Colesterol alterado leva cerca de cinco crianças por semana ao HC de Ribeirão Preto

Colesterol alterado leva cerca de cinco crianças por semana ao HC de Ribeirão Preto

Problema está na obesidade, que tem o sedentarismo e as telas como principais causas, afirmam especialistas que defendem mudança de hábitos e a atividade física

O sedentarismo é apontado como o vilão da saúde de crianças e adolescentes que a cada dia buscam tratamento para problemas com o colesterol. Acomodados em suas casas e envoltos pelas telas (celulares, tablets e videogames), tornam-se vítimas da obesidade, colesterol alterado, doenças cardiovasculares precoces, diabetes, prejuízo do sono e até mesmo problemas ósseos. 

 

Especialista em endocrinologia pediátrica, o professor Raphael Del Roio Liberatore, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, informa que o Hospital das Clínicas (HCFMRP) atende cerca de cinco casos novos de distúrbios de colesterol nesta faixa por semana. E a causa principal, segundo o professor, é o estilo de vida sedentário. “Em crianças e adolescentes, a principal causa do sedentarismo hoje é o uso de telas. O sedentarismo é, sim, um dos fatores de risco para desenvolver alteração de colesterol. Além da genética familiar e da alimentação”.

 

Para Liberatore, o sedentarismo das crianças no Brasil e no município de Ribeirão Preto se revela como um dos mais sérios problemas de saúde pública. Fato confirmado por relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrando que 78% das crianças e 84% dos adolescentes brasileiros não realizam o mínimo de atividade física recomendada diariamente (de 30 a 50 minutos), e também pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que identifica uma em cada três crianças de cinco a nove anos de idade acima do peso. 
 

Se um dos reflexos do sedentarismo infantil é a obesidade, os riscos associados às doenças coronarianas não podem ser menosprezados. A própria OMS classificou a inatividade física como risco associado a essas doenças e o professor e diretor da Escola de Educação Física e Esportes de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP, Hugo Tourinho Filho, também concorda. “O sedentarismo também leva à obesidade, à hipertensão e aos níveis elevados de gordura no sangue, conhecidos por hipercolesterolemia”, acentua.
 

Contra o sedentarismo, o professor Tourinho afirma que a infância é fundamental “para que a criança crie a sua biblioteca motora; é com as experiências motoras que ela se torna um adulto com mais facilidade para realizar suas atividades físicas”. O grande problema de crianças que não realizam exercício físico, emenda Tourinho, “é que, a partir desse estilo de vida inativo, passam a desenvolver as mesmas doenças que o sedentarismo provoca na idade adulta”. 
 

Como tratar o sedentarismo

 

O professor Liberatore conta que existe um protocolo a ser seguido quando atendem uma criança com problema de colesterol no HCRP. “Toda vez que se detecta um problema de colesterol, a gente inicia uma avaliação para ver se é genético. Se não é familiar, afastam-se as doenças que podem causar aumento de colesterol em crianças, principalmente diabetes e problema na tireoide. Disparado, a causa mais comum é a obesidade.”
 

Dados do Ministério da Saúde, divulgados pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, confirmam a realidade do HCRP e mostram que, em 2022, mais de 3,6 milhões de crianças e adolescentes estavam com excesso de peso no Brasil; um milhão deles era por obesidade, não por outros problemas.
 

Assim, tanto Tourinho quanto Liberatore acreditam em mudança de estilo de vida contra o sedentarismo. Mudar o comportamento sedentário, avalia Liberatore, está na “implementação de um programa de hábito de atividade física. Em crianças, é o brincar; então, andar de bicicleta, participar do bola queimada e levar o cachorro para passear são ótimos recursos”.

 

 

*Informações Rita Stella do Jornal USP Ribeirão Preto 


Foto: Freepik (imagem ilustrativa)

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