefeitura Municipal deve mais de R$ 2 milhões ao hospital, que ameaça parar atendimento em julho

Nesta sexta-feira, 24, o Hospital Beneficência Portuguesa, entidade filantrópica de 109 anos, enviou ao Secretario Municipal de Saúde, Stênio Miranda, um ofício informando que pretende paralisar atendimentos ambulatoriais e de cirurgias eletivas, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), partir do próximo dia 1.

Assim como os exames de raios-X, endoscopia e hemodinâmica, o funcionamento do laboratório da instituição também irá parar de funcionar no começo de julho.

No ofício constam os motivos para a paralisação dos atendimentos: “É de conhecimento de todos que a tabela do SUS é  inadequada para remuneração dos serviços hospitalares e médicos. Em nossas análises financeiras demonstramos que a cada R$1 recebido do SUS, gastamos R$ 1,27, incluindo todas as subvenções”, diz a nota. O prejuízo segundo o hospital é de 27%.

Impasse

Ainda de acordo com a instituição, a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto não faz o pagamento dos recursos ao hospital desde janeiro deste ano, o que corresponde a uma dívida de R$ 2.397.746,23.

O hospital comunica também no ofício que para fazer frente aos compromissos financeiros, foi necessário recorrer a empréstimos bancários, cujos valores mensais giram em torno de R$ 370.917,92.

Se os atendimentos ambulatoriais e de cirurgias eletivas pararem, muitas pessoas serão prejudicadas.

Ao todo, são realizados mensalmente 4 mil  atendimentos na área ambulatorial,  mais de  40 mil exames de SADT(Serviço Auxiliar de Diagnóstico e Terapia), 723 internações e 436 cirurgias. A paralisação irá afetar também 600 colaboradores diretos e 100 médicos.

Dificuldades

Em nota, a Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da Prefeitura informa que as dificuldades do hospital são conhecidas de longa data e têm origem na administração anterior. "A Prefeitura de Ribeirão Preto, por meio da Secretaria da Saúde, mantém contrato de prestação de serviço com o referido hospital que não pode ser rompido unilateralmente e abruptamente. Entendemos as dificuldades pelas quais passa a Beneficência Portuguesa, mas consideramos que a diminuição dos atendimentos e, portanto do faturamento, não será a solução para suas dificuldades", diz a pasta.

O órgão comunica também que a entidade recebe recursos públicos de origem municipal, estadual e federal e que haverá resposta da Administração Pública a qualquer tentativa de reduzir o acesso da população à assistência em saúde de natureza hospitalar. "Estamos a disposição da instituição para buscar soluções que preservem o hospital, um patrimônio da população de Ribeirão Preto", conclui a nota.

Atualizado às 8h46 para acrescentar a resposta da Prefeitura Municipal. 


Foto: Arquivo Revide

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