Campanha de prevenção do câncer de colo do útero deve ser permanente
Tomar a vacina e fazer exames preventivos com frequência recomendada são duas armas contra a doença

Campanha de prevenção do câncer de colo do útero deve ser permanente

Março Lilás chama a atenção para o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres

O mês de março está terminando, mas o foco da campanha Março Lilás, de prevenção do câncer de colo de útero, é permanente e não tem data para acabar. Médicos e autoridades de saúde são unânimes em dizer que é preciso manter o alerta às mulheres para atitudes de cuidado e prevenção.

 

O câncer de colo de útero é o terceiro tipo de câncer mais comum entre mulheres. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), foram estimados 17.010 novos casos apenas no ano de 2023. A taxa de mortalidade é de 4,60 óbitos por 100 mil mulheres.

 

É um dos principais tipos de câncer na mulher e um problema de impacto mundial, devido às elevadas taxas de diagnóstico em estágios avançados. Entretanto, trata-se de uma neoplasia prevenível. Campanhas de prevenção como Março Lilás são inestimáveis”, observa Joana Spaggiari Marra, médica oncologista clínica e radioncologista do Centro de Tratamento Oncológico em Ribeirão Preto.

 

Na opinião do médico oncologista Diocésio Andrade, da Oncoclínicas Ribeirão Preto, os principais obstáculos na redução do número de casos e óbitos de mulheres com câncer de colo de útero são a baixa adesão para a vacinação e a realização do exame preventivo chamado Papanicolau.

 

 

A doença

 

O câncer de colo do útero é causado, quase em sua totalidade, por uma infecção persistente do Papiloma Vírus Humano (HPV). É uma doença de desenvolvimento lento que, a partir da infecção viral, vai gerando alterações em nível celular, o que explica a ausência de sintomas na fase inicial.

 

De acordo com a médica Joana Marra, isso faz com que, na maioria dos casos, a doença seja detectada apenas quando apresenta sintomas mais evidentes como sangramento e secreção vaginal anormal e dor abdominal, queixas urinárias ou intestinais.

 

“Geralmente os sintomas ocorrem nos casos mais avançados, o que representa um impacto muito significativo na qualidade de vida da mulher, na autoestima e na questão reprodutiva, já que muitas vezes, ocorre em mulheres jovens”, explica a especialista.

 

Por isso ela ressalta a importância do rastreamento com o exame ginecológico Papanicolau, indicado para a população de 25 a 64 anos, anualmente. O exame detecta lesões que podem evoluir para o câncer e que podem ser tratadas com cirurgia a laser.

 

Tabagismo e relação sexual desprotegida aumentam o risco de desenvolver esse tipo de tumor maligno. Além dos exames, a informação é uma importante arma no combate ao aumento de casos da doença.

 

“Nenhuma estratégia é mais eficaz do que a educação, mas ela deve partir não apenas dos meios de comunicação, mas também em palestras nas escolas, nos consultórios, nas clínicas de vacinação, no calendário vacinal e não pode ser um tabu”, observa a médica oncologista.

 

O médico Diocésio Andrade também reforça a importância da informação disseminada por meio de iniciativas como a Março Lilás.

 

“A medida mais eficaz na prevenção do desenvolvimento do câncer de colo de útero é a adesão da população para levar filhos e filhas entre 9 e 14 anos para se vacinarem contra o HPV. Esta medida é a chamada prevenção primária em que temos a oportunidade de não desenvolver um tumor, fato raro na oncologia, que conseguimos no máximo realização da prevenção secundária, por meio de exames que permitem a detecção precoce de um tumor”.

 

Vacina

 

No Brasil as vacinas para a prevenção do HPV fazem parte do calendário vacinal desde 2013, com a vacina quadrivalente oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Há outras vacinas mais amplas contra outros tipos de HPV disponíveis nas clínicas.

 

Pelo SUS, a vacina que previne a infecção do HPV é fornecida para as meninas de 9 a 14 anos, para os meninos de 11 a 14 anos e para as pessoas imunossuprimidas de 9 a 45 anos, e apresenta uma eficácia de 98%.

 

Diocésio Andrade ressalta que a vacinação de meninos e meninas, chamada prevenção primária, poderia diminuir muito a incidência deste tumor nos próximos 20 a 30 anos. “Para se ter uma ideia, países como a Austrália, onde a vacinação começou no início dos anos 2000, já demonstram uma queda na incidência deste tumor”, afirma.

 

Joana Marra vai além e aborda um tabu que impede o avanço nos números da vacinação entre os jovens. “A vacinação não estimula o início precoce da atividade sexual. Além do câncer de colo de útero, ela previne outros tipos de câncer como vulva e vagina, câncer peniano e cânceres de orofaringe e anal em homens e mulheres, além das verrugas genitais nos dois sexos relacionadas ao HPV”, finaliza a médica.

 

 


Freepik

Compartilhar: