Confira 10 dicas sobre amamentação dos bebês

Confira 10 dicas sobre amamentação dos bebês

O Portal Revide conversou com o pediatra Marcelo Rossi para orientar as mamães na amamentação de filhos

O leite materno é considerado o alimento mais completo para o bebê. Nele, estão presentes proteínas, vitaminas, gorduras, água e tudo que é necessário para o desenvolvimento da criança.  Por esses motivos, é importante saber e conhecer as práticas e técnicas corretas de amamentação.

O principal motivo para o fracasso de algumas mães na amamentação de seus bebês está justamente em não compreender e nem insistir nesses conhecimentos. De acordo com o pediatra Marcelo Rossi, se as mães não seguirem corretamente alguns procedimentos relacionados à amamentação, a prática incorreta poderá causar consequências.

“As principais consequências são o desmame precoce, as rachaduras nas mamas, a dor ao amamentar, dificuldade de algumas crianças para ganharem peso adequadamente, dores nas costas das mães, engasgos no recém-nascido, piora nas cólicas, e etc. Gerando muita frustração e angústia nas mães e familiares”, afirma o pediatra.

Sabendo dessas dúvidas, o Portal Revide procurou o pediatra Marcelo Rossi para dar 10 dicas sobre amamentação, que vão amenizar e evitar algumas dessas situações para a mamãe e seu bebê. Rossi nos lembra de que essas dicas nunca poderão substituir as orientações dadas pelo pediatra do bebê. Confira as sugestões abaixo:

1. NO MOMENTO DA AMENTAÇÃO, “NO STRESS”

Tenha um lugar calmo para amamentar, silencioso, onde fiquem apenas você e o bebê ou, no máximo com mais alguém que esteja ali para ajudar, para lhe dar apoio, sem crianças correndo ao redor, sem músicas altas e nada de atender celular, mandar ou receber mensagens no smartphone, assistir TV, discutir relação, etc.

Tenha um local confortável, de paz. O momento da amamentação é sagrado! É um momento de interação íntima entre você e seu bebê, de alimentação física e emocional, de doação por ambas as partes. Olhe nos olhos do seu bebê enquanto ele mama, converse com ele, cante para ele. Aproveite o momento de amamentar e faça da amamentação algo verdadeiramente prazeroso!

2. HORÁRIOS DE AMAMENTAÇÃO

Eu sou partidário do clássico “peito de 3 em 3 horas”, desde o primeiro dia. Não gosto da livre demanda por tempo indefinido. Aprendi, e tenho plena certeza de estar certo, que as crianças precisam de horários, rotinas e limites para crescerem saudáveis dos pontos de vista físico, emocional e social.

Mas nos primeiros dias pode acontecer de nem a criança nem a mãe estarem preparadas para esta rotina. A livre demanda (dar o peito sempre que a criança chora, pela possibilidade de que ela esteja com fome) pode ser utilizada neste curto período, mas depois de alguns dias, talvez uma semana, no máximo, eu oriento a dar o peito de 3 em 3 horas.

Motivos: o tempo que o estômago demora para ser esvaziado é de 3 horas. Se a criança mama com o estômago vazio ela suga com mais eficiência, esvazia a primeira mama e boa parte da segunda, enche o estômago e depois dorme mais tranquila por mais tempo, até a próxima mamada. Com o esvaziamento das mamas a mãe produzirá mais prolactina e, consequentemente, mais leite, e terá um intervalo de tempo maior para descansar e cuidar de si mesma (ou de outros filhos, por exemplo) entre as mamadas do bebê. Se a criança mamar de 3 em 3 horas ela mamará 7 ou 8 vezes por dia. Na livre demanda algumas mamam de hora em hora, gastando mais energia para sugar, sugando com menos efetividade, não esvaziando adequadamente as mamas, levando à redução gradual da produção de prolactina e do leite, e causando um desgaste físico muito maior na mãe que fica com a criança quase o dia todo no peito.

Mas, como sempre digo, siga as orientações do pediatra do seu filho. A existência de opiniões diferentes não significa que uma ou outra esteja errada. Grande parte da prática médica decorre da experiência de cada profissional e da relação do médico com cada paciente especificamente. Medicina é relação “médico-paciente” e não pode haver imposição de nenhum lado. Conversando, “tudo se acerta”, não é mesmo? Converse com o pediatra, não saia do consultório com dúvidas. Procure encontrar a melhor equação para você e seu bebê nesta fase tão importante.

Mas não deixe o bebê recém-nascido mais de 4 horas sem mamar. Se ele não estiver acordando espontaneamente para mamar desperte-o e coloque-o no peito.

Em casos de prematuros as orientações são diferenciadas e não cabem neste espaço. Siga o que o pediatra do bebê orientar.

