Brasil registra 44 mil casos de câncer de intestino por ano, aponta Inca
A cantora Preta Gil revelou, há alguns dias, que foi diagnosticada com um tumor no intestino e deu início à quimioterapia

Brasil registra 44 mil casos de câncer de intestino por ano, aponta Inca

Doença acometeu a cantora Preta Gil, de 48 anos, e já deu início à quimioterapia; hábitos de vida saudáveis ajudam a evitar a enfermidade, segundo oncologistas

O câncer de intestino é um dos que mais atinge homens e mulheres no Brasil e no mundo, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Dados do órgão auxiliar do Ministério da Saúde apontam que são registrados cerca de 44 mil casos no país todo ano.

 

Segundo o Radar do Câncer, que utiliza informações do DataSUS, 75% dos pacientes que receberam o diagnóstico da doença no ano passado já estavam com o tumor avançado. Apesar de ser uma enfermidade grave, ela pode ser prevenida com hábitos de vida mais saudáveis.

 

Recentemente, a cantora Simony, de 46 anos, finalizou seu tratamento contra o câncer de intestino. Já a cantora Preta Gil, de 48 anos, revelou, há alguns dias, que foi diagnosticada com um tumor no mesmo órgão e deu início à quimioterapia.


O oncologista clínico Eduardo Saad Neto, do Centro de Tratamento Oncológico (CTO), explica que este câncer, tecnicamente conhecido como adenocarcinoma colorretal, é um tumor maligno que se origina das células de revestimento interno do intestino grosso.

 

“Por esse motivo, o exame capaz de detectar a doença na sua fase inicial é a colonoscopia, que pode ser feita de forma convencional (através de um colonoscópio) ou através de uma técnica conhecida como cápsula endoscópica, exame no qual o paciente ingere uma cápsula e ela faz fotos e filmes do revestimento interno do órgão”, detalha.

 

Ele conta que os principais sintomas da doença são anemia por carência de ferro (detectada através de exame de sangue); fezes escuras, com aspecto de borra de café; alteração abrupta no funcionamento do intestino; dor abdominal persistente; e sangue vivo nas fezes.

 

“No entanto, esses sinais e sintomas são comuns a outras doenças e, por isso, é extremamente necessária uma consulta médica especializada, para que o diagnóstico correto seja feito”, orienta. 


O médico esclarece que o tratamento do câncer colorretal é multimodal, envolvendo oncologistas clínicos, radioterapêutas e proctologistas. “Quando a doença é diagnosticada em estágios iniciais, as chances de cura são grandes, em torno de 70 a 80%, podendo chegar a 95% quando detectadas em estágio I (fase mais precoce da doença). A base do tratamento é a cirurgia e a etapa cirúrgica é complementada, na maioria das vezes, por quimioterapia e radioterapia, especialmente em tumores localizados no reto (porção final do intestino grosso)”, descreve o oncologista.


Ainda de acordo com Saad Neto, há uma tendência atual de aumento geral de casos de câncer. Com relação ao colorretal, que figura entre as quatro principais neoplasias malignas no mundo, ficando atrás do câncer de próstata, de mama e de pulmão, não tem sido diferente.

 

“A maior disponibilidade de exames colonoscópicos é uma das responsáveis pelo aumento no número de casos. Quanto mais exames são feitos, maior o número de diagnósticos. Além disso, há uma maior conscientização da população sobre os sinais e sintomas que possam estar ligados ao câncer colorretal, o que tem levado a uma maior procura pelo exame de colonoscopia”, ressalta.

 

Ele reforça que, atualmente, consensos nacionais e internacionais recomendam a realização de colonoscopia para homens e mulheres a partir de 45 anos, independentemente de terem ou não histórico de câncer na família.


Já a oncologista Cristiane Mendes, da Oncoclínicas Ribeirão Preto, comenta que o aumento nos números de casos de câncer em geral se dá, principalmente, pela alta exposição a fatores de risco.

Oncologistas Ribeirão PretoDr. Eduardo Saad Neto e Dra. Cristiane Mendes 

 

“Particularmente na alimentação, como consumo de álcool, alimentos processados e carne vermelha em excesso, baixa ingestão de fibras, além do tabagismo, sedentarismo e obesidade”, alerta. Segundo ela, são considerados fatores de risco para o câncer de intestino: idade acima de 50 anos, dieta com alto teor de gordura e baixo teor de fibras, obesidade, sedentarismo e tabagismo.

 

 

“Pessoas que possuem histórico da doença ou casos de câncer de intestino na família também precisam ficar mais atentas. Doenças inflamatórias intestinais também são consideradas fatores de risco”, ressalta. A médica orienta que a melhor maneira de diminuir os riscos da doença é através da prevenção primária e secundária.

 

“A primária se refere às mudanças nos hábitos alimentares e de vida, como investir em alimentos com mais fibras e laticínios, evitar excesso de carne vermelha e processada, praticar atividades físicas regularmente e evitar o tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas. Já a prevenção secundária se baseia no exame de colonoscopia com retirada de pólipos intestinais pré-maligno, evitando, assim, a evolução para neoplasia”, conclui a oncologista. 


Foto: Reprodução redes sociais

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