Crise sanitária e surto de viroses alertam para gestão mais eficiente da saúde em regiões litorâneas durante o verão

Crise sanitária e surto de viroses alertam para gestão mais eficiente da saúde em regiões litorâneas durante o verão

Em algumas localidades, como o Guarujá, no litoral paulista, as filas de espera para atendimento ultrapassam as quatro horas

O início de 2025 tem sido marcado por uma série de desafios no atendimento de saúde em municípios litorâneos de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, com destaque para os surtos de virose, especialmente o causado pelo norovírus, e a sobrecarga nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBS). Em algumas localidades, como o Guarujá, no litoral paulista, as filas de espera para atendimento ultrapassam as quatro horas, em um cenário de grande aumento na população flutuante, composta por turistas.

 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Florianópolis, que possui cerca de 576 mil habitantes, tem uma expectativa de receber mais de 2 milhões de turistas até março. Esse aumento repentino na demanda por serviços de saúde, aliado ao surto de virose, tem gerado um colapso no sistema local de atendimento.

 

Aumento de Casos e Sobrecarga nas Unidades de Saúde

A situação se agrava em cidades como o Guarujá, onde, em menos de 16 dias, mais de 2 mil casos de viroses foram registrados. Em Florianópolis, o impacto do surto de norovírus também é significativo, com a prefeitura enfrentando dificuldades para lidar com a alta demanda. No Paraná, a região litorânea também registrou um aumento expressivo de atendimentos relacionados a doenças diarreicas, com 2.311 casos nos primeiros nove dias de 2025, superando os 654 casos registrados no mesmo período do ano anterior.

 

As autoridades de saúde, tanto estaduais quanto municipais, afirmam que o fenômeno era esperado devido ao calor intenso e ao grande fluxo de turistas, mas reconhecem que a estrutura de atendimento não foi capaz de suportar o aumento de demanda.

 

A Falta de Planejamento e Estrutura

Para o Dr. Caio Ferreira Jorge, especialista em gestão de saúde pública, o aumento da população flutuante exige um planejamento mais eficiente, com reforço das equipes e estruturação de um sistema de triagem para agilizar o atendimento, reduzindo as filas e otimizando os recursos. "É fundamental que os gestores ampliem as equipes para organizar uma triagem rápida dos casos, classificando-os por gravidade e direcionando-os para o atendimento adequado", destaca o especialista.

 

Segundo Dr. Caio, a falta de preparo para este período de pico se deve, principalmente, à limitação de estrutura, dificuldades no planejamento e à sobrecarga dos sistemas públicos de saúde, que não conseguem se adaptar rapidamente ao grande fluxo de turistas. "A maioria dos municípios enfrenta dificuldades devido ao aumento súbito da população e ao repasse insuficiente de verbas pelos governos estaduais", explica.

 

Soluções para Mitigar o Colapso no Atendimento

Para minimizar os impactos negativos, o Dr. Caio sugere uma série de estratégias, como reforçar campanhas de educação em saúde, reorganizar o fluxo de atendimento para casos de baixa complexidade, e ampliar temporariamente as equipes de saúde. Ele também destaca a importância da antecipação na compra de insumos e medicamentos, considerando que o período de verão pode afetar a logística de distribuição.

 

Além disso, a telemedicina e o apoio da iniciativa privada são apontados como alternativas viáveis para aliviar a pressão sobre as unidades de saúde e garantir um atendimento mais ágil e acessível à população.

 

Tendências para 2025: Gestão de Saúde e Parcerias Público-Privadas

Para o ano de 2025, especialistas apontam que a gestão de saúde pública no Brasil deverá adotar modelos mais empresariais, com maior participação da iniciativa privada e a terceirização de serviços. "A integração de tecnologias de gestão, como plataformas específicas para cada unidade de saúde, tem mostrado resultados positivos em diversas regiões", afirma Dr. Caio. A utilização dessas ferramentas permite personalizar os protocolos de atendimento, identificar as necessidades específicas da população e otimizar custos.


Foto: Pixabay (foto ilustrativa)

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