Cuidador de idosos: Profissão e acompanhamento

Cuidador de idosos: Profissão e acompanhamento

Inspiradas na tarefa, mãe e filha criaram empresa que orienta nos cuidados à terceira idade

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que até 2050 o número de pessoas com 60 anos no mundo passe de 12,3% para 21,5%. No Brasil, nos próximos 35 anos, os idosos devem passar de 12,5% (23 milhões) para 30% (64 milhões) da população. Caso essa estimativa se concretize, o País tende a se tornar uma nação de idosos.

Cuidar de um idoso não é apenas dar banho, alimentar ou suprir a falta da família. Segundo a psicóloga especializada em psicologia do envelhecimento Neide Azevedo Dezen de Queiroz, o cuidador de idosos é uma pessoa que auxiliará e suprirá a incapacidade funcional temporária ou definitiva do idoso. “Entendemos por capacidade funcional a condição do indivíduo para realizar as atividades da vida diária, de menor ou de maior complexidade. Portanto, o cuidador poderá estar ao lado de um idoso independente, semi-dependente ou totalmente dependente”, explica.

Ela relata ainda que existem dois grupos de cuidadores de idosos, que são os cuidadores informais e os cuidadores formais.

O cuidador informal é aquele que cuida por algum vínculo social, quando na maioria das vezes são pessoas da própria família, que tem algum carinho, afeto ou generosidade pelo idoso.

Já o cuidador formal são aqueles que se capacitam tecnicamente para atender as necessidades das pessoas mais velhas, ou seja, são profissionais que realizam atendimento em forma de prestação de serviços.

“Infelizmente ainda não podemos dizer que nossa população está orientada a como buscar informações para diminuir os riscos de acidentes e de maus-tratos, o que é comum até hoje”, acrescenta.

Desafios

São necessários estímulos para manter a maior funcionalidade possível do idoso. “Mudança no comportamento do idoso é sinal de alerta para muitas possibilidades, como introdução ou suspensão de medicamentos, infecção urinária, pneumonia, desidratação, constipação intestinal, problemas cardíacos, perda de ente queridos, brigas, mudanças de ambiente e até maus-tratos”, comenta.

A qualquer mudança de comportamento observada, o cuidador deverá comunicar os responsáveis ou agentes de saúde. “O idoso deve ser visto exatamente como uma pessoa atuando em ‘uma fase da vida’, como todas as outras fases. Ele não deve ser comparado a uma criança, pois tem a sua bagagem e carrega uma história de vida”, comenta a especialista.

Neide diz ainda que conservar a independência, a autonomia e a autoestima são condições primordiais para os idosos. “Escolher entre duas peças de roupa, nesta fase, é autonomia, ver o rosto barbeado é autoestima, conseguir lavar parte do seu corpo é independência”, destaca.

Ela completa que é preciso deixar que o idoso exerça as funções que ele consegue, e que o excesso de cuidado pode ser prejudicial, causando mais limitações e comodidade.

Oficina do Cuidado

Com o intuito de orientar e encontrar cuidadores de idosos, Neide e sua filha, Paula Dezen de Queiroz Ferreira, fisioterapeuta especializada em fisioterapia geriátrica, resolveram criar uma empresa que pudesse ajudar famílias a encontrar pessoas que atendessem idosos em suas necessidades.

Paula conta que a Oficina do Cuidado teve início em 2011, quando ela e sua mãe começaram a perceber a demanda por cuidadores de idosos, já que ambas trabalhavam com pessoas mais velhas.

“Nossa ideia primária foi como ajudá-los, orientar aquelas famílias a encontrar pessoas adequadas, que os deixassem mais seguros. Assim, montamos nosso primeiro projeto e fizemos dele nossa missão empresarial, que é qualificar o cuidado recebido pelo idoso em qualquer nível de dependência, por meio de um atendimento humano e personalizado”, relata.

A fisioterapeuta diz ainda que no primeiro contato com a família deixa claro que a Oficina do Cuidado não é um serviço de home care, pois são as famílias que formalizam a contratação e registro dos cuidadores selecionados.

Além das informações prestadas da empresa, são oferecidos mensalmente cursos de capacitação para cuidadores de idosos e módulos de capacitação multiprofissional.

“Os cursos de capacitação são ministrados por profissionais de diferentes áreas da saúde, como psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiras, dentistas, terapeutas ocupacional, nutricionistas e gerontólogas”, comenta.

Outra proposta da empresa é a Oficina Ativa, onde um ou mais profissionais formam grupos de dez idosos para execução de um projeto, como atividades de alongamento, relaxamento e fortalecimento para os idosos.

A especialista em psicologia do envelhecimento completa que a velhice é grande fase da vida, quando o ser humano está mais preparado, mais sábio, menos preconceituoso, aceitando as pessoas como elas são na sua essência.

Por isso, ela diz que os cuidadores de idosos devem ajudar o idoso a praticar atividades agradáveis, que são por prazer, proporcionar estabilidade emocional, preparar alimentos pelo gosto e saúde e estimular o contato social.

 “As palavras atenção, sossego, paz e respeito são muito importantes para a saúde emocional dos idosos”, conclui.


Foto: Reprodução Facebook

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