Casos de dengue se concentram nas zonas Leste e Norte de Ribeirão Preto
Especialista acredita que fator seja o esperado na cidade

Casos de dengue se concentram nas zonas Leste e Norte de Ribeirão Preto

Em apenas dois meses, o número de casos confirmados é maior que o total de 2017 e de 2018

As zonas Leste e Norte concentram mais da metade dos casos de dengue confirmados em Ribeirão Preto neste ano. Segundo o Boletim Epidemiológico, foram 215 casos da doença nessas regiões, 55%do total. O levantamento aponta ainda que o índice de casos confirmados na cidade no primeiro bimestre ficou acima do total registrado em 2017 e 2018.

Já foram 388 casos confirmados. Em 2017 e 2018 foram 246 e 271, respectivamente. O fator seria a chegada do sorotipo do vírus Tipo 2. Segundo especialista, 95% da população ribeirãopretana está desprotegida dessa mutação do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.

Fonseca é especialista no vírus da dengue “A dengue depende da quantidade de mosquitos afetados, da densidade populacional e da suscetibilidade da população. Hoje em Ribeirão Preto, os estudos que temos feitos é que há 100% do vírus tipo 2 em circulação e este pode atingir toda a população que ainda não é imune a essa sorologia”, falou o infectologista da Universidade de São Paulo, Benedito Antônio Lopes da Fonseca.

O boletim mostra que foram mais 89 vítimas da dengue na Oeste, 45 no Centro, 26 infectados na região Sul e 13 nos distritos locais.

“Sobre as regiões, todos os lugares correm riscos em Ribeirão. A circulação do vírus dengue na região de Ribeirão Preto se comporta assim. É uma coisa que nós sabíamos que ia acontecer, então não me impressiona no número de casos. Entretanto, nós ainda não temos uma situação que podemos chamar de epidemia. Sobre o aumento comparado aos últimos anos se dá pelo fato de que a circulação do vírus havia diminuído após a epidemia de 2016 com mais de 35 mil casos, pois a maioria da população estava imune e resistente a infecção pelos outros sorotipos. O aumento em 2019 vem com a chegada do tipo dois”, disse o médico.

O infectologista explica que o vírus dois ser o protagonista do momento não significa que ele seja o mais forte, mas que a população não está preparada para recebê-lo. “Fazia pelo menos 10 anos que este sorotipo não circulava em Ribeirão. A tendência é que os números aumentem, pois vivemos em uma curva epidêmica em que alguns meses possuem mais casos. Só não podemos perder o controle e transformar isso em uma epidemia”.

Preocupação

Estudos apontam que a situação de Ribeirão Preto ainda é estável. De acordo com o Ministério da Saúde, uma epidemia é definida quando o número de casos ultrapassa o esperado daquela doença para um determinado ano.

“Como temos variabilidade, existe uma recomendação que o ministério coloca que a epidemia é quando existem mais de 100 casos para cada 100 mil habitantes. Por exemplo, sabendo que Ribeirão tem aproximadamente 700 mil habitantes, uma epidemia seria na faixa de 700 a mil casos de dengue. Para não atingir esse nível epidêmico, a saúde precisa se mobilizar e trabalhar junto à população para combater o mosquito, pois se deixar chegar a níveis epidêmicos o controle é perdido”, concluiu Fonseca.

O Portal Revide procurou a Prefeitura para esclarecer os altos índices, mas a Secretária da Saúde da cidade não respondeu os questionamentos. 

 


Foto: Divulgação

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