3. POSIÇÕES PARA AMAMENTAR

Existem várias posições de amamentação. Encontre a que for mais adequada e confortável para você e o bebê. Aqui vão as mais comuns:

a. Sentada: É a mais comum, em que a mãe segura o bebê no colo, com bebê posicionado de lado, olhando para a mama (barriga do bebê junto ao corpo da mãe) e a mãe posiciona a mama para o bebê com a mão que estiver livre.

b. Deitada: Levante a cabeceira da cama e coloque o bebê deitado, virado de frente para a sua mama, e apoiado por um travesseiro. É a melhor posição para o primeiro dia se o parto for cesariano. Observação: a criança só deve mamar nesta posição com a cabeceira elevada (mínimo de 30 graus) para evitar o refluxo do leite.

c. Posição de “Cavalinho”. Adequada para mães com mamas grandes. Procure sentar de forma confortável e posicione o bebê sentado sobre a sua perna. Segure a cabeça do bebê com uma mão e com a outra mão ofereça a mama para o bebê.  


4. A “PEGA”

A principal causa para as rachaduras dos mamilos das mães que amamentam é o erro na “pega” (forma como o bebê abocanha a mama durante a sucção).

A criança não pode abocanhar apenas o mamilo (o bico do peito) mas a aréola toda. Se a mama estiver muito cheia ou for muito volumosa ou a boca da criança for muito pequena é preciso esvaziar um pouco a mama massageando como explicado no item cinco, abaixo.

A pega correta: os lábios do bebê devem ficar voltados para fora, em forma de “boca de peixe”. Para facilitar à pega a mãe deve segurar a mama com a mão em forma de “C” e passar o bico no lábio inferior do bebê, estimulando o reflexo de sucção. Com isso o bebê abrirá a boca e você introduzirá o bico para ele mamar. A mãe deve estar certa de que o bebê abocanhou toda a aréola. Se sentir dor algo está errado! Mas se o bebê pegar de maneira errada a mãe não deve tirar o bico de uma vez em hipótese alguma. Se precisar interromper a mamada ela deve colocar o dedo mínimo no canto da boca do bebê para forçar a criança a reduzir a sucção e “desgrudar” da mama e, assim, poder retirar o mamilo da boca da criança sem causar lesões.

5. TEMPO DE MAMADA

Não existe um tempo fixo para duração da mamada, mas ela não pode ser muito prolongada. A criança não pode ficar “chupetando” o peito. Uma duração de 20 minutos em cada mama costuma ser mais do que o suficiente.

Mas não tenha pressa! É importante que a criança esvazie pelo menos a primeira mama porque isso garantirá que ele chegue à parte mais grossa e gordurosa do leite, importante para o seu crescimento, e o esvaziamento da mama também aumentará a liberação do hormônio responsável pela produção do leite (prolactina). Daí a necessidade de “alternar” as mamas (por exemplo: se numa mamada a mãe começou pela mama direita e terminou com a esquerda, na próxima ela deve começar pela esquerda e terminar com a direita) para garantir que as duas mamas serão periodicamente esvaziadas por completo.

6. COLOCAR PARA ARROTAR

Não se esqueça de colocar a criança para arrotar após a mamada.

A mãe deve colocar o bebê na posição vertical (“em pé”) com a cabeça no seu ombro e, se precisar, deve dar uns tapinhas leves nas costas do bebê para estimular a eliminação do excesso de ar no estômago e o consequente arroto (não fique chacoalhando o bebê ou o jogando para o alto. O risco do leite refluir é enorme quando se faz isso).

Nem sempre a criança arrota após mamar. Dependerá de o bebê ter engolido mais ou menos ar durante a mamada. Não se preocupe se após este procedimento a criança não arrotar. Não tente “forçar o arroto”.

7. COMO E QUANDO COLOCAR NO BERÇO

Após a mamada espere pelo menos 30 minutos para colocar a criança deitada. Neste período ou fique com ela no colo ou a coloque num bebê-conforto.

Depois disso pode colocar o bebê deitado, ou de barriga para cima ou de lado, sobre o braço esquerdo, de preferência sempre com a cabeça elevada pelo menos uns 30 graus (ou no próprio bebê-conforto) ou colocando um cobertor dobrado embaixo do colchão do berço, evitando ou diminuindo o risco de refluxo do leite.

8.  HIGIENE DAS MÃOS E HIGIENTE DAS MAMAS

Lave sempre as suas mãos antes de pegar o seu bebê (e não permita que outras pessoas fiquem pegando seu bebê no colo, e, para as pouquíssimas privilegiadas que poderão pegá-lo, não permita, em hipótese alguma, que o façam sem lavar as mãos).

Antes de amamentar lave as mãos com sabonete neutro, e água corrente, de preferência morna. Se não for morna, então, esfregue um pouco as mãos para aquecê-las um pouco antes de pegar a criança. Lave bem, a mão toda, “frente e verso”, entre os dedos e embaixo das unhas. Mantenha as unhas bem cortadas. Lembre-se que as mãos são o principal veículo de infecções (é nas mãos que a maioria dos microrganismos nocivos “viaja”).

E as mamas?

Não é necessário lavar as mamas antes e depois de cada mamada, como orientam alguns.

Se estiver muito calor e você estiver suada, tudo bem, passe uma gaze molhada apenas com água na mama, principalmente no mamilo e a na aréola (parte mais escura da mama ao redor do mamilo) para retirar o suor antes da mamada.

