Descoberta da USP-Ribeirão ajuda a tratar tumor cerebral

Descoberta da USP-Ribeirão ajuda a tratar tumor cerebral

Estudo foi publicado esta semana e permite tratamento mais eficaz para câncer no sistema nervoso

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP) identificaram novos tumores que podem atacar o sistema nervoso. O estudo publicado nesta semana na pesquisa científica norte-americana Cell poderá ajudar na avaliação do prognóstico deste tipo de câncer e abre caminho para tratamentos personalizados.

Os gliomas - tumores que atingem os neurônios – apresentaram modificações que atingem o funcionamento do genoma e também as características desses genes, por meio da ativação ou desativação de genes.

O professor do Departamento de Genética da FMRP/USP, Houtan Noushmehr, um dos coordenadores da pesquisa, conta que o estudo avaliou 1.122 amostras de glioma de pacientes adultos do The Cancer Genome Atlas (TCGA), consórcio ligado ao National Cancer Institute, dos Estados Unidos, que reúne dados genômicos, epigenômicos e clínicos de pacientes de diversos países.

“Nós tínhamos disponíveis para análise diversos tipos de dados, como o sequenciamento completo do genoma dos tumores, o sequenciamento completo do exoma - parte do genoma onde estão os genes codificadores de proteínas -, dados de sequenciamento de RNA, de metilação do DNA, de alterações de números de cópias de cromossomos. Tudo isso permitiu traçar o perfil epigenético dos tumores. E também tínhamos os dados clínicos e o histórico dos pacientes para saber como a doença evoluiu”, destaca Noushmehr.

Um dos fatores preponderantes pela descoberta foi o estudo em conjunto das duas divisões de tumores neurológicos - de baixo grau, que são os menos agressivos, e os de alto grau, os mais agressivos.

“Geralmente, os pacientes com tumores de baixo grau apresentam mutação no gene IDH1 ou IDH2. Mas observamos que alguns tumores de baixo grau não tinham essa mutação e alguns de alto grau, tinham. Por isso resolvemos analisar tudo junto para avaliar se surgiria uma nova classificação mais acurada. De maneira geral, observamos que aqueles que apresentavam a mutação no IDH1 tinham um fenótipo de hipermetilação do DNA e um melhor prognóstico”, explicou Noushmehr.

Na avaliação de Noushmehr, os novos achados permitem analisar melhor os pacientes com glioma, o que deve contribuir para melhorar os protocolos de tratamento.

“Permitem oferecer um tratamento mais agressivo apenas para pacientes que realmente necessitam. Alguns, atualmente, não respondem bem às drogas e isso talvez possa ser explicado por um desses fenótipos que estamos reportando, como por exemplo o G-CIMP-low. Essa informação também deverá ser útil para o desenvolvimento de novas drogas, apontando alvos terapêuticos para esses pacientes com pior evolução”, conclui.


Com informações Agência Fapesp

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