Dezembro laranja

Dezembro laranja

Campanha alerta para prevenção do câncer de pele, enfatizando a importância de cuidados básicos, como o uso diário de protetor solar

O Verão está chegando. Mesmo em um país como o Brasil, em que o sol se faz presente praticamente o ano inteiro, a estação mais quente do ano traz consigo algumas preocupações relacionadas à saúde. Umas delas é o potencial risco de desenvolvimento do câncer de pele.

 

De acordo com a nova estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados 704 mil novos casos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025. Ainda segundo dados do Instituto, somente no Estado de São Paulo, são esperados mais de 56 mil casos da doença por ano, com incidência maior entre as mulheres. Ribeirão Preto, um dos municípios mais quentes do Estado, tem que estar alerta.

 

“Nossa cidade registra altas temperaturas durante o ano todo, mas, nessa época, em especial, em que as pessoas tendem a se expor mais ao sol, é preciso redobrar os cuidados. A exposição solar a longo prazo, em horários inadequados e sem a proteção devida, pode causar o desenvolvimento do câncer de pele”, comenta Cristiane Mendes, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto. 


Com o objetivo de conscientizar a população sobre os riscos, desde 2014, a Sociedade Brasileira de Dermatologia promove, neste mês, a campanha Dezembro Laranja. “A campanha ‘Dezembro Laranja’ foi criada com o objetivo de prevenir e diagnosticar precocemente o câncer de pele, de maneira semelhante ao que fazemos no ‘Outubro Rosa’ para o câncer de mama. A ação se justifica, não só porque se trata de uma doença muito comum, mas também porque mesmo as formas mais agressivas podem ser curadas quando identificadas nos estágios iniciais”, pontua o oncologista do Centro de Tratamento Oncológico – CTO, Guilherme Urano.

 

Tipos de câncer de pele


A grosso modo, o câncer de pele é um crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Porém, nem todos os cânceres de pele são iguais. O tipo não-melanoma, mais frequente, representa 94% do total dos casos e possui os subtipos basocelular e o espinocelular, lesões relacionadas à exposição crônica ao sol, sendo mais comum em pessoas com mais de 50 anos e de pele e olhos claros.

“As chances de cura são de mais de 90% quando a detecção da doença é precoce. O tratamento é a remoção cirúrgica para a maioria dos casos. Os tipos escamosos são um pouco mais rebeldes que os de células basais, e podem reaparecer na região inicial, ou em um local mais distante, e necessitar de novas cirurgias ou mesmo de outras modalidades de tratamento, como a radioterapia”, explica Dr. Guilherme. 


Já o tipo melanoma é menos frequente, porém, potencialmente mais grave, uma vez que células malignas podem se espalhar para gânglios ou órgãos à distância, formando as chamadas metástases. Geralmente, surge como uma lesão mais pigmentada, marrom, preta ou uma “pinta” que passa a crescer e que pode até mudar de cor ou apresentar sangramento, além de não cicatriza sozinha.

 

“A neoplasia costuma se apresentar através de lesões que coçam, ardem, descamam, sangram ou até feridas que não cicatrizam após quatro semanas. Diante de quadros como esses, é fundamental procurar avaliação médica”, enfatiza Dra. Cristiane.


Segundo Dr. Guilherme, assim como os carcinomas de células basais e escamosas, o melanoma, em estágios iniciais, pode ser removido cirurgicamente e curado. Contudo, as cirurgias são mais extensas e mais complexas, sendo necessária a retirada de uma área maior da pele e a avaliação cirúrgica dos nódulos linfáticos para garantir a eliminação completa do tumor.

 

Além disso, um crescimento mínimo, de alguns poucos milímetros na profundidade da pele aumenta drasticamente o risco de que a doença se espalhe para outras partes do corpo. Fígado, pulmões e o cérebro são os órgãos acometidos com mais frequência. 


Esses pacientes, em que a doença atingiu outros órgãos ou, ainda, que não pode ser removida por completo através de cirurgia, podem se beneficiar dos mais recentes avanços no tratamento do câncer. “Em 2011, o melanoma foi o primeiro tipo de tumor a comprovar a eficácia da imunoterapia – um tratamento que ativa a capacidade do próprio sistema de defesa do paciente para reconhecer e destruir as células tumorais.

 

Outra classe de medicamentos, que age bloqueando a proliferação das células tumorais, também se mostrou ativa contra a doença. São as chamadas drogas-alvo. Apesar desses avanços, essas medicações ainda não conseguem levar todos os pacientes à cura, e o custo elevadíssimo é um desafio para os sistemas de saúde em todo o mundo”, conclui o oncologista. 

 

Prevenção é o melhor caminho

 

Dentro do contexto da campanha Dezembro Laranja, de prevenção, Dra. Cristiane ressalta a importância do uso do filtro solar.

 

“É preciso que a população se conscientize da necessidade do uso de filtro solar a partir de 30 minutos antes de sair de casa, com fator mínimo de proteção 30 e, reforçar sua aplicação durante o dia. Além disso, deve-se evitar exposição prolongada ao sol entre às 10h e 16h. Proteger os lábios com filtro solar apropriado e fazer o uso de proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas também é importante”, orienta.


Foto: Freepik

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