Na aréola existem glândulas (de Montgomery) que produzem uma substância que umidifica e higieniza a aréola e o mamilo, tornando a mama o local mais limpo e apropriado para a criança mamar (cuidado com mamadeiras e chupetas, fontes importantes de infecções bacterianas e fúngicas). A mama já vem “de fábrica” com um “sistema de umidificação e higiene” próprio e eficiente. De graça. Deixe que ele faça sua parte.

Basta lavar as mamas no banho diário, apenas com água corrente, e se for usar uma esponja que seja a mais macia que existir. Você pode passar o seu leite mesmo nas aréolas após a amamentação, para umidificá-las e higienizá-las, mas não obrigatoriamente (é ótimo para quem está com rachaduras nos mamilos, como veremos mais à frente).


9. PARA “LEITE EMPEDRADO”: MASSAGEM NAS MAMAS E ORDENHA

Para diminuir o risco do leite “empedrar” ou quando ele já está empedrado (o chamado ingurgitamento da mama) é aconselhável massagear as mamas antes das mamadas. E existe uma técnica para isso, em três passos:

a) Coloque o dedo polegar na região superior da borda da aréola e os outros dedos no lado oposto ao polegar, fazendo um “C”;

b) Pressione a região da aréola com movimentos intermitentes (com paradas) e circulares. A pressão deve ser exercida sobre as bordas da aréola, para que os depósitos de leite que ficam nesta região sejam comprimidos; 

c) Deslize os dedos sobre a pele, exercendo pressão em direção ao mamilo.

A ordenha: Coloque seus dedos aproximadamente 1,5 cm acima da região areolar, com o polegar na parte superior da mama e o indicador sob a mesma.  Pressione suavemente contra o tórax e gentilmente comprima a região próxima à aréola com o polegar e o indicador. Repita o movimento de forma rítmica, até que o leite comece a sair, deixando a aréola menos densa.

Observação: alguns orientam a fazer compressas mornas ou banho quente. NÃO FAÇA ISSO. Pode dar um alívio momentâneo, mas estimulará a produção de mais leite e poderá piorar o ingurgitamento. Para dor faça compressas e banhos frios.

10. RACHADURAS NAS MAMAS

As rachaduras nas mamas são muito comuns e muito dolorosas, e muitas mães param de amamentar por isso.

Se ocorrer esse tipo de lesão é porque a técnica da “pega” está errada ou então porque a sua mama é muito volumosa para o tamanho da boca do bebê.

Em primeiro lugar revise o item “4” acima. Corrija a pega.

Se a mama for muito grande ou se você produz muito leite faça a ordenha antes de iniciar a mamada (veja no item anterior) para que o bebê consiga abocanhar toda a aréola e não apenas o mamilo.

Passe o colostro (um pouco do leite do início da mamada, aquele mais amarelado e rico em proteínas) e o próprio leite na região lesionada. Isso costuma ser suficiente para resolver o problema.

Só utilize pomadas ou cremes locais com orientação médica (na maioria das vezes não é necessário e muitas vezes são contraindicadas).

Durante o período de amamentação utilize sutiãs de algodão, com alças largas e de tamanho apropriado. Evite o uso de absorventes para mamas, conchas e intermediários de silicone. Só utilize esses produtos sob orientação profissional.

Não pare de amamentar por isso. Antes de pensar em parar ou em entrar com algum leite artificial consulte seu pediatra ou procure a ajuda da enfermagem de algum banco de leite ou de apoio à amamentação. Peça informações no seu convênio ou no posto de saúde mais próximo da sua casa. Entrar com mamadeira é a última alternativa.


Cuidados que a mãe deve tomar

Para finalizar, o pediatra ressalta o quanto é importante à mamãe cuidar de sua saúde.  “É imprescindível que a mãe esteja bem. É uma fase muito desgastante, física e mentalmente”, completa Rossi.

Além das dez dicas, o médico disponibilizou alguns cuidados para a saúde da mãe. Confira:

- Utilize os intervalos das mamadas para descansar. Se conseguir tenha alguma atividade física.

- Não suma do convívio social.

- Tomar muito líquido e ter uma alimentação balanceada, que seja leve, mas também rica em proteína porque o leite que seu filho mama precisará de bastante proteína.  Lembre-se: não existe leite fraco!

- Não deixe de tomar seus remédios, caso tome algum de rotina. Avise o pediatra e ele lhe dirá se há restrição em utilizar alguma medicação. São raros os remédios que passam para o leite em concentrações que possam levar risco ao bebê, mas somente o pediatra poderá avaliar isso.

Observação: Raras doenças e outras situações médicas contraindicam a amamentação. O ginecologista e o pediatra definirão a conduta.

- Somente utilize complementos alimentares (mesmo os mais básicos, vendidos sem receita) com orientação clara do médico.

O médico explica que o termo “aleitamento materno exclusivo” é alto explicativo. Porém isso tudo sairá de você e, portanto, você precisa estar bem para que seu bebê cresça saudável e feliz.  Ele ressalta que todas são capazes, basta acreditar.

Revide On-line
Gabriela Maulim
Fotos: Arquivo Revide

Compartilhar: