Desenvolvido em Ribeirão, tratamento capaz de combater câncer é o mais promissor
Disponível em poucos países, o procedimento mostra a capacidade da medicina do Brasil para competir com grandes potências da área
“Esse tratamento é o mais promissor que existe na área de oncologia”, disse o médico Dimas Tadeu Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP. Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta sexta-feira, 11, os pesquisadores envolvidos explicaram como funciona o tratamento, em que o paciente e suas próprias células combatem o câncer.
Leia mais
Pesquisadores de Ribeirão Preto criam células capazes de combater o câncer
O método utilizado é chamado de terapia por células CAR-T. No tratamento, as células T – um tipo de célula do sistema imunológico – são alteradas em laboratório para que reconheçam e ataquem as cancerígenas ou tumorais. As células T são coletadas do sangue do próprio paciente e geneticamente modificadas, com a inclusão de uma proteína específica – o receptor “quimérico”.
Apesar do sucesso do tratamento, ele ainda não pode ser distribuído em larga escala, por conta disso, Covas ressalta a importância de ter investimento. “Atualmente, nós conseguimos produzir um tratamento a cada 40 ou 50 dias. Nosso objetivo agora é ampliar a capacidade de produção. Para isso, temos que aumentar a estrutura do laboratório e contamos com apoio, pois não estamos mais falando de pesquisa, mas em tratamento”, comentou Covas.
Disponível em poucos países no mundo, o desenvolvimento deste método mostra a capacidade da medicina do Brasil para competir com grandes potências da área. “Este é um enorme passo para a ciência e para medicina do País. Estamos chegando na mesma altura do que está acontecendo nos Estados Unidos e Europa”, finalizou Dimas Tadeu Covas.
Paciente
O paciente, funcionário público aposentado Vamberto Castro, 62 anos, residente de Belo Horizonte (MG), sofria de uma forma avançada de linfoma de células B, e não havia respondido aos tratamentos de quimioterapia e radioterapia indicados para o caso. Porém, após passar pelo procedimento desenvolvido pelos pesquisadores do CTC do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Castro apresentou, em menos de 20 dias, remissão total do câncer.
“Após o tratamento, o paciente encontra-se muito bem. Ele recebeu às células há mais de 30 dias, está ganhando peso e suas atividades do dia a dia já estão completamente restauradas. É uma vida nova e teve receber alta nos próximos dias”, declarou o médico Renato Cunha, Hematologista e Coordenador da Unidade de Transplante de Medula do HC.
De agora em diante, Castro não receberá mais medicação e passará por acompanhamento. De acordo com Cunha, inicialmente, o paciente deverá estar presente em Ribeirão Preto há cada 15 dias, mas, a partir do segundo ano, ele poderá retornar a cada três ou quatro meses.
Além dele, já existem outras pessoas à espera do tratamento e, em breve, um novo paciente será apresentado.
Fotos: João Camargo | Divulgação USP
